Meus dedos tremiam ao assinar meu nome, Ricardo, no contrato que me uniria a uma completa desconhecida.
Menos de 24 horas após conhecer Ana, uma militar de olhar firme, o funcionário do cartório nos declarava casados, um ato de desespero para me libertar de Sofia.
A imagem de Sofia rindo, tratando-me como lixo ao lado de Lucas, ainda queimava. A humilhação de ser expulso da casa que um dia considerei minha, encontrando meus pertences jogados como lixo em um quarto de hóspedes.
Mas o que me destruiu de vez foi ouvir a voz dela, minha noiva de infância, confessando sem remorso: "Ele foi útil, eu admito. Mas agora eu sou a Dra. Sofia Oliveira, e você é o herdeiro de uma grande empresa. Somos o casal perfeito. Ricardo era só uma escada."
Cada palavra era uma facada, revelando que meu amor e lealdade não passavam de ferramentas para ela. Voltei para buscar minhas coisas e então vi: o porta-retratos quebrado da minha avó, a única lembrança preciosa que me restava.
"Acidentes acontecem", disse a Sra. Oliveira, com desprezo. Eles não apenas me humilharam, mas também desrespeitaram a memória de quem mais me amou. A dor se transformou em fúria quando, ao tentar me demitir do hospital, Sofia e sua família armaram um espetáculo, me pintando como instável e louco, usando sua influência para me expulsar e arruinar minha carreira.
Mas a reviravolta mais cruel veio quando descobri que a intromissão deles em minha vida culminou na morte de minha avó, que não pôde pedir ajuda a tempo. Todo amor, dedicação e sacrifício se desintegraram.
A vida que construí se desfez em mentiras. Quem era eu agora? Um médico sem família, sem lar, desempregado e casado com uma estranha.
A voz de Ana me ancorou na escuridão: "Case-se comigo." Esse ato de loucura se tornou a única chance de sobrevivência. Eu precisava cortar todos os laços e começar de novo, longe de tudo que me lembrava daquela traição. Com uma decisão fria e determinada, eu me virava para um futuro incerto, mas finalmente livre.