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𝗥𝗲𝗯𝗲𝗸𝗮𝗵 𝗪𝗿𝗶𝗴𝗵𝘁
Durante nosso percurso pela casa, Ellysson me contou algumas coisas as quais eu não prestei muita atenção. A música alta que invadia minha cabeça com agressividade foi um dos motivos para que eu não ouvisse suas palavras. Depois de um tempo em frente a uma mesa com bebidas ela despediu-se dizendo que iria voltar para ficar com as meninas.
Ela se infiltrou no meio daqueles adolescentes bêbados, sumindo de minha vista. Mantive meu olhar na mesma direção por alguns segundos, buscando motivos para ir atrás dele. Sabia muito bem o que estava acontecendo, por isso uma parte sádica que existia em mim dizia para deixá-lo para lá e ir aproveitar a noite, contudo, também existia uma que me aconselhava o oposto e era essa que eu insistia seguir em todas as vezes. Passei meus dedos por entremeio meu couro cabeludo, jogando meus fios para trás.
Olhei envolta com muita atenção na esperança de achá-lo sem colocar esforços. Examinei até mesmo o lugar menos improvável. Onde será que aquele imbecil se meteu? Impossível. Passei com dificuldade no meio daquelas pessoas com cheiros desagradáveis que acabara impregnado nas minhas roupas. Limpei as mãos em minha blusa deixando claro em meu rosto o quanto estava enojada.
- Bekah!
Sentir uma mão grande segurar suavemente em minhas costas, me puxando levemente para trás na tentativa de fazer-me cessar passos futuros. Esperei a pessoa mostrar-se.
- James está morrendo lá no banheiro! - O loiro ficou em minha frente, Kev... Kev Winter. - misturou bebida com energético de novo! - Diz ajeitando seu cabelo levemente ondulado para o lado.
- Eu não acredito nisso! - Cruzei os braços sobre o peito, podendo sentir meus batimentos cardíacos já acelerados. - No seu quarto? - olhei para trás.
- Sim... Porta branca! - agasalhou as mãos nos bolsos de sua bermuda sarja. - Eu avisei, mas ele é teimoso... pensa que tem fígado blindado!
Neguei com a cabeça. - Um verdadeiro idiota! - peguei um pouco de ar na tentativa de acalmar a onda de medo que corria por todo meu corpo. - Eu vou lá... Obrigada! - acenei virando-me.
Antes de fazer alguma coisa perigosa precisamos pensar bastante, mesmo que pareça algo bobo. Pequenas escolhas, grandes consequências.
Subir os degraus correndo. Como a casa de Kev não era grande acreditei que seria fácil de encontrar seu quarto, mas chegando lá em cima fui traída dolorosamente por minhas expectativas... Todas as poucas malditas portas eram de coloração clara. Encostei minhas costas na parede álgida, praguejando o loiro mentalmente. Pessoas felizes ao extremo passavam em minha frente, me lançava olhares curiosos, mas não paravam e eu agradecia.
Passando a mão na parede caminhei até a primeira porta, torcendo para ser aquela. Girei a maçaneta com cautela e estava aberta. Apertei meus lábios enquanto empurrava o pedaço de madeira alvo - James? - Disse colocando-me para dentro. Por sorte a cama encontrava-se vazia; seria muito constrangedor pegar duas pessoas transando. - Amor?
Escutei o barulho da descarga e logo em seguida a voz do meu namorado subir no ar. - Estou aqui! - o tom de sua voz tremida deixava explícito o quanto estava mal. Seus gemidos de dor corriam pelo cômodo com cheiro de queijo e mofo.
Soltei o ar dos pulmões de forma suave para afastar minha vontade de matá-lo. Passei uma mecha de cabelo para trás da orelha antes de iniciar uma curta caminhada até o banheiro. Passei pelo batente dando de cara com James jogado em frente ao vaso sanitário; o lugar descendia um odor forte de xixi de bêbado, aqueles que fazem doer o nariz. - Que lindo! - cruzei os braços com desaprovação.
- Estou sentindo que dessa vez a filha da puta da morte quer me levar! - fez força para rir. - Mas eu não vou deixar! - jogou o corpo para trás.
Ele estava sem sapatos e sem sua camisa, apenas uma calça jeans restava em seu corpo. Seus lábios encontravam-se sem cor, assim como as palmas de suas mãos.
- Eu deveria deixar você arcar com as consequências de suas escolhas! - Disse encurtando o espaço que nos separava - me abaixei pegando sua mão que encontrava-se gélida. A temperatura de todo seu corpo estava baixa, era como se ele estivesse em um lugar congelante, contudo, a temperatura do apartamento estava ideal. - Ainda vai vomitar? - Perguntei penteado seu cabelo para trás.
