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Antes de sair de casa, todos os dias Haru dá mais uma olhada em seus materiais para ter uma noção se faltava algo para levar ou não, enquanto ele coloca todos os materiais novamente de volta a bolsa um caderno lhe chama a atenção, e logo o humano percebe que é o caderno do vampiro exilado. Segurando o caderno com a mão esquerda, Haru passa a ponta dos dedos na capa do caderno.
Havia se passado quase uma semana completa desde quando Haru encontrou o caderno do vampiro, desde quando ele teve a conversa fatídica com seus melhores amigos. Tentando não pensar muito, Haru guarda o caderno dentro de sua mochila e termina de conferir todos os materiais. Ele pega sua mochila e saí de seu quarto encontrando Lee que parece surpreso por ver a presença do humano ali.
- Olá, eu achei que você já havia ido para a faculdade. - Lee comenta de forma baixa, tão baixa que parecia que ele estava contando um segredo para Haru.
- oh, bem, eu estou indo mesmo... - Haru responde sem olhar nos olhos de seu melhor amigo.
- Hm, é... pois é... - Lee parecia perdido sem saber como puxar um assunto com seu melhor amigo, parecia até mesmo que eles nunca haviam se conhecido, era como estar conversando com um desconhecido que você encontrou em um aplicativo de relacionamento. - Nós... eu e o James vamos almoçar na uni, você quer ir com a gente? - Perguntou e Haru assentiu.
- Sim, eu vou... me mandem uma mensagem, agora eu tenho que ir. - Respondeu enquanto dava as costas, o humano se apressou para sair de casa, ele gostaria de chegar na universidade o mais rápido possível.
Mesmo que Haru tenha optado por sair de casa mais cedo para chegar teoricamente mais cedo na universidade, o humano acabou se distraindo no meio do caminho ao encontrar um petshop. Ao se tocar que ele estava perdendo tempo, ele passa a caminhar o mais rápido possível para a faculdade, ao chegar no local, ele percebe que as aulas já haviam começado pelo fato que o fluxo de alunos estava muito menor do que o comum, então o humano trata de caminhar diretamente para a sala que acontece sua aula.
Ao entrar na sala ele viu seu professor dríade que parecia explicar algo sobre a filosofia na educação e sociedade, ele não entendeu muito bem sobre o assunto, já que pegou pela metade. O humano suspirou de alivio quando percebeu que as cadeiras da frente estava quase que totalmente vazias, ele realmente preferia sentar na frente, pois, assim ele sentia que poderia se concentrar melhor. Mas dessa vez sua cabeça parecia estar a mil, ele não estava conseguindo se concentrar, principalmente quando ele ouviu vozes baixas e olhou para trás.
Ele viu diversas criaturas sobrenaturais rindo e cochichando algo, como verdadeiros colegiais, mas sua atenção foi capturada pelo homem de pele pálida que parecia estar se afundando cada vez mais em sua cadeira. Dava para perceber claramente que ele não queria estar passando por aquilo, que ele apenas queria estar tendo uma vida normal como qualquer outro ser sobrenatural, ou até mesmo como humanos.
- Muitas empresas capitalistas usam dessas criticas sociais e destroem obras que criticaram elas, como... - O professor suspira quando ele perde sua linha de raciocínio por conta da bagunça dos alunos. O sobrenatural se vira lentamente e olha para o grupo que estava bagunçando. - Senhoras e senhores, "galera do fundão", vocês tem uma resposta para isso? - O dríade pergunta com ironia em sua voz, percebendo que agora os alunos faziam silencio.
- Qual era a pergunta? - O líder do grupo pergunta envergonhado por ter tido toda a atenção de repente em cima do mesmo.
- Estava falando sobre obras que empresas capitalistas simplesmente destruíram. E em suas histórias originais é totalmente o contrário, você tem minimamente um exemplo disso? - O dríade questiona com uma sobrancelha erguida, vendo o grupo ficar em total silêncio. Ele dá um sorriso pequeno quando vê o vampiro levantar a mão para responder. - Sim, Senhor June? - Lhe dá a palavra.
