Capítulo 2 Sangue Amaldiçoado

O regresso dos dois vampiros seria mais lento, a humana não lhes acompanhava o passo normal, muito menos em velocidade de vampiro.

Então a viagem durou 10 dias. Por causa da menina foram necessárias muitas paragens para descanso e para ela comer e eventualmente os vampiros tiveram também que se alimentar. No nono dia ela acordou com febre alta. Elias, não sendo curandeiro, mas sendo um feiticeiro com pelo menos mil anos prestou os primeiros socorros e rapidamente percebeu o problema. Aquela menina tinha um poder ancestral imensurável, o que justificava os seus olhos, mas a falta de uma ligação afetiva de segurança, um coração ferido e nunca a terem ensinado sobre o seu poder e a usa lo, fragilizavam- na. Além de que o seu corpo era muito frágil para o seu poder, o problema do corpo ficará resolvido quando se transformar em vampira. Tornando se companheira de Valkir esse será o seu destino. E terá que aprender a usar o seu poder. Mas aquele coração ferido, só o tempo o dirá. Mas duas almas solitárias, será que se conseguirão curar juntas?

Se tiver talento e se conseguir curar, será uma vampira feiticeira muito poderosa, até talvez com o tempo se torne mais poderosa que qualquer um neste mundo. Talvez se tornem no casal mais poderoso deste mundo.

Nenhum falou na viagem,Valkir após o Elias ter prestado os primeiros socorros tomou com todo o cuidado Lexia ao colo. Elias observava estupefacto o cuidado e carinho com que ele a tratava, como se ela ao mínimo discuido se fosse partir em cacos.

Quando esta adormeceu correram em velocidade vampiro até ao castelo Murkar.

Valkir e Elias pertenciam á família Murkar, uma das famílias mais ricas e antigas e por isso também mais poderosas.

Ao chegarem a irmã de ambos, a Felia, uma vampira curandeira , já os esperava.

Ela não é vidente, mas os curandeiros têm um sexto sentido muito apurado.

Olhou de forma estranha para a menina ao colo de Valkir e todo o cuidado com que este a pegava e a deitou na cama do seu próprio quarto no castelo. Apesar de ele não viver ali, nascera e crescera lá e tinha o seu próprio quarto que os irmãos faziam questão de ter ser limpo e cuidado para ele. São uma família de 10 irmãos, 4 vampiras e 6 vampiros. Alguns viviam no castelo. Outros tinham a sua própria casa na montanha tal como Valkir, no entanto, participavam diariamente na corte do castelo, a não ser que estivessem em alguma missão. Há sempre questões diplomatas para resolver, guerras para travar e por vezes criaturas com que lidar. Mas há já 500 anos desde que Valkir e os irmãos derrotaram o rei demónio que nunca mais se cruzaram ou ouviram falar em demônios. A Família Murkar eram a realeza dos vampiros e era seu dever manter os demônios sobre controlo.

Ao deitar a menina, esta não acordou e Felia examinou -a. Ao fim de alguns minutos suspira.

-Ela vai ficar bem por enquanto, precisa para já de descansar. Mas a longo prazo é uma bomba relógio. O corpo dela está a colapsar com o poder mágico em bruto dentro dela. É como ter uma criança pequena com a arma mais mortífera do mundo nas mãos, a qual quer momento irá atingi la e mata la.

Vimos as palavras da Felia a atingir o Valkir, tendo este ficando muito tenso.

Elias suspirou, ele já o sabia. Os restantes irmãosq ue estavam no castelo, sabendo que Valkir tinha trazido uma humana para o castelo com tanto cuidado apareceram, apenas estavam ausentes 4 que tinham ido numa missão.

Felia fez a pergunta que todos queriam fazer:

- o que te é a humana,Valkir?

Valkir ficou ainda mais tenso, mordeu a língua até sentir o gosto a sangue e cerrou os punhos. Elias que era o que melhor o entendia respondeu:

- a humana é a companheira dele.

Valkir nunca lho disse diretamente, mas Elias sabia-o , ele sentia o.

Todos ficaram em silêncio e olharam uns para os outros surpresos, apesar de terem desconfiado nunca pensaram que realmente que fosse essa a razão.

