Capítulo 7 Uma pessoa muito doce

Essa foi a última gota, Spencer forçou a barra! Sarah logo percebeu que tentar argumentar com este homem era uma tarefa infrutífera. Como ela não estava mais a fim de discutir, decidiu simplesmente dar um gelo nele.

Spencer, no entanto, rapidamente percebeu o aborrecimento em sua expressão. Ela apenas abaixou o olhar, voltando a revisar os documentos em suas mãos. Então, ele juntou as mãos perto do rosto, como se pedisse desculpas. Com uma expressão desinteressada, ele ergueu ligeiramente a ponta do nariz e lançou à mulher um olhar bajulante. De repente, ele puxou do bolso uma barra de chocolate. Era daquelas cem por cento de cacau e lentamente a colocou à sua frente, num movimento dramático. "Eu Sinto muito, senhorita Sarah", disse ele.

Toda vez que ele a irritava, dava um chocolate para agradá-la. Como se ela fosse uma garotinha que se deixaria conquistar com doces!

Sarah ficou perplexa com a atitude do homem. Como se ele acreditasse que um chocolate anulasse seu comportamento desprezível. "Isso é sério? Ele realmente acreditou que poderia aplacar minha raiva com um chocolate?" ela pensou.

Então, ela ergueu uma sobrancelha e torcendo sua expressão, disse: "Senhor Spencer, quantos desses chocolates você carrega no bolso? Você vai precisar de muito mais do que isso para me impedir de ficar com raiva de você. Vai sair caro."

Antes que o homem pudesse pensar em uma resposta, ela prosseguiu: "Senhor Spencer, volte para o seu escritório e descanse um pouco. Não está cansado de ir e vir ao meu escritório o dia todo? E como você pode ver, eu tenho muito trabalho para pôr em dia, então dificilmente voltarei para casa esta noite."

Quando ele percebeu o vacilar no tom de sua voz, a culpa tomou conta da mente de Spencer e ele não pôde evitar sentir remorso pelo que fez. Portanto, em vez de responder com outro comentário sarcástico, ele simplesmente disse: "Tudo bem. Vou deixá-la em paz por enquanto. Mas não se preocupe. Eu posso levá-la para casa esta noite, se necessário!"

No final, Sarah apenas acenou com a cabeça em resposta.

Nesse meio tempo, James tentou ligar para Sarah várias e várias vezes. Mas todos os seus esforços foram em vão, já que ela havia ativado o modo silencioso em seu celular e o deixado de lado, para se concentrar.

James estava em seu escritório, em frente às janelas duplas, cujas persianas deixavam entrar a luz do sol. Ele segurava o celular na mão, esperando que ela atendesse sua ligação. Era óbvio que a mulher o evitava de propósito, mas talvez essa indiferença fria fosse o que a tornava tão especial aos olhos dele.

Além disso, ele sabia jogar esse jogo e se ela quisesse continuar se fazendo de difícil, ele não se importava de entrar nessa também.

Naquele momento, ele decidiu ligar para outro número. "Oi, querido", uma voz feminina ecoou do outro lado da linha.

"Mãe, pode me ajudar a encontrar o endereço comercial de Sarah, por favor?", disse ele.

Assim que Tina ouviu o filho perguntar sobre o endereço da moça, ela concordou em ajudá-lo sem hesitar.

Depois de um momento, James conseguiu o endereço e sorriu sozinho em seu escritório. Para ele, quanto mais difícil fosse a batalha, maior seria sua atração por aquela pessoa. As jornadas mais difíceis são as mais recompensadoras!

Sarah era o exemplo perfeito de uma pessoa viciada em trabalho, concentrando de boa vontade toda a sua atenção nisso para se manter ocupada. Felizmente, Spencer foi atencioso o suficiente para trazer o jantar em seu escritório. Inclusive, ele não foi embora até comprovar que ela terminou de comer tudo que ele trouxe.

Quando ela terminou o trabalho, já era cerca de nove e meia da noite. Finalmente, ela se levantou e abriu os braços para se esticar, feliz por terminar tudo. Mas, ao se virar, ficou surpresa ao ver que o homem estava encostado na porta, olhando para ela. Aparentemente, ele não tinha saído depois do jantar. "Nossa! Há quanto tempo você está parado aí? Está tentando me causar um ataque cardíaco?", ela perguntou em um tom de ironia.

Spencer permaneceu em silêncio, olhando em seus olhos. E então, se aproximou lentamente com os braços cruzados sobre o peito. "Eu não disse que iria levá-la para casa? Não me diga que você já se esqueceu?", respondeu.

Com um meio sorriso no rosto, Sarah tocou sua bochecha com o indicador e pensou. Até que se lembrou que ele havia mencionado isso hoje. E ela apenas concordou, para que ele saísse de seu escritório. Mas ela nunca imaginou que ele esperaria por ela até tão tarde.

"Tá bom, senhor Spencer, aceito sua carona!", ela disse, sem mais. Não parecia nada inapropriado, já que não era a primeira vez que ele a levava do trabalho para casa. Até porque ela tinha o costume de ficar até tarde para terminar tudo.

Ela arrumou todas as suas coisas na bolsa e saiu da sala. Mas antes de fechar a porta, ela rapidamente examinou sua sala e de repente voltou para sua mesa. Ela pegou o chocolate que ele lhe dera mais cedo, abriu a embalagem e levou-o à boca.

Seu espírito alegre e infantil fez Spencer olhar para ela, com um sorriso. Sarah era dois anos mais velha que ele, mas ele se sentia mais maduro do que ela. Talvez tenha sido essa adorável pureza e inocência que fazia com que as pessoas ao seu redor quisessem protegê-la. A grande maioria no escritório tinha apenas uma concepção profissional dela e talvez por isso a olhassem de forma diferente. No entanto, Spencer sabia que por trás daquele exterior frio, havia uma pessoa muito doce e carinhosa. Na verdade, para ele, ela era tão sensível e gentil quanto qualquer outra mulher.