Durante a manhã,atendemos bastante clientes,mas um especificamente me chamou a atenção.
Era um homem alto,com postura,bem vestido,tinha cara de ser gente importante,pois só em atendê-lo pude ver sua educação rapidamente.Mas acima de tudo era que nunca o tinha visto na loja ou na cidade antes,possivelmente era novo por aqui,ou estava apenas de passagem.
Pediu alguns acessórios para o concerto de uma pia,mas pensava...para que comprar isso,se não tem cara de quem vai consertar uma pia.Mas claro não perdi a chance de olhar suas mãos.Eram grandes,mas principalmente não tinha aliança e nem Marka de uma.
Olhei para ele,encontrando diretamente com seus olhos azuis,e perguntei,enquanto pegava o cartão para passar na maquininha.
-Novo na cidade.
-Na verdade estou de passagem,depois de muito tempo.-Respondeu educadamente.
-Então seja bem vindo de volta a Yukon.-Disse o entregando uma sacola com seus pedidos e seu cartão.
Ele agradeceu depois de sorrir,e virou -se rumo à saída.
Peguei o extrato do cartão de crédito que havia acabado de passar e olhei seu nome M.Stenson.
Não sei por que este sobrenome não me era estranho, mas antes que ficasse lembrando escutei meu pai dizendo.
-Rose Clary,preciso que leve uma encomenda a loja do Raide,ele está com uma certa urgência.-Se aproximou pedindo.
-Pai não me chame assim,os clientes podem escutar.-Disse protestando.
-E como te chamo se este é seu nome.-Respondeu já sabendo da resposta.
-Rose. Só Rose.
-Ele sorriu,e me entregou as sacolas.
-Kevin,não pode levar.-Perguntei tentando me safar.
-No momento está bem ocupado,conferindo a mercadoria que chegou,é coisa rápida então se apresse antes que ele ligue novamente.
Então guardei o papel que estava olhando no caixa e sai com as sacolas.
A loja do Raide ficava do outro lado da rua,alguns metros a frente,ele vendia artefatos rústicos feitos por ele mesmo,e com certeza o que havia comprado era para alguma de suas peças.
Atravessei a rua tranquilamente,e tudo parecia normal,mas de repente escutei um barulho brusco de carro vindo atrás de mim,foi questão de segundos para perceber o que estava acontecendo.
Tinha acabado de ser atingida por um carro desgovernado,que no instante depois me lançou metros a frente, me rodopiando no ar até que senti o impacto do meu corpo sendo jogado no chão.
Sentia que naquele momento daria meu último suspiro,mas antes que isso acontecesse, meus olhos puderam ver um último rosto,e para minha sorte era lindo,pelo menos pude morrer amparada por um anjo.
Alguns dias depois.....
Hospital de Yukon.
Ela está acordando.-Dizia uma voz ainda longe.
-Bem vinda de volta Rose Clary,está tudo bem,só precisa descansar que logo voltará para casa.-Dizia um médico me orientando.
Ainda sentia meu corpo dolorido,mas pelo visto o acidente não tinha sido tão sério quanto pensava,pois se estava escutando alguém,significava que estava viva e aparentemente inteira.
Em seguida adormeci de novo e assim que acordei novamente meus pais estavam ao meu lado.
-Rose que bom que acordou,estávamos ansiosos.-Disse minha mãe pegando minha mão.
-Bem para me chamar de Rose,com certeza deveria estar mesmo.-Falei a provocando.
-E você,já está recuperada,pois já está fazendo gracinhas.-Disse me advertindo.
-Grace, dê uma folga a ela,que bom que está tudo bem filha.-Disse meu pai segurando a outra mão.
-Então por quanto tempo estava apagada.-Perguntei tentando colocar as idéias em ordem.
-Há três dias,e apesar do impacto,não sofreu danos graves.-Respondeu meu pai.
-Que bom,assim posso ir para a faculdade,como estava planejando.
-Mas agora tem que pensar em apenas se recuperar e voltar para casa logo.-Disse minha mãe.
-Só por curiosidade,quem me trouxe para o hospital.-Perguntei, me lembrando vagamente do rosto de um homem.
-Um rapaz que estava perto de você,quando tudo aconteceu,ele esteve aqui durante estes dias em que ficou desacordada,ficou bem preocupado com sua saúde.Ele tem sido muito gentil e atencioso,possivelmente deve aparecer por aqui mais tarde.-Respondeu meu pai.
-Quero agradecer,por ter me ajudado.-Disse ainda com uma voz lenta e baixa.
-Também acho que deveria,pois se não tivesse te socorrido rapidamente,com certeza poderia ter acontecido algo pior.Mas agora descansa e se tudo ocorrer bem depois de amanhã poderá ir para casa.-Disse minha mãe animada.
Pouco tempo depois se despediram me deixando sozinha no quarto.
Liguei a tv e assistia um filme, que passava,quando alguém bateu à porta.
-Pode entrar.-Respondi tentando me ajeitar naquela cama super desconfortável do hospital.
-Com licença,prazer meu nome é Mark,o cara que te trouxe para cá.-Disse se apresentando.
-Oi,o prazer é meu em te conhecer,assim posso agradecer pessoalmente por ter me ajudado.
-Não tem por que agradecer,fiz o que qualquer um deveria ter feito.
-Mas foi você quem fez então,obrigado.-Disse insistindo.
-E aí,pronta para voltar para casa,soube que voltará para casa logo.-Perguntou com um leve sorriso.
-Põe pronta nisso,não vejo a hora de deitar na minha cama.-Disse retribuindo o sorriso.
Então senti um desconforto nas costas e tentei me ajeitar,quando ele logo percebeu.
-Precisa de ajuda.
-O que!-Disse confusa.
-Com o travesseiro.-Falou já se aproximando e ajeitando o travesseiro em minhas costas.
Ao vê-lo se aproximar,reparei que tinha olhos azuis que no momento estavam disfarçados pela claridade da luz.
Depois de ter me ajudado,se afastou dizendo.
-Bem,acho que agora posso ficar tranquilo e ir embora sabendo que está bem.
-Não,sim,quero dizer ficarei bem.-Falei meio atrapalhada.
Ele sorriu,e virou indo rumo a porta,mas antes que saísse o chamei.
-Mark. Gostaria de sair comigo algum dia desses.-Perguntei aproveitando a oportunidade.
-Adoraria.-Respondeu educadamente.
E depois de trocarmos o número dos telefones ele foi embora me deixando novamente sozinha.