Kevin Harrison Giordano mantinha a postura ereta e um semblante austero, que transmitia frieza e arrogância. Apesar da tensão, ele estava impecavelmente vestido em seu terno preto feito sob medida quando retornou à sua cadeira.
Sentando atrás da ampla mesa, ele comprimiu o olhar para a tela do laptop enquanto verificava o vídeo. A imagem das câmeras comprovou o que o gerente de seu banco tinha contado por mensagem: "Sua esposa retirou uma exorbitante quantia da conta bancária".
Segundo informações que recebeu, Justine não foi para o ateliê Maison Delacroix, onde trabalhava como designer de moda.
Tomado pela desconfiança, o italiano passou as mãos pelas mechas castanhos e então, respirou profundamente.
Kevin possuía a postura ameaçadora de um homem que nasceu para comandar. Aos vinte e cinco anos, ele passou a administrar os negócios de sua família com mãos de ferro.
O poderoso CEO, que secretamente comandava o submundo do crime, era casado com uma jovem francesa por quem se apaixonou perdidamente.
A primeira vez em que viu Justine Delacroix foi num evento de moda, onde acompanhou a sua amiga Beatrice no desfile de prêt-à-porter, alta costura e Cruise da Dior.
Ao invés de prestigiar a amiga, que desfilava na passarela, a atenção de Kevin se voltou para o par de olhos dourados. O nariz arrebitado e o belo sorriso alinhado compunham os traços delicados da estagiária de design de moda que, na época, auxiliava na criação e comercialização de peças de vestuário e acessórios da grife.
Naquela noite, Justine usava um vestido de seda vermelho que se ajustava perfeitamente ao seu corpo. O decote em "V" exibia o colo de seus seios firmes e a fenda no lado direito da perna estava revelando parte de sua coxa.
Semanas depois daquele evento, ela já estava namorando o italiano, que media cerca de 1,90 m de altura.
Certo dia, Justine fingiu surpresa quando Kevin lhe deu um reluzente anel com diamante durante o jantar romântico no iate. Não demorou muito até que ela pediu em casamento.
Apesar da paixão arrebatadora que os envolvia, Justine já estava dando sinais de que tinha um amante após alguns meses de casada.
Desconfiado, Kevin deu um celular novo para a esposa, mas antes de entregar o presente, ele instalou um spyware no aparelho telefônico. Desde então, ele passou a monitorar todos os seus passos.
Naquele dia, Kevin estava carregado de raiva porque descobriu que Justine pegou cerca de setenta mil euros da conta bancária e, após analisar as imagens das câmeras do quarto, onde dormiam, ele viu a esposa pegando boa parte das joias que estavam no cofre.
Furioso, ele saiu de trás da mesa e perambulou pelo escritório feito um animal enjaulado. Passou os dedos longos pela testa conforme a mente ponderava sobre os últimos acontecimentos.
Na noite anterior, ele comemorou um ano de casado com a esposa num restaurante de luxo na capital da moda e a presenteou com um belo colar de diamantes. Quando voltaram para a mansão, ele a levou até a garagem para mostrar a Ferrari 250 GTO vermelha com um grande laço de fita branco.
- De quem é esse carro, querido? - Justine questionou.
- É seu, mio amore - a voz rouca e sensual respondeu.
- É linda! - Com olhos arregalados, ela exclamou.
Os braços musculosos de Kevin envolveram a esposa num abraço caloroso ao capturar os seus lábios e beijá-la com sofreguidão.
Instintivamente, a mente o levou de volta para o momento em que ambos chegaram ao segundo piso da mansão. Pelo amplo corredor, ele carregou a esposa nos braços fortes até chegar à suíte principal.
Logo, as roupas estavam espalhadas pelo chão. Ele tomou um seio após o outro entre os lábios enquanto o membro robusto mergulhava, exigindo mais espaço à medida que a abria.
- Oh, mon Dieu! - A voz feminina gemeu ao sentir a ereção avantajada escorregando em seu molhamento e batendo mais fundo.
Absorto em suas recordações eróticas, ele ainda escutava os gemidos de Justine ecoando em sua mente. Kevin continuou sentado na cadeira do escritório quando um leve grunhido escapou de seus lábios. Ele segurou a ereção que medrava na calça de linho preta, mas logo depois, balançou a cabeça para se livrar das lembranças que o excitaram.
Os olhos azuis do CEO voltaram a focar no porta-retratos com a foto da mulher de mechas loiras e longas.
De repente, o toque do celular o trouxe de volta para o escritório. Ele apertou o botão, aceitando a chamada.
- Caspita, o que foi? - Kevin perguntou.
- Pegamos a sua esposa. - Do outro lado da ligação, Alessandro avisou. - Um informante disse que estava com Andrew Turner em Quarto Oggiaro.
- O detetive já me contou, porra. - Desta vez, Kevin falou mais alto e bateu com o punho cerrado na mesa.
Andrew Turner tinha feito de tudo para destruir os negócios de seu clã após a morte de seu pai. A queda do império da família Harrison Giordano logo aconteceria se Kevin não tivesse tino para os negócios.
- Levem a minha esposa para aquele prédio em Giambellino-Lorenteggio. - Enfezado, Kevin deu a ordem e desligou o telefone abruptamente.
Os dedos longos ainda alisavam a testa vincada, quando ele endireitou a postura no encosto em capitonê de sua poltrona.
- Cazzo, aquela puttana é uma traidora! - Socou a mesa outra vez e, então, pegou o porta-retratos com a foto da esposa.
Deu uma última olhada na fotografia de Justine antes de tacar no chão com força.
Repentinamente, a porta se abriu. A mulher alta e esguia jogou as mechas pretas para trás dos ombros assim que adentrou. Beatrice desfilou graciosamente até a enorme mesa.
- Precisa de companhia, querido? - A voz manhosa indagou.
- Não quero conversar, agora, Bia. - Ele grunhiu para a amiga.
Embora a modelo fosse bonita, Beatrice não o atraía da forma como ela o desejava.
- Calma, querido. - Ela se posicionou atrás da poltrona e pousou suas mãos sobre os ombros largos do senhor Harrison. - Relaxe!
Os dedos magros de Beatrice começaram a massagear os músculos tensos. Um leve sorriso surgiu no canto dos lábios no segundo em que os olhos dela cravaram no vidro rachado do porta-retratos caído no chão.
- Sempre te falei que a sua esposa era infiel - a voz feminina afirmou.
- Já chega, Bia! - Vociferou no mesmo instante em que afastou as mãos dela e se pôs de pé bruscamente.
Kevin pegou o sobretudo preto e vestiu-o. Mais que depressa, saiu do escritório.
- Espero que você dê uma boa lição naquela traidora. - Beatrice acrescentou enquanto seguia Kevin até o corredor. - Quer que eu vá com você, querido?
- Não. - O tom gutural do senhor Harrison retrucou com veemência.
No elevador, Kevin apertou o botão e as portas fecharam.
Ele passou as mãos nos fios lisos e curtos pouco antes de sair no estacionamento e ir direto para o Lamborghini prata, onde o motorista aguardava.
Enquanto o carro saía para as ruas de Milão, Kevin passava a mão no cavanhaque que emoldurava a mandíbula retesada. Não via a hora de confrontar a esposa e descobrir o que ela fazia no território de seu rival.