O tapa do meu pai estalou no meu rosto, ecoando pela sala luxuosa.
"Sua inútil," ele rosnou, o rosto contorcido de raiva, "Você arruinou tudo, a chance da nossa família."
Minha mãe, sentada no sofá, virou o rosto, seu silêncio era uma faca cravada ainda mais fundo.
Eles me acusaram de arruinar os negócios da família Santos, que estavam à beira da falência, tudo por minha causa.
A acusação me deixou sem ar; a vítima era sempre a culpada para eles.
"Ainda há uma chance," minha mãe finalmente falou, a voz fria, "O senhor Mendes fez uma proposta. Ele quer se casar com você."
Fui forçada a um casamento arranjado para pagar pelos pecados de outra pessoa.
Minha mente voltou à noite anterior: Pedro me convidou para uma festa, eu ingênua, pensei que ele me pediria em casamento.
Em vez disso, ele me humilhou, anunciando o noivado com Sofia, minha melhor amiga de infância.
"Você é estéril, Maria," ele riu, "Sofia vai me dar os filhos que você nunca pôde."
A dor foi insuportável, mas uma raiva fria começou a subir.
Eu o olhei nos olhos, vendo um monstro egoísta.
Peguei o anel de noivado, o diamante que simbolizava promessas agora parecia um pedaço de vidro.
Deixei a joia cair no chão.
Saí daquele quarto e daquela vida, sem olhar para trás.
O futuro era incerto e assustador, mas pela primeira vez, era só meu.