Na minha vida passada, Duarte Moreno sacrificou tudo por mim, até a própria vida, para me salvar.
Nesta vida, renasci com o único desejo de o amar e de me redimir.
Mas o homem que encontrei era frio, distante, cruel, e eu percebi cedo que ele também se lembrava.
O meu destino selou-se quando ele me trancou numa adega fria e húmida.
Ele forçou a minha mãe, de saúde frágil, a uma perigosa doação de medula óssea para a sua amante, Sofia.
Era a sua vingança, um teste monstruoso à minha sinceridade, ignorando o meu arrependimento.
A crueldade de Duarte não conhecia limites: fui sujeita a humilhações públicas, forçada a lavar os pés da amante.
Ele até ordenou que me partidossem os dedos.
Num golpe final, acusou-me de empurrar o seu avô pelas escadas, ignorando as minhas súplicas e a verdade.
O homem que na vida anterior vendera as suas vinhas mais preciosas para me salvar, neste ciclo, tornara-se o meu carrasco cego, sedento de vingança.
A dor era insuportável, a injustiça enlouquecedora.
Como podia ser este o mesmo homem que me prometeu amar até à morte?
Sem mais forças para lutar, e perante o seu derradeiro castigo de exílio, decidi que só havia uma saída para encontrar a minha paz e liberdade.
Com a ajuda da minha prima, orquestrei uma fuga engenhosa sob um disfarce sinistro.
Para Duarte e para o mundo, Leonor Almeida morreria naquela noite, num naufrágio, e nunca mais seria encontrada.