Minha vida era uma contagem regressiva, uma tela de pintura desbotada, onde eu, Sofia, com meu tempo contado por uma doença terminal, me via aprisionada em um sistema de "coadjuvante trágico".
Minha missão? Conquistar o amor de Rafael, o talentoso artista plástico, por quem eu já havia me apaixonado em quatro vidas diferentes - e falhado espetacularmente em todas elas.
A última falha foi um golpe devastador: na festa de sua exposição, ele, meu namorado "oficial", jogou o anel que lhe dei no lixo, publicamente, para provar à sua musa, Camila, que eu era apenas um "acessório sem importância". A humilhação e a dor foram insuportáveis.
Mas a verdade mais cruel, o segredo que eu guardava a sete chaves, e que destruiu qualquer resquício de esperança, era a lembrança do nosso filho não-nascido, perdido após Rafael me empurrar num acesso de raiva para correr para consolar Camila. Ele nem percebeu a tragédia que causou.
Exausta, com o coração em frangalhos e o corpo falhando, eu desisti. Chamei o sistema e pedi para ser levada de volta ao meu mundo, para morrer em paz.
Mas quando a luz branca começou a me engolir, um grito desesperado ecoou: "Sofia, não me deixe!". Ele estava lá, correndo em minha direção, um Rafael que eu nunca conheci, com os olhos mareados e o pânico estampado. Ele finalmente me notou, mas era tarde demais. Ou talvez não?