- Ahm... Lorax... o filme Lorax é um exemplo disso. - Respondeu envergonhado.
- Pela lua, fique quieto seu sangue suga. - O líder do grupinho anterior exclama rindo, ao pensar que o homem estava errado. - Você só fala merda, igual qualquer um de sua raça. Seu tipo é nojento! Sentar na aula bebendo uma garrafa térmica de sangue como se fosse normal. - Atacou o vampiro gratuitamente, June se manteve em silêncio, tentando manter sua paciência. - Vamos, responda vampiro sangue suga! - Exigiu batendo o pé nas costas da cadeira de June.
- Não é sangue, seu idiota, é café gelado! - O respondeu, e o professor interrompeu aquela discussão infantil.
- Já chega! Eu não quero mais aturar vocês disseminando seus preconceito e ódio aqui, parece que eu estou dando aula para crianças, e não para adultos! - O dríade perde a paciência. - E senhor June você está certo, Felix e companhia eu quero vocês quietos em minhas aulas. - O homem suspira. - Alguém aqui tem ideia porque o Senhor June está certo? - O silêncio se instalou na sala, após alguns segundos Haru levantou a mão lentamente. - Sim, Senhor Haru? - Lhe passou a palavra com um sorriso nos lábios.
- Lorax trouxe em sua essência uma grande crítica social? A resposta é não. Por mais que no livro "The Lorax" de Dr. Seuss, a crítica tenha sido bem aclamada, e construída de forma concreta, o filme de animação infantil da Illumination que tem a temática do desmatamento, se perde em sua essência, fazendo o problema ambiental é esquecido em quase 80% do filme, já que o personagem principal faz tudo para apenas conquistar a garota que ele gosta. - Haru buscou explicar da melhor forma e sem ocupar muito tempo. -No livro de Dr. Seuss, é retratado a consciência ambiental, Once-ler, a personagem principal, tem um complexo consumista, e destrutivo, quanto mais ele consome, mais ele destrói. No livro a história é contada através de rimas. Mas a voz a qual soa essas rimas não é tão calma ou suave assim. Ele vai consumindo cada vez mais, destruindo, e poluindo cada vez mais, ele mostra como ele é ruim por ser ganancioso, e mesmo assim continua sendo. Os animais morrem por conta do desmatamento, Lorax nunca mais volta, a ganância ser o pior defeito do ser humano. O livro é fantástico e mostra como o desmatamento acaba com o planeta, demonstra também como a produção excessiva do capitalismo selvagem simplesmente acaba com o mundo, em um ponto que não tem volta. No livro, Once-ler não se questiona se ele é mal, ele tem certeza, e mesmo assim continua fazendo o mesmo que as grandes empresas no mundo real, ele continua destruindo e sabendo o mal que está fazendo, mas a única coisa que importa é o lucro. A famosa "oferta e demanda". O livro é incrível, e não tem um final bom, ele mostra o final que estamos caminhando para ter. - O humano não percebeu como o vampiro lhe olhava com afinco. - Imagina escrever uma história perfeita como essa, com ideias incríveis e conscientes. Agora, pega esse papel, amassa e joga no lixo, é isso que a illumination fez, retratando um assunto tão sério e focado apenas em um romance de um pré adolescente, afinal, se ela criticasse como Dr. Seuss fez em seu livro, ela estaria se autocriticando. Uma empresa capitalista não precisa disso. - termina seu raciocínio e o professor faz um "positivo" com o polegar para o aluno.