Valkir com uma companheira, era algo que todos ambicionavam para ele, mas que nunca acharam que fosse possível de acontecer. mas, afinal é o destino que o decide.

-entao Elias, não ias tu á procura da tua companheira?- interrompeu o silêncio um dos irmãos mais brincalhões, soltando um risinho.

- pois, mas parece que a minha companheira ainda não nasceu, nem fiquei a saber quando irá nascer. - respondeu Elias enquanto levantava os ombros.

Lexia gemeu e imediatamente Valkir se Moveu preocupado.

Todos olharam para aquele cenário, espantados. Ela era realmente companheira dele. Ainda mal se conheceram e já o comecera a curar.

Saíram todos e deixaram os dois sozinhos no quarto.

Antes de fechar a porta Felia disse:

- quando ela acordar chama me . Ela precisará de comer. Vou mandar fazer uma sopa. E quero ver como ela está assim que acordar.

Valkir assentiu silenciosamente e felia fechou a porta. Reuniram se no salão.

- Elias que tipo de humana ela é?

Elias começou a andar de um lado para o outro.

Ainda não ouvi uma única palavra dela, parece me muito parecida a ele. Foi criada pela vidente que consultei, que sen do a única família que teve nunca teve qualquer amor por ela. Os hábitantes não gostam dela, então cresceu sozinha. Valkir falou para ficar com a menina, eu tratei do negócio. A vidente vendeu-a por 1000 moedas, dei lhe 1500 para que nao falasse nada e ela aceitou.

É quanto valia a menina para a única família que conhecera. A Felia viu também,a menina tem sangue e magia ancestral mas nunca aprendeu a usa lo. E um corpo muito frágil.

Felia assentiu.

- mas a questão do corpo frágil ficará resolvido quando se tornar vampira não?- perguntou uma outra irmã.

-sim verdade. -respondeu felia.- mas o coração de ambos esta tão ferido , será que ambos conseguirão levar avante o ritual?

- bem, talvez o facto de ambos estarem tão feridos é o que os tornam perfeitos um para o outro. A força física do Valkir passará através do sangue para ela

Além de que ele é um vampiro guerreiro e ela poderá vir a tornar se na feiticeira mais poderosa de sempre. E ele bebendo o sangue dela tornar se á ainda mais forte também. -respondeu elias

- Elias, és o que melhor de nós consegue chegar a ele e consegues compreende ló melhor. Fala com ele. Ele tem que fazer o ritual de transformação. E façamos todos uma promessa. Esta é a oportunidade de ele se curar, se acontecer algo á menina, julgo que perderemos de vez o nosso irmão. Prometemos que faremos tudo

para a proteger , daremos a nossa vida por ela se for necessário. Iremos cuidar dela como a uma irmã e quem sabe até ama la como uma irmã. Ensinaremos o que ela precisar para ser digna do estatuto que é ser companheira de um membro da nossa família, e caso não consiga apesar de todo o seu poder mágico, a será digna na mesma pois é a companheira do nosso querido irmão. Mostraremos a ambos

o verdadeiro significado de família.Quem se junta a mim no juramento.

- eu aceito fazer o juramento de sangue.- respondeu logo Elias. E todos os irmãos se seguiram. E assim foi feito um juramento de sangue.

Elias é telepata, era esse o motivo de perceber tao bem o irmão. Apesar de não invadir a sua mente sem consentimento, consegue perceber as pessoas só de as observar um pouco. E mesmo a distância com pessoas que lhe são próximas. Então sentiu que o irmão o chamava. Algo se passava. Felia é melhor irmos ter com Valkir.

Quando entraram no quarto, viram que a menina estava acordada. Valkir sentado num canto, observava a atento.

- ela está com fome. - disse Valkir com a sua voz rude.

Elias e felia olharam um para o outro espantados por o ouvirem falar.

Passado uns minutos uma humana entra com uma tijela de sopa que poisa na mesinha de cabeceira e sai.

Ela tenta pegar na tijela mas quase a deixa cair. Valkir na sua velocidade vampiro pegou na taça antes de cair. Senta se á beira da cama e começa a dar lhe a sopa á boca. Felia e Elias saem de mansinho olhando aquela cena e ficam do outro lado da porta. Entreolharam se, não era necessário acrescentar mais nada.

