Gênero Ranking
Baixar App HOT
img img Romance img Quando o Amor Quer Matar
Quando o Amor Quer Matar

Quando o Amor Quer Matar

img Romance
img 5 Capítulo
img Richard Silva
5.0
Ler agora

Sinopse

Amaldiçoado pela eternidade, apaixonado pela reencarnação. Bresser Gale vive há mais de quinhentos anos com um fardo impossível de carregar: a maldição de não poder morrer até matar a reencarnação do grande amor que o destruiu - Ashley Stones. Desde então, ele vaga pelas sombras, esperando o momento em que finalmente poderá descansar. Mas quando Andry Tie cruza seu caminho, tudo muda. Bela, determinada e estranhamente familiar, ela é a cópia viva de Ashley - a chave para sua libertação... e seu tormento. Só há um problema: Bresser está apaixonado por ela. Dividido entre a chance de pôr fim à sua dor eterna e a possibilidade de viver um novo amor, Bresser enfrentará inimigos, memórias e verdades enterradas há séculos. Mas até onde se pode ir para amar alguém... quando amar essa pessoa significa perdê-la para sempre?

Capítulo 1 O Eco da Alma

A noite caía como um véu sobre a cidade, lenta e densa, silenciando os sons do mundo com uma delicadeza sombria. As ruas estavam vazias, exceto pelo ruído distante de pneus cortando o asfalto molhado e o ocasional tilintar de um poste oscilando com o vento. A neblina rastejava pelas calçadas, como se tentasse esconder os segredos que dormiam sob o concreto.

Naquele cenário silencioso e indiferente, Bresser Gale caminhava.

Seus passos não faziam som. As botas negras mal tocavam o chão, como se não pertencessem a este tempo, a este lugar. Em certo sentido, não pertenciam. Bresser estava vivo - ou algo semelhante a isso - havia quinhentos e vinte e três anos. Tempo suficiente para ver impérios ruírem, amores perecerem e a humanidade mudar de rosto mais vezes do que ele podia contar. Mas nenhuma mudança era capaz de apagar o que lhe corroía por dentro: a maldição.

Ele não envelhecia. Não dormia. Não sonhava.

E, principalmente, não esquecia.

Ashley Stones.

O nome ainda lhe queimava nos lábios como ferro quente. Ela havia sido tudo: luz, pecado, promessa e condenação. O amor que o tornara monstro. A escolha que lhe arrancara a alma.

E agora, algo no ar gritava por ela.

Bresser parou na esquina de uma rua estreita e antiga. Seus olhos, vermelhos em meio à penumbra, fixaram-se na janela do terceiro andar de um edifício envelhecido. Não era preciso ver claramente - o vínculo entre suas almas era mais antigo que a razão.

Ela estava ali.

Reencarnada. Viva.

Mas diferente.

No apartamento de paredes desbotadas e aroma de incenso, Andry Tie girava a colher dentro de uma caneca de chá, distraída, sem perceber que já fazia isso há tempo demais. Havia dias em que o mundo parecia... deslocado. Como se as coisas estivessem fora de lugar por milímetros imperceptíveis, mas suficientes para deixá-la inquieta.

Naquela noite, essa sensação era mais intensa do que nunca.

Fechou os olhos e respirou fundo, tentando ignorar a palpitação irregular no peito. Tinha tido mais um daqueles sonhos. Flashes de um jardim noturno, uma mulher de vestido dourado correndo entre as árvores, e uma voz masculina chamando por ela com urgência.

Mas o que mais a assustava não era o sonho.

Era o sentimento que ele deixava.

Saudade.

Como se estivesse voltando de um lugar onde já tivera alguém - e o perdera.

Tentando afastar a confusão, Andry caminhou até a janela. Abriu uma pequena fresta e deixou o vento frio acariciar seu rosto. As luzes da rua tremeluziam através da névoa, e uma figura solitária chamou sua atenção.

Um homem. Alto. Imóvel. Vestido de preto.

O coração dela se apertou sem razão lógica. Ele não fazia nada além de observar a rua, e mesmo assim, algo naquela presença era... desconcertante.

Por que parecia que ela o conhecia?

Do outro lado da rua, Bresser também sentia.

Era ela.

Os traços haviam mudado. Os olhos eram castanhos agora, e não azuis como antes. O cabelo era mais escuro, o sorriso mais contido, o corpo mais leve.

Mas era ela.

Ou quase.

A alma era a mesma, mas a essência... diferente.

Mais viva. Mais humana.

E isso era um problema.

Porque se Ashley havia sido a mulher por quem ele morreria, Andry era a mulher por quem ele não conseguiria matar.

E isso tornava tudo infinitamente pior.

Naquela noite, ambos voltaram para dentro - ele para as sombras, ela para seus pensamentos - com o mesmo sentimento inominável queimando sob a pele:

Algo estava prestes a acontecer.

Algo antigo.

Algo inevitável.

E o destino, como sempre, aguardava pacientemente o primeiro passo.

Continuar lendo

COPYRIGHT(©) 2022