Gênero Ranking
Baixar App HOT
img img Moderno img Seis Anos Preso em um Voto Quebrado
Seis Anos Preso em um Voto Quebrado

Seis Anos Preso em um Voto Quebrado

img Moderno
img 10 Capítulo
img 9 Leituras
img Gavin
5.0
Ler agora

Sinopse

Ponto de Vista de Alana Pires: Por seis anos, meu marido, Caio, se recusou a me dar o divórcio, me manipulando enquanto construía uma nova família com sua amante, Fernanda. Após 99 tentativas fracassadas, eu estava pronta para a centésima. Mas o homem que encontrei no parque não era meu marido frio e traidor. Era o Caio de dez anos atrás - com dezoito anos, idealista e ainda loucamente apaixonado por mim. Ele não entendia por que eu parecia tão devastada, por que me encolhi com seu toque. Ele não sabia sobre o caso, o aborto que Fernanda causou, ou o filho que eles agora tinham juntos. Ele viu os papéis do divórcio e seu mundo desmoronou. "Eu nunca te machucaria, Alana", ele chorou, seus olhos jovens cheios de uma angústia genuína. "Eu te amo." Sua dor era um contraste gritante com a crueldade do homem que ele se tornaria. O Caio mais velho havia zombado: "Você é minha, Alana. Quem iria te querer?" Mas este garoto, esta versão pura do meu marido, viu meu sofrimento e não hesitou. Ele pegou a caneta, com a mão trêmula, e assinou os papéis que seu eu futuro havia recusado por anos. "Se é isso que você precisa", ele sussurrou, "eu faço."

Capítulo 1

Ponto de Vista de Alana Pires:

Por seis anos, meu marido, Caio, se recusou a me dar o divórcio, me manipulando enquanto construía uma nova família com sua amante, Fernanda. Após 99 tentativas fracassadas, eu estava pronta para a centésima.

Mas o homem que encontrei no parque não era meu marido frio e traidor. Era o Caio de dez anos atrás - com dezoito anos, idealista e ainda loucamente apaixonado por mim.

Ele não entendia por que eu parecia tão devastada, por que me encolhi com seu toque. Ele não sabia sobre o caso, o aborto que Fernanda causou, ou o filho que eles agora tinham juntos.

Ele viu os papéis do divórcio e seu mundo desmoronou. "Eu nunca te machucaria, Alana", ele chorou, seus olhos jovens cheios de uma angústia genuína. "Eu te amo."

Sua dor era um contraste gritante com a crueldade do homem que ele se tornaria. O Caio mais velho havia zombado: "Você é minha, Alana. Quem iria te querer?"

Mas este garoto, esta versão pura do meu marido, viu meu sofrimento e não hesitou.

Ele pegou a caneta, com a mão trêmula, e assinou os papéis que seu eu futuro havia recusado por anos. "Se é isso que você precisa", ele sussurrou, "eu faço."

Capítulo 1

Minha vida havia se tornado um disco arranhado, pulando na mesma faixa devastadora por seis longos anos. Seis anos de um casamento que estava morto, mas se recusava a ser enterrado. Seis anos assistindo o homem que eu amava se tornar um estranho. Seis anos tentando escapar dele.

Eu havia tentado 99 vezes. Noventa e nove vezes, empurrei os papéis do divórcio pela mesa. Noventa e nove vezes, ele sorriu, os amassou ou simplesmente os ignorou. Ele sempre dizia: "Alana, você está sendo dramática. Nós estamos bem." Mas não estávamos. Éramos um naufrágio, e eu era a única sobrevivente agarrada a um mastro lascado.

Hoje seria a centésima vez. Os papéis estavam novos em minha mão, um último e desesperado apelo por liberdade. Entrei no Parque Ibirapuera, aquele que costumávamos amar, aquele agora manchado por memórias. Minha cabeça estava baixa, ensaiando as palavras, os apelos, os argumentos. Então, esbarrei nele. Com força.

Ele cambaleou para trás, um sorriso largo e jovial instantaneamente aparecendo em seu rosto quando me viu. "Alana! Que surpresa!" Seus olhos, brilhantes e cheios de uma alegria imaculada que eu não via há anos, se enrugaram nos cantos. "Vai fingir que não me viu?"

Minha respiração falhou. Era o Caio. O meu Caio. O de uma década atrás. Dezoito anos, transbordando de um idealismo que ainda não havia sido esmagado, um amor que não havia se transformado em veneno. Ele parecia exatamente como nas fotos que eu ainda mantinha escondidas em uma caixa empoeirada. As fotos de uma vida que nunca se tornou totalmente realidade.