- é exatamente isso que eu queria que vocês enxergassem. - Antes que o professor pudesse terminar. - Bom, eu vou passar um trabalho em grupo. - Um uníssono de alunos reclamando é ouvida, e o professor continua se mantendo com um um sorriso. - Que ótimo que vocês estão ouvindo! Os grupos eu que irem distribuir, serão duplas, e não pode fazer sozinho. - O professor continua falando e Haru espera ansiosamente seu nome ser chamado, mas então o professor chega no nome do June e seu parceiro. Seu parceiro seria Felix, o mesmo sobrenatural que zombava do vampiro a tempos atrás.
- Professor, não posso trabalhar com ele! Eu sou um lobisomem! Ele poderia me matar! - Felix comenta desesperado e todos percebem o cara choraminga. Haru observa June lentamente ficar vermelho, afundando em seu assento ainda mais do que antes.
- Então, senhor Felix, teoricamente qualquer coisa poderia matá-lo. Você poderia engasgar com uma uva e morrer. Você poderia andar lá fora e um piano poderia cair comicamente em sua cabeça. Você poderia tropeçar em um degrau rangente e cair no chão. Senhor June ter a habilidade de "matar você" não é uma desculpa boa o suficiente para discriminação desenfreada na minha classe. - O professor argumenta sem se importar com o aluno agindo como uma criança. Mas Felix não está desistindo.
- Ele é literalmente venenoso para mim! E se ele ficar com fome enquanto trabalhamos no projeto e decidir me morder?! Eu me recuso a trabalhar com ele! - Exclama de forma desesperada, e o professor suspira.
Neste ponto, outros estudantes se juntaram à luta para apoiar Felix, incluindo o ogro babaca sentado ao lado de June. Cada um grita algo mais ofensivo que o anterior, falando sobre o quão perigoso June é, o quão mortal ele é, como "Ele deveria trabalhar sozinho Professor! Ele é uma ameaça para todos aqui!"
Eventualmente, o professor fica farto.
- "Silêncio! -Ele grita. - Agora, é incrivelmente decepcionante o quão discriminatório tantos de vocês se mostraram. Não houve um único homicídio causado por vampiros em Seul desde 1963. Todos vocês precisam se educar, talvez fazer um curso de Direitos Sobrenaturais no próximo semestre. Senhor Felix, se você se recusar a trabalhar com o senhor June, não posso forçá-lo. Mas eu posso reprovar você. - Ele termina, iniciando outra rodada de protesto do menino.
No meio disso, June levanta a mão,
- Professor, vou trabalhar sozinho. Está bem. Eu não me importo. - ele anuncia baixinho, cantos de sua boca puxando para baixo em torno de uma carranca que ele está claramente tentando lutar contra.
O professor suspira negando.
- Não, senhor Min, não está tudo bem. Eu... - Ele para, suspirando novamente. Seus ombros caem, a guerra mental do ancião escrita em todo o seu rosto. É óbvio que o professor deles não quer deixar Felix vencer, mas também não quer fazer June suportar mais palavras ou acusações horríveis. Não há realmente nenhuma vitória aqui, e o homem sabe disso.
Ver o quão abatido o vampiro parece mais pensar nos eventos de quase uma semana atrás, e as letras que ele leu, tudo faz Haru entrar em ação. Sem mais um momento de hesitação, ele ergue a mão bem alto e faz contato visual direto com o velho cansado.
- Sim, senhor Haru? - Seu professor não lhe chama de forma gentil como antes. Haru não o culpa, esta é apenas a segunda aula deles juntos e ele sempre foi um pouco tímido para participar. O homem definitivamente saberá seu nome depois disso.
- Eu vou trabalhar com June-ssi. - Ele declara, ouvindo os suspiros e tagarelando ao seu redor. Ele ouve alguém atrás dele sussurrar "Ele é louco" para o amigo. "Certo? Ele é um humano também, bastardo louco. Eu posso sentir o cheiro dele em cima dele." os amigos respondem. O que... tudo bem. Faz com que ele se sinta um pouco constrangido se ele estiver sendo honesto aqui, mas ele vai ignorá-lo por enquanto.