PRÓLOGO
Nunca imaginei que seria assim.
Cansado, irritado com as manipulações da minha família, eu aceitara um casamento que não queria.
Liana era perfeita aos olhos deles, linda, elegante, gentil... tudo o que esperavam de mim. Mas não despertava nada em mim.
Nenhum fogo.
Nenhum desejo verdadeiro. Apenas silêncio e obrigação.
E ali estava eu, naquela despedida de solteiro, prometida pelo meu melhor amigo como "uma última noite de diversão sem culpa". Ele dizia que era para celebrar a liberdade antes do casamento, com mulheres que realmente nos satisfaziam. Eu pensei que seria apenas diversão... mas o destino tinha outro plano.
- Cara, essa é a sua última noite de liberdade de verdade.
disse meu amigo, Carlos Eduardo, que abrevio a Cadu, com aquele sorriso largo de sempre, enquanto me empurrava para dentro da casa iluminada.
- Vai ser só diversão. Sem mentiras, sem culpa. Mulheres que realmente nos satisfazem, entende?
Balancei a cabeça, tentando me convencer de que seria só isso: uma despedida, nada mais.
Liana esperava por mim em outro lugar. Perfeita, impecável. Ela era linda, educada, exemplar... mas não despertava amor em mim.
O que eu sentia por ela era respeito, admiração e... uma responsabilidade silenciosa. Ela seria mãe dos meus filhos, a mulher que a família queria ver ao meu lado. Mas o amor verdadeiro... aquele eu já havia conhecido, e perdido por culpa deles. Mas nunca esqueci.
O infeliz do meu amigo, também era casado, com uma mulher exemplar, levado também pelo status, mas ao contrário do meu, o dele era um relacionamento aberto. A mulher o deixava livre, contanto que não explanasse suas diversões nas mídias.
Entre uma bebida e outra, música alta ele levantou.
- E agora... O prato principal.
Foi nesse instante que a porta se abriu.
Uma mulher de cabelos escuros, olhos negros e uma pele alva que nem neve atravessou aquela porta.
Mesmo com os efeitos de luz, meu mundo parou.
Ela estava ali...
Clarisse.
Os olhos escuros, profundos, me atravessando. O cabelo preto, longo, balançando levemente sobre as costas. Os lábios desenhados, marcantes. Tudo nela me atingiu como um soco que eu não esperava.
- Clarisse?
minha voz falhou, rouca, quase inaudível.
O amigo riu, percebendo meu choque:
- O que houve? Nunca te vi assim, cara. Relaxa, é só diversão.
Mas não era só diversão. Meu corpo reagiu antes da minha mente.
Cada memória da adolescência veio à tona: os momentos roubados, os sorrisos, os livros, as palavras que ninguém mais poderia entender.
Eu estava diante dela, adulta, deslumbrante, e ao mesmo tempo... impossível de alcançar.
Ela me reconheceu. Posou os olhos em mim, e naquele instante a respiração dela pareceu sincronizar com a minha.
Havia curiosidade, incredulidade, talvez até raiva.
- Ed...
começou, mas parou.
Não precisava dizer mais nada. Eu sabia que ela lembrava. Que sentia. Que tudo que passamos ainda vivia ali, intacto, entre nós.
Liana surgiu como um flash em minha mente, e senti o aperto do conflito. Sim, ela despertava algo em mim. Um respeito profundo, uma admiração silenciosa.
Mas não era amor.
O amor que eu senti... aquele estava diante de mim.
E naquele momento, bem na frente dela, cada fibra do meu corpo clamava por ela, lembrando que nenhuma outra mulher poderia preencher aquele vazio.
Carlos eduardo me deu uma cotovelada, sorrindo maliciosamente:
- Cara, não me diz que você esqueceu como se divertir? Ela está aqui para isso, meu irmão.
Meu amigo apenas riu, me dando aquele olhar cúmplice:
- Você conhece ela? Rsrs acho que a despedida vai ser mais interessante do que imaginei.
E eu sabia que ele tinha razão.
Só não sabia o que faria com minha vida depois dessa noite.
....