A notícia do casamento arranjado do filho do magnata imobiliário, Sr. Eduardo Silva, com uma das jovens Mendes chegou como um trovão, com minha mãe, Dona Beatriz, exaltando Laura como a escolhida. Ouvi tudo do meu canto, um calafrio percorrendo minha espinha, pois eu já tinha vivido aquele dia, uma vida passada que me levou à morte num rio gelado durante meu próprio casamento forçado.
Minha mãe decidiu que a "sorte" escolheria, e, convenientemente, Laura tirou o "Cartão da Fortuna", radiante. Mas, a euforia passou, minha mãe me puxou e sussurrou desesperada: "Sofia, minha filha... Você precisa fazer isso. Você precisa ir no lugar da Laura."
Ela implorou, dizendo Laura ser fraca e delicada, e que eu, a forte, deveria fazer aquele pequeno sacrifício pela minha prima. Ela prometeu que meu pai, o Dr. Ricardo, me traria de volta quando resolvesse seus casos, uma promessa que na vida passada nunca se cumpriu.
A ironia era cortante. Ela me queria forte para o sacrifício, mas nunca para me proteger. A mulher que me enviou para a morte sem hesitar agora pedia novamente.
Mas eu voltei. Abri os olhos e estava aqui, de volta ao início de tudo. Desta vez, eu não seria a ovelha levada para o abate.
Com um sorriso forçado e a voz mais dócil, respondi: "Tudo bem, mamãe. Eu vou." Desta vez, o sacrifício seria deles.