Joana
Já disse hoje que eu odeio a minha família?
Joana
Já disse hoje que eu odeio a minha família?
Fico ali me olhando no espelho de uma loja de noiva.... Sim, isso mesmo que vocês
estão lendo, lojas de noiva. Agora a pergunta é: você, Joana, vai se casar?
Meio irônico não é, eu pensar que um dia eu iria me casar, ter filhos e sermos
felizes para sempre?!
Essa história de príncipe encantado não colava mais em mim. Uma vez eu pensei que
tinha encontrado a minha cara metade. Só que acabei encontrando um idiota que
assim que conheceu a minha irmã, simplesmente deixou de gostar de mim e passou a dar em cima dela.
Agora eu pergunto: vocês acham que meus pais falaram o quê? Isso mesmo... nada!
Nadinha!
Eu fiquei muito puta mesmo. Podia não ser a miss universo, só que eu era muito
melhor que a minha irmã.
Mas não, o filho dá mãe disse que tinha se apaixonado por ela e que eles logo iriam
se casar. Dizer que eu chorei, implorei, sim, eu fiz tudo isso, adiantou de nada.
Então, no dia 5 de outubro, meu ex iria finalmente casar-se com a minha irmã.
-Joana, minha filha, você precisa emagrecer - disse
minha mãe, dona Isabel, uma mulher bonita só que ao mesmo tempo fútil.
Minha irmã Cláudia era o tipo miss universo, do jeito que o Leonardo adorava.
- Por que insiste que eu vá a um casamento que era para ser meu? - questiono e ela só olha para mim com aquela cara de fresca e diz:
- Já está na hora de você parar de ficar achando que foi traída.
- Você acha que eu não fui traída por ele e pela minha irmã? -pergunto, chocada com o cinismo dela.
- Me polpe, Joana de Alencar! - ela comenta e
continua. - Você sabe muito bem que o Leonardo está muito arrependido de ter namorado com você.
Oi? Como assim? Aquele filho da puta está achando que é a última bolacha do pacote.
Eu respiro fundo, tentando ser uma boa filha que eu não era. Isso minha mãe já deixou bem claro.
-Já chega! Eu não quero mais participar dessa palhaçada! - Praticamente grito.
-Olha os modos, Joana. Você vai, sim, participar desse casamento. Você mesmo
disse que não o amava mais.
- A senhora está dizendo o que eu acho que ouvi?
- Minha filha, sua irmã sempre foi apaixonada pelo Leonardo. Foi só uma questão de encontro.
- Realmente, eu preciso sair daqui. Preciso tomar uma cerveja pra ver se eu me
acalmo.
- Credo, Joana! Isso não é bebida de homem? - dona Isabel me pergunta, horrizada.
- E daí? Nós mulheres também tomamos essa bebida e eu quero uma, caso contrário,
não respondo por mim. - Finalizo indo em
direção ao provador para tira, aquele maldito vestido verde que, para mim, era
um vestido de cor de vômito.
Tiro rápido e coloco minha roupa novamente. Estava usando uma calça jeans bem
colada, com uma bata que a minha mãe dizia que eu parecia uma grávida.
Olha a minha cara de preocupada. Estava
nem aí para o que ela pensava de mim. Já foi época de eu me torturar pelas
coisas que a minha mãe falava.
- Aonde você pensa que vai? - questiona ela.
- O que acha? Eu tenho mais o que fazer do que ficar aqui ouvindo besteiras da
senhora como sempre - respondo.
- Joana olha os modos, você tem que se comportar. Eu sou sua mãe e mereço respeito. - Dona Isabel e seus dramas.
- Mãe, eu nunca quis participar desta palhaçada. No mínimo deveria estar bêbada pra ter aceitado essa loucura - confesso com raiva de mim mesma, querendo me lembrar como eu aceitei isso.
Saio de perto dela e vou pegar as minhas coisas. Eu tinha mais o que fazer do que
ficar ouvindo merdas de uma mãe louca.
-Volta aqui, Joana! - ela grita, atraindo os olhares dos vendedores da loja.
- Mãe, já estou ficando atrasada, pelo amor de deus -peço.
- OK, OK! Mas você vai ter que dizer para sua irmã que você vai emagrecer para
entrar no vestido de madrinha.
Olho para ela, incrédula, tentando entender a merda que acabou de sair de sua boca.
- Mãe, eu não vou emagrecer por causa de vocês! - eu quase grito.
- Você tem que emagrecer pelo casamento de sua irmã - ela argumenta.
-Pela última vez, eu não vou na merda do casamento. Desejo aos dois tudo de bom e
tenha um ótimo dia. - Saio sem olhar pra trás.
Graça a Deus eu não morava mais com eles. Isso não foi por falta de incentivo. Sempre
queriam me explorar. Podia estar passando necessidade, Deus me livre, mas voltar para a casa dos meus pais, nunca mais.
Viro a esquina e não sei o que realmente o que aconteceu, só sei que fui empurrada e
acabo em cima do carro, e, com o impacto da batida, vou para o chão.
A última coisa que eu me lembro antes de fechar os olhos era de ver um homem
lindo, que fez meu coração acelerar. Quando me olha com admiração e ao mesmo
tempo assustado, me entrego a escuridão sem saber quem era aquele lindo homem
que me socorreu.
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