Prólogo
- Você roubou a porra das minhas drogas.
O pé na minha garganta me pressiona ainda mais para o frio pavimento arranhado. Eu suspiro, meus dedos arranhando os tornozelos carnudos. A pele dele não se move; minhas unhas são curtas demais para quebrar a carne que eu estou tão desesperadamente raspando. Isso não faz nada para movê-lo ou enviá-lo para longe. Em vez disso, ele empurra mais duro, cortando mais do meu ar.
- Isso não é exatamente como isso aconteceu, - eu coaxo, lutando.
- Você deveria ter entregado; em vez disso você as vendeu porra e correu com o dinheiro.
Ele está certo sobre isso. Eu peguei as drogas e vendi. Eu tinha um bom motivo - o meu namorado estava com problemas, e eu faria qualquer coisa que eu pudesse pra vê-lo fora de problemas. Eu não pensei no futuro. Eu não sabia que eu ia me ferrar devendo dinheiro a um traficante descontente. Não é o meu melhor momento, isso é uma maldita certeza.
- Eu não tive escolha... Eu estava ajudando alguém muito importante para mim.
Ele aperta a bota ainda mais para baixo na minha garganta, e meu ar se reduz a um nível perigoso. Minha cabeça dói quando o sangue e oxigênio são cortados do meu cérebro.
- Eu aposto que essa pessoa não está aqui te ajudando esta noite, agora, não é?
Não, ele está certo sobre isso. Samuel provavelmente está dormindo com outra pessoa. No momento em que sua dívida foi paga, ele me deixou. O filho da puta sujo me deixou. Agora eu estou lidando com o problema. Um traficante de drogas furioso que quer seu dinheiro.
O dinheiro que eu não tenho.
- Eu não tenho, - eu suspiro, - uma chance de conseguir o seu dinheiro?
Ele olha para mim com os olhos cinzentos de raiva. Eu me contorço novamente quando minha visão começa a ir embora e voltar. Merda, eu vou desmaiar e ele provavelmente vai me matar, ou pior, arrastar o meu corpo indefeso para longe e fazer sabe Deus o que com ele.
- Eu tenho d-d-d-dinheiro, - eu coaxo.
- Se você tivesse dinheiro, você não teria roubado minhas drogas.
- Eu... - Deus, eu estou no limite. - Eu posso conseguir. E-e-e- e-eu juro.
Ele olha para mim, e por um segundo ele faz minha visão desaparecer. Então, para meu alívio, ele levanta a bota, lançando meu corpo fraco para cima. Ele me puxa para perto, tão perto que nossos narizes se tocam. Meus joelhos balançam e eu tenho que empurrar todo o meu foco para não cair de cara no chão e dar a ele outra chance de me esmagar.
- Escute, e escute bem porra. Você tem duas semanas, e confie em mim, isso sou eu sendo generoso pra caralho. Consiga o meu dinheiro, ou vamos acertar nossas contas de outra maneira.
Merda.
Concordo com a cabeça.
- Não tente fugir. Se você tentar, eu vou te encontrar.
Eu fecho meus olhos, tomando uma respiração profunda e acenando novamente.
- Duas semanas.
Em seguida, ele se foi.
E eu sei... Eu apenas sei... Eu estou em uma merda muito, muito fodida.