- tens que comer a sopa toda, estás muito fraca. - disse Valkir enquanto soprava a sopa e lhe dava á boca. Desta vez com uma voz mais suave mas mantendo um tom de autoridade. Elias e felia conseguiam escutar por trás da porta.

Lexia suspirou e fechou por momentos os olhos.

- o que foi aquilo que nos aconteceu lá?- disse ganguejando e muito baixinho.

Não é que tivesse medo dele. Mas já pouco falava no seu dia a dia com Mia.

Tinha ficado desolada com a forma como se despediu da única família que conheceu e sentia se fraca e num sítio que não conhecia. Sentiu que a voz lhe falhava.

-es a minha companheira. Com o tempo vais perceber. Mas não tens com que te preocupar agora. Vou cuidar de ti a partir de agora. Não te irá faltar nada-respondeu Valkir.

Ela assentiu.

Ela comeu a sopa toda. Ele pousou a tigela.

-descansa um pouco. Já volto. Não tens com que te preocupar. Estás segura aqui. E... Aqui somos todos monstros,... não que o sejas, mas percebi como eras tratada na aldeia de onde vens. -explicou Valkir.

Valkir saiu e fechou a porta.

- não precisam de se esconder atrás da porta.- disse com a sua voz rude e grotesca quase em tom de desprezo. Mas os irmãos conheciam no bem.

Elias e felia estavam espantados por o ouvir falar... Tanto.

Era efeito da companheira. O coração de ambos saltava com o alívio de uma melhoria no irmão. Já quase haviam desistido.

-digam me então, o que se passa com ela? - falou Valkir autoritariamente.

Felia olhou para Elias suspirou e respondeu:

- tens que fazer o ritual para a transformar em vampira ou ela vai morrer em breve. -disparou Felia.

Valkir rangeu o maxilar, franziu o sombrolho e cerrou o punho, deu balanço e acertou na parede do outro lado do quarto tendo ficado um buracao na parede.

Era um corredor de quartos.

A menina apareceu passado uns segundos á porta.

- o que foi este barulho? Estás bem? - todos olharam para ela e ela olhou para a parede e de seguida para Valkir e perdeu se nos olhos dele.

Ele suspirou: -sim estou bem. - disse da forma mais ternurenta que conseguiu.

-que fazes fora da cama? - questionou de forma autoritária que não conseguia evitar. assim que terminará de falar ela perde a força nas pernas e só não cai porque ele imediatamente a segura e cuidadosamente a leva de volta para a cama.

Abaixou se para lhe beijar a fonte, mas parou a meio. Sentiu que não devia faze lo. Que não era digno dela.

-nao saias da cama, eu já volto. - era praticamente uma ordem .

Saiu do quarto, viu Elias e e felia parados á porta e apenas lhes disse:

- tomem conta dela. - virou lhes costas e saiu do castelo.

Eles nada responderam, e óbvio que tomariam conta dela. Tinham feito um juramento. Elias entrou no quarto.

- como te sentes? - perguntou lhe.

Lexia estremeceu de medo. E encolheu se na cama. Acharam estranho ela ter medo deles que tinham uma aparência e postura mais afáveis do que o Valkir. Mas talvez não tenha medo dele apenas por ser ele o companheiro. A ligação é complexa.

-Nao precisas de ter medo de nós. Nunca faremos nada para te magoar- tentou tranquilizar felia. - mas Lexia encolhia se toda sem dar sinal de relaxar.

Acharam melhor deixa la sozinha para que conseguisse descansar.

E á vez mantiveram guarda á porta. Para que nada lhe acontecesse. E felia de vez em quando entrava por minutos para ver como ela estava e voltar a tentar a aproximação.

Ao fim da tarde, estava ela novamente com febre alta que mal abria os olhos e começava a delirar. Felia tentou dar lhe o remédio, mas mesmo no seu delírio

Quando se aproximava dela, desatava num pranto aos gritos. Tentaram chamar uma criada humana de confiança para lhe dar o remédio, mas também sem resultado.

Ela não aceitava que ninguém se aproximasse.

onde andará Valkir? - pensou Elias. Projectou a sua mente e procurou a mente do irmão pela floresta, após um tempo encontrou o fora da montanha todo nu a destruir um recanto da floresta.

-valkir, Valkir. - chamou Elias.