Ele me abraçou, um abraço espontâneo e caloroso que pareceu estranho e familiar ao mesmo tempo. "Nossa, senti sua falta hoje!", ele murmurou em meu cabelo. "Você sentiu a minha?"

Eu fiquei rígida, os papéis do divórcio uma barreira amassada entre nós. Meu corpo lembrava a sensação de seus braços, o cheiro de sua pele, mas minha mente gritava traição. Este não era meu marido. Este era um fantasma do homem que ele já foi, um eco doloroso.

Ele se afastou, suas mãos ainda em meus ombros, seus olhos procurando os meus. "Por que você parece tão... devastada?" Seu polegar acariciou minha bochecha. "Está tudo bem? As crianças estão dando trabalho de novo?"

As palavras me atingiram como um golpe físico. Crianças. A palavra abriu uma ferida nova em meu peito. Na semana passada, um anúncio de nascimento luxuoso havia chegado pelo correio. O filho dele. Com ela. Ele esperava que eu confirmasse sua suposição, sua bela e inocente suposição. Uma risada amarga escapou dos meus lábios.

"Crianças?", ecoei, a palavra com gosto de cinzas. "Sim, Caio. Está tudo simplesmente maravilhoso. Casados e felizes, filhos lindos, o sonho completo." Minha voz era fria, desprovida de qualquer calor.

Seu sorriso se alargou, alheio. "Eu sabia! Sempre soube que conseguiríamos. Fomos feitos um para o outro, Alana." Ele apertou meus ombros. "Então, o que são esses papéis? Coisa do trabalho?"

Eu estendi os papéis do divórcio, as palavras "Petição de Dissolução de Casamento" o encarando em negrito. "Na verdade, são para você assinar."

Seu sorriso vacilou, uma centelha de confusão cruzando seu rosto. "Para mim? Para quê? É algum tipo de brincadeira?" Ele riu, mas o som era fraco, incerto.

"Não é brincadeira, Caio." Minha voz estava firme, firme demais. "Apenas assine. Por favor."

Sua testa se franziu, mas seus olhos ainda mantinham aquela devoção inabalável. "Qualquer coisa por você, Alana. Você sabe disso." Ele pegou os papéis, seus dedos roçando os meus. Eram macios, sem calos, diferentes das mãos ásperas e indiferentes do homem que ele se tornaria. Ele tirou uma caneta de sua mochila, o clique ecoando no silêncio repentino. Ele começou a assinar a primeira página, a testa ainda levemente franzida em confusão.

Então ele parou. Seus olhos percorreram o documento, movendo-se do título em negrito para as letras miúdas, e de volta para o título. Seu rosto perdeu a cor, sua mandíbula caiu, e a caneta caiu no chão com um baque. Suas mãos tremeram, amassando os papéis que ele havia aceitado tão prontamente.

"Divórcio?", ele sussurrou, a palavra mal audível. "O que... o que é isso? Alana, do que você está falando? Nós... nós somos casados. Casados e felizes, você acabou de dizer." Ele olhou para mim, seus olhos arregalados com uma confusão crua e agonizante. "Por quê? Por que nós... por que eu iria querer me divorciar de você? Eu te amo."

Sua angústia genuína, a pura impossibilidade em seus olhos jovens, era quase demais para suportar. Aquilo revirou algo dentro de mim, um fantasma do amor que um dia senti por ele. Este garoto, esta versão pura e imaculada do Caio, era tudo o que o homem que ele se tornou não era. Este garoto nunca me machucaria. O homem, no entanto, havia transformado meu mundo em um deserto.

Suas palavras, "Eu te amo", foram como uma faca. Elas pertenciam a ele. O jovem e idealista Caio Martins, que jurou que sempre me protegeria, que via um futuro cheio de risadas e filhos, uma casa aconchegante em Ubatuba. Ele era o homem que passaria horas falando sobre a casa dos nossos sonhos, aquela com um jardim enorme e um balanço na varanda. Ele foi quem me prometeu o para sempre, não apenas com palavras, mas com cada olhar ansioso e esperançoso.

O homem em que ele se transformou, o Caio Martins de 28 anos, era uma história diferente. Ele ainda era bonito, de uma forma mais nítida e definida, mas a luz em seus olhos havia sido substituída por um brilho calculista. Suas promessas haviam se dissolvido em ecos vazios, seu amor se transformado em um controle possessivo.

