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Cicatrizes de Concreto

Cicatrizes de Concreto

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img 11 Capítulo
img Gavin
5.0
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Sinopse

O barulho da broca de impacto ecoava pelo meu crânio, mas o estrondo que veio a seguir foi o do meu mundo a desabar. Presa debaixo de uma viga de concreto, com a perna esmagada, e a água da tempestade a subir rapidamente. O meu telemóvel, com o ecrã estilhaçado, ainda funcionava. Com a mão trémula, disquei o número do Pedro, o meu marido. A voz da minha cunhada atendeu, leve, quase alegre: "O Pedro está a conduzir. O que se passa?" Consegui balbuciar que o prédio onde eu estava tinha desabado, que estava presa. Então ele veio ao telefone. Gritei: "Pedro! Ajuda-me! Estou presa no estaleiro! O prédio ruiu!" A resposta dele foi fria como o aço. "Helena, para de fazer drama. Estou ocupado. O Trovão está a passar mal." "A minha perna está esmagada, a água está a subir!" "Liga para os bombeiros, eles são pagos para isso." E desligou. O som do "tu-tu-tu" foi mais devastador que o desabamento. Escolheu salvar o cão da irmã em vez de mim. A ironia amarga: o cão chamava-se Trovão, e a tempestade que me matava era uma piada cruel. Quando acordei, a minha perna tinha desaparecido. Amputada. E ele? A sua "preocupação" era com o cão. Vi a foto da minha cunhada nas redes sociais: Pedro abraçando o Trovão, legenda "O meu herói!". Enquanto eu perdia a perna, ele "recuperava do susto". Perdi a perna, mas ele perdeu o meu coração. Eu não queria o dinheiro dele. Eu queria justiça. E o meu advogado tinha uma surpresa para ele: a gravação da minha chamada aos bombeiros e o registo do GPS do carro dele. Ele podia ter chegado a tempo. Mas não se importou. Eu ia provar que a minha vida valia mais do que o desconforto de um animal. E que a minha força não se media em pernas, mas na capacidade de me levantar. Eu era a Helena. E ele ia pagar por ter escolhido o Trovão.

Introdução

O barulho da broca de impacto ecoava pelo meu crânio, mas o estrondo que veio a seguir foi o do meu mundo a desabar.

Presa debaixo de uma viga de concreto, com a perna esmagada, e a água da tempestade a subir rapidamente.

O meu telemóvel, com o ecrã estilhaçado, ainda funcionava.

Com a mão trémula, disquei o número do Pedro, o meu marido.

A voz da minha cunhada atendeu, leve, quase alegre: "O Pedro está a conduzir. O que se passa?"

Consegui balbuciar que o prédio onde eu estava tinha desabado, que estava presa.

Então ele veio ao telefone.

Gritei: "Pedro! Ajuda-me! Estou presa no estaleiro! O prédio ruiu!"

A resposta dele foi fria como o aço.

"Helena, para de fazer drama. Estou ocupado. O Trovão está a passar mal."

"A minha perna está esmagada, a água está a subir!"

"Liga para os bombeiros, eles são pagos para isso."

E desligou.

O som do "tu-tu-tu" foi mais devastador que o desabamento.

Escolheu salvar o cão da irmã em vez de mim.

A ironia amarga: o cão chamava-se Trovão, e a tempestade que me matava era uma piada cruel.

Quando acordei, a minha perna tinha desaparecido.

Amputada.

E ele? A sua "preocupação" era com o cão.

Vi a foto da minha cunhada nas redes sociais: Pedro abraçando o Trovão, legenda "O meu herói!".

Enquanto eu perdia a perna, ele "recuperava do susto".

Perdi a perna, mas ele perdeu o meu coração.

Eu não queria o dinheiro dele.

Eu queria justiça.

E o meu advogado tinha uma surpresa para ele: a gravação da minha chamada aos bombeiros e o registo do GPS do carro dele.

Ele podia ter chegado a tempo.

Mas não se importou.

Eu ia provar que a minha vida valia mais do que o desconforto de um animal.

E que a minha força não se media em pernas, mas na capacidade de me levantar.

Eu era a Helena.

E ele ia pagar por ter escolhido o Trovão.

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