No nosso quinto aniversário de casamento, planeei uma noite perfeita para Diogo, a estrela da Bossa Nova.
Eu, Sofia, a restauradora de arte, vivia na sua sombra, mas a minha devoção era absoluta.
Mas ele cancelou à última hora.
Em vez de um jantar romântico, encontrei-o num boteco na Lapa, rindo com a sua ex-namorada, Isabella.
E as suas palavras foram um veneno: "A Sofia? Aquela coitadinha? Ela adora-me. É demasiado dependente."
A melodia que ele dedicou a ela era uma composição do meu falecido amor, Léo.
Aquela que ele supostamente tinha escrito para mim.
Ele ridicularizava a minha "simplicidade" e o meu trabalho "empoeirado" no museu.
Anos antes, eu o salvei, implorei por um transplante para as suas mãos esmagadas após um acidente.
As suas mãos ágeis eram de Léo.
A humilhação escalou: ele me arrastou para uma armadilha orquestrada por Isabella.
O seu desprezo era palpável, a sua traição, cruel.
Quando soube que estava grávida, ele riu, desprezando a notícia.
Forçada a doar sangue para Isabella, perdi o meu bebé.
Como pude amar este homem?
Como pude confundir o recipiente com a alma?
Naquele hospital, o meu coração parou de bater por ele.
A minha submissão desfez-se em cinzas.
Ele pensava que eu era um fantoche, mas eu sou a restauradora.
É hora de restaurar a minha vida.
E revelar a verdade por trás da "sua" genialidade.