- N-não... - Diz em meio a gemidos dolorosos.
- Tem certeza? - Limpei o canto de sua boca com o meu dedo polegar.
- A única certeza que eu tenho é que eu te amo! - Me olhou sorrindo torto. - Eu te amo pra caralho! - Ajeitou sua postura torta com dificuldade. Sua mão estremecida tocou em meu rosto de um jeito suave. - Você é o amor da minha vida!
Um sorriso tímido desenhou meus lábios. Toda vez que ele fica nessas condições meu coração aperta com medo de acontecer algo ruim; eu o amo mais que tudo e não consigo imaginar minha vida sem James fazendo parte dela. Somos apenas adolescentes estúpidos fazendo besteiras que achamos inofensivas.
- O que aconteceu? - Perguntei abaixando o tom de voz.
A vida dele parece tão perfeita e todos insistem em dizer isso quando conhece a incrível família Sedgwick - a família mais unida e divertida de Scarfield, contudo, ninguém sabe o que acontece quando as cortinas se fecham. Kev e eu somos as únicas pessoas que James confia o suficiente para dizer tudo que acontece no backstage.
- Vem aqui... Eu só preciso de um abraço seu! - Sua mão desceu até meu pulso, agarrando-o e puxando-o para mais perto.
Aconcheguei minha cabeça em seu peito, sentindo o ar entrando e saindo de seus pulmões de um jeito franzino. Uma lágrima esgueirou-se de meu olho sem que eu pudesse evitar.
- Me desculpa, ok? - Diz passando seu braço em volta do meu ombro. Seus lábios tocaram o alto de minha testa de forma carinhosa.
- Vamos, vou te levar para cama! - o olhei. - Você precisa descansar! - afastei nossos corpos.
Parece mentira ou impossível, mas estamos juntos há quase sete anos. Algumas pessoas dizem que os três primeiros anos não tem validade porque éramos apenas crianças e criança não namora de verdade, mas a gente não se importa. James é meu guarda chuva. A alguns anos prometi para mim mesma que iria segurá-lo em suas quedas e é isso que venho fazendo.
- Vamos! - respirou fundo. - me desculpa mesmo! - tentou levantar sozinho, mas acabou levando um tombo. - Caralho! - exclamou em meio de risadas.
- Amor! - Arregalei meus olhos quando seu corpo chocou contra o azulejo. - Você se machucou? - me curvei em cima dele para poder ver seu rosto.
- Estou... amanhã eu vou saber.
Segurei em seu braço. - Eu te ajudo. - Disse com o tom de voz baixa. Trabalhamos juntos para deixá-lo em pé e com muita dificuldade conseguimos. - Amanhã a gente conversa! - Ele envolveu meu ombro com seu braço e eu segurei firme em sua cintura.
- Estou encrencado? - Perguntou rindo pelo nariz.
- Você não imagina o quanto! - Ajudei a sentar no colchão. - Você vai dormir aqui hoje!
Me posicionei em sua frente. Meus olhos percorreram por seu peitoral desnudo. Sentir suas mãos grandes encaixarem na curvatura de minhas cintura, me puxando para mais perto; seus braços me envolveram em um abraço apertado. Molhei a garganta o observando por cima do queixo.
- Eu sei que te decepcionei novamente, mas por favor... - sua voz saiu baixa, como um sussurro. - Não desista de mim. - ergueu a cabeça para me olhar.
Seus olhos avelã caídos queimaram os meus. - Nunca! - Digo segurando seu rosto com minhas mãos. - Eu também te amo!
- Pode ir se divertir, eu posso ficar aqui sozinho!
Olhei para a porta aberta. - Vou ficar até você dormir! - beijei seu couro cabeludo. - Seu cabelo está fedendo. - Avisei rindo, mas ele não ouviu.
James esboçou seu amplo sorriso depois de alguns minutos calado. - Obrigada! - sussurrou
- Sempre estarei aqui para você. - Murmurei passando a olhá-lo novamente.
Ele fitou por um curto intervalo o outro lado do lugar e então sua expressão feliz mudou para o oposto do que demonstrava sentir a alguns segundos atrás. O escutei engolir em seco, evitando chorar. - Meus pais vão se divorciar, mas para o bem dos filhos vão continuar dividindo a mesma casa! - jogou-se contra o colchão, fechando o rosto com suas duas mãos. - Austrália ainda não sabe dessa merda... vão fazer a porra de um teatro de casal feliz quando ela estiver por perto e me obrigaram a participar dessa palhaçada! - gargalhou com amargura.
- Vou fechar a porta para a gente conversar melhor! - Digo apertando meu lábio inferior.