"Você realmente acha que eu te deixaria ir?", ele havia zombado de mim no mês passado, depois que eu tentei aquela rodada de papéis de divórcio. "Você é minha, Alana. Sempre foi, sempre será. Para onde você iria? Quem iria te querer?" As palavras eram frias, cortantes, projetadas para me diminuir, para me fazer acreditar que eu não era nada sem ele.

Mas este garoto, parado diante de mim agora, ainda era puro. Seus olhos, embora cheios de lágrimas, não continham malícia, apenas uma dor profunda.

"Alana, por favor", ele engasgou, sua voz falhando. "Me diga que isso não é real. Me diga que isso é um pesadelo."

Eu o observei, senti uma pontada de algo parecido com pena, mas principalmente, uma resolução profunda e cansada. Não havia como voltar atrás.

"É real, Caio", eu disse, minha voz fria. "É muito real."

Ele balançou a cabeça, limpando os olhos freneticamente. "Mas por quê? O que eu fiz? O que aconteceu com a gente?" Ele se agarrou aos papéis como se fossem uma tábua de salvação, mesmo enquanto ameaçavam despedaçá-lo. "Eu... eu deixei de te amar? Isso é impossível. Eu nunca poderia."

Fechei os olhos por um momento, as memórias voltando, nítidas e indesejadas. Não foi uma queda súbita, mas uma decadência lenta e insidiosa. Começou com mudanças sutis, uma nova colega júnior em seu escritório de advocacia, Fernanda Vasconcelos. Ambiciosa, sedutora e aparentemente vulnerável.

"Ela é brilhante, Alana", Caio havia dito, sua voz tingida com uma admiração que eu não ouvia dirigida a mim há anos. "E tão frágil. Ela realmente me admira."

Eu, tolamente, sorri e o encorajei. "Que maravilha, querido. É bom ser um mentor." Eu confiava nele implicitamente naquela época. Ele era minha rocha, meu porto seguro.

Mas os almoços ficaram mais longos, as noites no escritório mais frequentes. Ele começou a faltar aos nossos jantares, às nossas noites de cinema. Ele chegava em casa com um leve cheiro de um perfume floral que não era o meu.

Um ano, em nosso aniversário, ele cancelou nossos planos de jantar, citando uma crise urgente no trabalho que apenas Fernanda poderia ajudá-lo a resolver. Eu me arrumei mesmo assim, esperando por horas, até que uma mensagem de texto apitou no meu celular: "Desculpa, amor. A Fê precisou de mim. Chego tarde. Não me espere." Ele sabia o quanto nosso aniversário significava para mim. Ele simplesmente... não se importava mais.

Quando o confrontei, ele descartou minhas preocupações com um aceno de mão. "Alana, não seja tão dramática. Você é minha esposa. Você está segura. A Fernanda precisa do meu apoio. Você é forte o suficiente para entender isso, não é?" Ele me chamou de compreensiva, madura. Pareceu um elogio na época, uma medalha de honra. Agora, era apenas mais uma ferramenta em seu arsenal de manipulação.

Nossas discussões se tornaram comuns, uma trilha sonora monótona para nosso lar em ruínas. Minhas perguntas eram recebidas com acusações. "Você está sendo irracional, Alana. Tão paranoica. O que deu em você?"

Se eu ousasse apontar o óbvio - seu comportamento cada vez mais distante, o cheiro persistente do perfume dela, as ligações tarde da noite que ele atendia em tons sussurrados - ele virava o jogo contra mim. "A Fernanda tem uma vida difícil, Alana. A situação familiar dela é complicada. Ela precisa de um amigo. Você é tão egoísta que a inveja até mesmo disso?"

Eu definhei sob seu bombardeio constante, minha confiança se erodindo como areia em uma tempestade. Meu espírito, antes tão vibrante, parecia uma bandeira esfarrapada, mal se segurando em seu mastro. Não foi até eu encontrar as mensagens, explícitas e inegáveis, que o horror completo de sua traição realmente me atingiu.

O celular dele estava desbloqueado no balcão. Uma enxurrada de mensagens de Fernanda, detalhando encontros secretos, apelidos carinhosos, piadas internas. E fotos. Fotos deles, rindo, íntimos, em lugares onde ele me disse que estava "trabalhando até tarde". Minhas mãos tremeram tanto que quase derrubei o celular.

