Hoje, Dia dos Namorados, era também o aniversário de sete anos do meu filho, Pedro.
Casei-me com Ricardo há cinco anos, cinco anos em que lutei desesperadamente pelo seu amor.
No auge da comemoração, em meio a risadas e elogios à nossa "família perfeita", Pedro correu até nós.
Com seus olhos brilhando, ele olhou para Ricardo e disse em alemão fluente, uma língua reservada para seus segredos:
"Pai, meu desejo de aniversário é que você e a mamãe se divorciem."
"E eu quero que a tia Beatriz seja minha nova mãe."
O mundo ao meu redor desmoronou.
Olhei para Ricardo, esperando sua repreensão, sua negação.
Mas ele apenas sorriu. Um sorriso de alívio genuíno.
"Seu desejo será realizado em breve, meu filho", ele respondeu, também em alemão.
Meu coração parou. A festa continuou, mas para mim, tudo havia acabado.
Mais tarde, com a saída dos convidados, Ricardo me entregou um envelope, sua expressão fria.
Era o acordo de divórcio. Com uma indenização milionária.
"Por quê?", sussurrei, as mãos trêmulas.
Ele suspirou, cansado. "Ana Lúcia, você nunca entendeu? Você sempre foi só uma substituta. A mulher que eu amo, que sempre amei, é sua irmã, Beatriz."
A verdade me atingiu como um soco. Eu, que o amei secretamente, cuidei dele após o acidente que a noiva - Beatriz - abandonou, fui um mero tapa-buraco conveniente.
Minha alma escureceu. Peguei a caneta e assinei.
No dia seguinte, a humilhação se tornou pública. Minhas malas na porta.
Pedro gritava: "A mamãe má está indo embora! A tia Bia está vindo!"
Ricardo abriu a porta para Beatriz, que entrou triunfante, com um olhar de desprezo e pena.
A notícia se espalhou como fogo. Ricardo anunciou o noivado horas após o divórcio.
Eu era a piada nacional, a esposa indesejada.
Tranquei-me no quarto de hotel mais caro, o dinheiro queimando. Uma voz mecânica ecoou na minha cabeça:
"[Anfitriã, a tarefa designada a você neste mundo foi concluída. Deseja partir?]"
Era o sistema. A razão pela qual eu estava aqui.
"Sim", sussurrei para o vazio. "Me tire daqui. Para sempre."
Uma contagem regressiva apareceu. 30 dias.
Senti um misto de alívio e vingança. Se eu ia desaparecer, seria nos meus próprios termos.
Peguei o telefone. "Quero a suíte presidencial. E todo o champanhe que tiverem."
A festa começou.