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Um Bebê Inesperado para o Subchefe

Um Bebê Inesperado para o Subchefe

img Romance
img 5 Capítulo
img J.C. Rodrigues Alves
5.0
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Sinopse

Um mafioso mal-humorado, uma mulher com um pato... e um casamento que não estava nos planos de ninguém. Matteo Corleone é o cérebro da Famiglia Corleone - sério, calculista e com mais afinidade por contratos do que por sentimentos. O problema? Seu irmão caçula resolve se casar em Las Vegas com uma desconhecida... e rompe um acordo com a poderosa Família Romano. Para evitar um banho de sangue em Roma, Matteo se vê obrigado a ocupar o lugar do irmão e se casar com Bianca Romano - herdeira mimada, viciada em flamingos e absolutamente obcecada por um casamento de contos de fadas. Determinando que merece pelo menos UMA última noite de liberdade, Matteo vai à própria despedida de solteiro... e abandona a festa no meio, entediado. No caminho de volta, uma tempestade o deixa preso na estrada. É aí que ele conhece Cecília: uma mulher encharcada, esbravejando no meio da chuva e... tentando resgatar um pato fugitivo chamado Frederico. Uma carona forçada... um motel com apenas um quarto... e uma certa tensão no ar fazem a história tomar rumos completamente inesperados. Quando um testezinho de farmácia aparece na equação, Matteo vai descobrir que controlar um império do crie é muito mais fácil do que controlar o próprio destino.

Capítulo 1 1

Matteo

A música estava alta demais.

A iluminação do lugar parecia uma sequência de socos de néon no meu cérebro, e o cheiro de perfume barato, uísque derramado e suor perfumado está me dando vontade de atirar em alguém. De preferência, no Giovanni.

- Aproveita, irmão! - ele grita por cima da batida ensurdecedora, com um sorriso idiota no rosto e uma dançarina seminua pendurada no pescoço.

Aproveitar. Como se essa fosse minha ideia de diversão.

Meu olhar percorre o salão privado - reservado exclusivamente para mim - repleto de corpos que se esfregam como se fosse o fim do mundo, garrafas caras sendo derramadas como se fossem água e uma stripper vestida de policial tentando me algemar à cadeira.

- Encosta mais e eu quebro seu pulso. - Minha voz é baixa, mas clara. A mulher empalidece e recua, murmurando algo antes de sumir no meio da fumaça e do glitter.

Não é culpa dela. Ela só está fazendo o trabalho dela. O problema sou eu.

Estou cansado.

Cansado da encenação, das alianças forjadas com sangue e chantagem, dos sorrisos falsos em jantares de família onde todos estariam mortos se o sal não tivesse sido bem distribuído na mesa.

E agora, como grande presente de casamento, serei unido a Bianca Romano. A mulher que tem mais maquiagem que caráter e acha que flamingos são um símbolo de poder.

Aperto os dedos ao redor do copo de uísque. O gelo tilinta, irritante. Giovanni aparece ao meu lado novamente, rindo de alguma piada que não ouvi, e me dá um tapa no ombro.

- Qual é, Matteo, para de cara feia. É sua despedida de solteiro. A última noite de liberdade.

- Liberdade é um conceito relativo quando você nasce dentro de uma jaula dourada - respondo.

Ele faz careta.

- Que dramático. Você só vai casar com uma mulher bonita, rica e com bom gosto para rosa choque. Pode ser pior.

- Poderia ser você no meu lugar.

- Ah, não. Eu já tenho uma esposa. - Giovanni dá um sorriso orgulhoso e olha para o celular, provavelmente trocando mensagens com Aurora com quem casou bêbado em Vegas. - E ela faz os melhores nachos que eu já comi. Bianca não tem chance.

Levanto. O terno escuro que uso está amarrotado de tanto eu me mexer desconfortavelmente. O ar da boate parece mais denso, e minha paciência está no limite.

- Eu vou embora.

- O quê? Agora?

- Sim.

- Cara, você não pode simplesmente sair da própria despedida. É tradição! É...

- Giovanni - interrompo, encarando-o -, se tradição é a desculpa que usamos pra justificar decisões ruins, então talvez todas as tradições mereçam ser queimadas.

Ele pisca, confuso. E pela primeira vez em horas, fico em silêncio.

Atravesso o salão como se fosse uma cena de câmera lenta. Música alta. Risos forçados. Mulheres tentando parecer mais interessantes do que são. Homens medindo suas carteiras com os olhos.

Nada disso é meu mundo. Nunca foi.

Sou feito de controle. Estratégia. Discrição. E estou prestes a me casar com uma bomba ambulante de drama pastel rosa.

Perfeito.

Do lado de fora, a chuva começa a cair como uma maldição poética. Subo no carro antes que meu motorista diga qualquer coisa e apenas murmuro:

- Dirija.

- Para onde, senhor Corleone?

- Não sei. Só... longe daqui.

A tempestade engole a cidade. Relâmpagos iluminam o céu como flashes de uma câmera divina prestes a registrar minha ruína. O carro avança pela estrada, as gotas batendo forte no vidro, os pneus cortando a água com violência.

Não quero ir para casa.

Não quero encarar o buquê que Bianca escolheu, com penas e pedras falsas que "simbolizam o equilíbrio entre poder e delicadeza" - segundo ela.

Só quero silêncio.

Um raio corta o céu e atinge uma árvore metros à frente.

- Merda! - o motorista grita, freando bruscamente.

A árvore cai, bloqueando a estrada. O carro derrapa, para de lado, e por um instante, tudo fica quieto. Só o som da chuva.

- Vou verificar. - digo, já abrindo a porta.

O vento me atinge como uma bofetada molhada. Caminho até o obstáculo com os sapatos encharcando instantaneamente. Tento avaliar se é possível mover a árvore ou se precisaremos chamar ajuda.

É então que ouço o grito.

- SAI DAÍ, FREDERICO! EU JURO PELA ALMA DA MINHA TARTARUGA QUE SE VOCÊ MORRER DEBAIXO DESSA LATA VELHA EU ENTRO EM LUTO!

Franzo a testa.

Viro a cabeça e vejo uma mulher completamente molhada, o guarda-chuva virado ao contrário, ajoelhada ao lado de um carro quebrado... gritando com algo debaixo dele.

Não com alguém.

Com algo.

Dou mais alguns passos. E aí vejo.

Um pato. Um maldito pato.

A mulher tenta empurrá-lo com o braço. Ele grasna em protesto.

- Você é o pior pato do mundo! Ingrato! Eu te dei pão sem glúten, porra!

Sinto uma risada escapando, involuntária.

Ela se vira, me encara como se eu fosse o próprio mafioso genérico de um filme B.

- Tá rindo do quê, paletó ambulante? Vai ajudar ou vai ficar olhando feito um figurante da máfia?

Paletó ambulante?

- Você está brigando com um pato.

- E você está plantado aí no meio da chuva com cara de vilão de novela. Estamos empatados.

Cruzo os braços.

- E se eu dissesse que sou um mafioso?

- Eu diria que falta carisma. Mafiosos de verdade sabem sorrir.

A mulher me enfrenta sem piscar. Cabelos grudados no rosto, olhos faiscando. E ali, naquele exato momento, percebo:

Minha vida está prestes a sair completamente do controle.

E talvez, pela primeira vez... eu queira isso.

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