Quando o confrontei com as provas, ele não negou. Ele explodiu. "Como você ousa invadir minha privacidade, Alana! Você está doente, sabia? Obsessiva! Você mexeu no meu celular como uma ladra qualquer!" Ele agarrou meu braço, seus dedos cravando em minha carne. "Você está perdendo o juízo!"

Eu me olhei no espelho naquela noite, meu reflexo uma estranha pálida e magra com olhos assombrados. Ele me convenceu, ou quase me convenceu, de que eu era o problema. Que minhas suspeitas eram infundadas, minha dor exagerada. Mas as mensagens, as provas físicas, elas estilhaçaram suas mentiras. Eu finalmente o vi como ele era. Um mentiroso. Um traidor. Um manipulador. Naquela noite, a palavra "divórcio" se solidificou em minha mente, não como uma ameaça, mas como minha única fuga.

Mas ele não me deixava ir. "Não vou deixar você tomar uma decisão precipitada, Alana", ele dizia, rasgando os papéis. "Você está emotiva. Não está pensando direito."

A verdade era que ele não queria o escândalo. Ele não queria perder o prestígio, ou a vida confortável que eu lhe proporcionava. Ele queria me manter presa, uma esposa troféu silenciosa e sofredora enquanto ele continuava seu caso sórdido.

Então, a humilhação final. Uma foto, postada publicamente nas redes sociais de Fernanda: a mãozinha de um bebê segurando o dedo de Caio. Um anel de diamante brilhando em seu próprio dedo. A legenda dizia: "Nossa pequena família está completa. Tão abençoada por ter meus dois amores." O mundo viu antes de mim. Meu marido. Nossa casa. Outra mulher. Outro filho. E ele ainda se recusava a assinar os papéis do divórcio.

O jovem Caio, ainda segurando os papéis de divórcio amassados, me encarava, seu rosto uma máscara de horror. "Isso... isso não pode ser verdade. Eu nunca... eu nunca faria isso com você, Alana. Eu juro!" Ele estava tremendo, um som cru e gutural escapando de sua garganta. "Por favor, me diga que não sou eu. Me diga que eu não me torno esse homem."

Ele tentou encontrar uma desculpa, um pingo de esperança. "Talvez... talvez haja um mal-entendido? Talvez eu tenha sido coagido? Manipulado?" Ele olhou para mim, desesperado para que eu concordasse, para que eu lhe dissesse que seu eu futuro não era um monstro.

Mas meu silêncio cansado, a dor profunda e oca em meu peito, foi resposta suficiente. Seus ombros caíram, a esperança fútil se esvaindo de seu rosto. Seus olhos azuis, antes tão cheios de luz, nublaram-se de desespero. Ele caiu no chão, lágrimas escorrendo por seu rosto, lágrimas genuínas e de coração partido.

Meu antigo eu, a Alana que se apaixonou por ele, teria corrido para confortá-lo. Mas aquela Alana já havia morrido, enterrada sob anos de traição e manipulação. Ainda assim, um estranho aperto na garganta me fez parar.

"Há um período de reflexão de 30 dias após o pedido", eu disse suavemente, o jargão legal um contraste gritante com sua emoção crua. "Se você assinar, eles serão protocolados. Depois disso, só esperamos um mês, e então é definitivo."

Ele olhou para mim, seus olhos avermelhados, agarrando-se às minhas palavras como um homem se afogando a uma tábua de salvação. Um mês. Trinta dias. Para ele, era uma eternidade de pavor. Para mim, era a contagem regressiva para a liberdade.

"Você vai assinar, Caio?", perguntei, minha voz calma, mas com uma firmeza subjacente.

Ele respirou fundo, trêmulo, seu olhar fixo nos papéis em sua mão. Ele pegou a caneta, a mão ainda tremendo. Ele me olhou uma última vez, um apelo silencioso em seus olhos, mas não encontrou conforto ali.

Sua assinatura, ousada e clara, apareceu na linha pontilhada. A tinta borrou levemente quando uma lágrima caiu, uma mancha úmida e gritante no documento oficial. Seu eu futuro havia recusado por anos, mas este jovem idealista, em seu amor inabalável por mim, os assinou em menos de um minuto.

"Eu ainda não entendo", ele sussurrou, a voz rouca, "mas se é isso que você precisa... eu faço. Só me diga... o que aconteceu para me tornar assim?"

Olhei para o rosto jovem e de coração partido, depois para os papéis assinados. O período de reflexão havia começado. O começo do meu fim, e talvez, o começo dele.

Continuar lendo

COPYRIGHT(©) 2022