Valkir forçou Elias de forma violenta a sair da sua cabeça, sem parar o que estava a fazer. -Eu sei que te prometi não te invadir, mas é a tua companheira.

Ela não está bem, precisa de ti. - então ele parou. Elias percebeu que ele recebera a mensagem. E não queria estar dentro da mente do irmão mais do que necessário, então deixei -o. Sabia que ele iria aparecer na sua velocidade vampiro. E após alguns minutos ele chegara.

Olhou para ela, viu que delirava, agitada, cheia de febre. Olhou para a cara dos irmãos desesperados e felia com uma taça na mão.

- que se passa? Já lhe deram o remédio para a febre? - perguntou.

- não conseguimos. Ela fica muito agitada quando nos aproximamos. Tem medo de nós. - respondeu Felia.

- O remédio?- questionou. Felia esticou lhe a taça do remédio. Ele pegou e aproximou se dela. Ajoelhou se no chão. Colocou lhe uma mão na testa. Ela fervia em febre.

Assim que ela sentiu o toque dele , começou logo a acalmar.

- está tudo bem. Calma. - disse lhe da forma calma e ternurenta que ele conseguia. Deu lhe o remédio que ela tomou de forma calma. Ele pousou a taça e ia levantar se. Ela pegou lhe na mão e olhando lhe nos olhos disse lhe:

- fica comigo por favor. Não me deixes sozinha. - ela olhava o fixamente. Ele não soube se ela ainda delirava ou se era um momento de lucidez.

Suspirou fundo.

-eu fico. - disse.

Ele sentou se e encostou se á mesinha de cabeceira, enquanto lhe dava a mão.

Ela logo de seguida adormeceu tranquilamente e ele fechou os olhos.

Felia e Elias observaram em silêncio.

- Valkir. Tens que iniciar hoje o ritual. Mesmo que lhe dês para já apenas do teu sangue e decidas progredir no ritual mais tarde. O teu sangue dar lhe á forças para recuperar alguma saúde. Caso contrário, ela morrerá.

Elias sabia no que Valkir pensava. O irmão Achava o seu próprio sangue Sujo m pois ele beberá muito sangue de demônio e tornou se em parte também num demónio, num monstro. Dar o seu sangue a beber aquela menina tão preciosa para ele, tão pura, fazia o revirar as entranhas, fazia sentir raiva e ficar furioso. O ter que se alimentar dela, ter que fincar os dentes na pele imaculada dela. Ter que realizar o ritual final de união para que ela se transformasse . Como é que ela o aceitaria? Era o que ele pensava. Mas se não o fizesse, ela morreria.

Valkir não respondeu. Nem se mexeu, mas Elias percebeu que ele ouvira.

- irmão daqui a pouco vêm trazer uma sopa para ela comer. Certifica te que ela come tudo. - disse Felia.

E Deixaram nos sozinhos sem esperarem resposta.

Apos um tempo, a Lexia acordou. Valkir imediatamente notou. Num único movimento colocou se de pé, e poisou a mão sobre a sua testa. A febre tinha ido embora. Ele sabia dentro de si que tinha de lhe dar do seu sangue amaldiçoado.

- eu... - começou. As palavras pareciam não querer sair. Ele naoEstava habituado a conversar. – eu sou um vampiro como sabes. És a minha companheira. E tens um corpo muito frágil. Preciso de te dar do meu sangue ou provavelmente irasMorrer. Mas quero que saibas que o meu sangue está amaldiçoado devido a todos os pecados que cometi. – e baixou a cabeça, não tendo coragem de olhar nos olhos dela.

Ela sentou se na cama colocou a sua mão quente na sua face o que o fez olhar diretamente nos seus olhos, até que a menina murmurou:

- eu aceito-te. – e sorriu muito brevemente. Como se não soubesse bem sorrir. A verdade é que a menina nunca sorrira, nunca fora amada, nunca teve motivos para sorrir porque nunca a tinha aceite como ela era. A única exceção era ele.

Ele mergulhou ainda mais nos olhos dela e deseguida soltou os caninos mordeu as artérias do seu pulso e deu lhe a beber. Ela pegou na mão dele e chupou todo o sangue . Durante esse tempo deixaram se mergulhar nos olhos um do outro.

                         

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