- Quanto custa isso aqui? - disse a senhora de cabelos grisalhos presos em um coque à balconista da mercearia.
- Ah, deixe me ver... - a jovem mulher diz e em seguida pega o pacote de arroz da mão da senhora e passa o código de barras na máquina em cima do balcão. - Custa 5,99!
- Nossa, como está caro! - a idosa reclamou. - Mas vou levar, pois minha neta vai almoçar comigo hoje e lá em casa não tem arroz para o almoço.
- Certo, dona Ieda. Qual a forma de pagamento?
- Dinheiro, minha filha! - A senhora retirou as moedas de sua bolsa e deu a balconista que a entregou a sacola com o item comprado.
- Muito obrigada pela sua compra! Volte sempre!
Após a idosa sair do estabelecimento, em seguida a porta se abriu e Lilian que fazia algumas anotações no balcão levantou as vistas para ver quem era o próximo cliente. Quando o olhar dela cruzou o do homem alto, branco, de cabelos lisos e pretos, com roupa de cowboy; ela instantâneamente abriu a boca levemente, pois estava surpresa com tamanha beleza, pois só havia visto homens tão belos assim na TV.
- Oi, moça! Onde fica a cerveja? - o homem disse com sua voz grave, mas também suave.
Lilian demorou alguns segundos para responder, até que caiu em si e disse:
- Ah, sim! Fica logo ali no final do corredor, no refrigerador. - ela disse envergonhada por saber que demonstrou sua admiração pela beleza do homem.
Ele se virou e foi em busca da cerveja, naquele momento Lilian pôde ver quão estiloso e encorpado aquele homem era. "Pedaço de mau caminho" ela pensou e acabou falando sem perceber em voz baixa. O homem diminuiu os passos ao ouvir aquela frase, porém não se virou para ela, continuou de costas e deu um leve sorriso tocando os dedos na ponta do chapéu que estava em sua cabeça.
Minutos depois ele voltou com algumas latinhas de cerveja e pôs sobre o balcão. Ela as colocou na sacola, e quando ia perguntar se ele queria algo mais, ele se antecipou e disse:
- Não, eu não quero mais nada. Tome o dinheiro, pode ficar com o troco, você pode estar precisando - ele jogou uma cédula de alto valor sobre o balcão, pegou a sacola e se foi.
- Que arrogância! - ela exclamou!
E em um impulso ela foi atrás dele que já estava abrindo a porta do carro estacionado em frente ao estabelecimento.
- Ei, espere um pouco! Quem você pensa que é para me tratar assim? Tome seu troco, eu não preciso de seu dinheiro, seu arrogante! - ela disse pegando o troco de dinheiro dentro do bolso de seu avental.
Ele se virou e olhou fixamente nos olhos dela, seu olhar era intimidador, mas ela não se intimidou, Lilian era destemida.
- O que você quer garota? Essa é a sua gorjeta por ter me chamado de pedaço de mau caminho. - ele disse dando uma risadinha.
Lilian sentiu suas bochechas ficarem avermelhadas, mas mesmo assim não se calou.
- Mas eu não pedi dinheiro a você hora alguma. - ela disse se aproximando, e após estendeu a mão com o dinheiro para que ele pegasse, mas ele não pegou. - então vc não vai pegar? Está bem! - ela imediatamente rasgou em vários pedaços a cédula que ele havia dado e jogou no rosto dele. Ele a olhou incrédulo, seu olhar era frio, e a vontade que ele teve foi de xingá-la, porém não o fez.
- Você perdeu a oportunidade de comprar algo novo para se vestir, pois está precisando, mas tudo bem! Até mais, garota doida! - ele disse, entrou na caminhonete, deu partida e se foi.