O cheiro a desinfetante ainda estava nas minhas narinas.
Minha irmã Ana tinha acabado de sair de uma cirurgia de emergência no hospital.
Meu marido, Diogo, estava ali, ao meu lado, no hospital. Mas os seus olhos estavam colados no telemóvel.
"A Eva ligou," ele disse, as palavras penduradas no ar como veneno.
"O pai dela morreu. E-eu tenho que ir a Lisboa. Ela precisa de mim."
Eva. A ex-namorada que ele nunca esqueceu.
"E quanto a nós?" minha voz tremeu, enquanto eu jazia, convalescendo.
"E quanto à sua mulher e à sua cunhada recém-operada?"