PARIS | 23:00
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Não consegui dormir de imediato. Alessa está aqui ao meu lado e isso me tira o sono de tanta ansiedade!
- Tenho que saber mais sobre essa paixão que sente por mim - suspirei admirando dormir encolhida -, o que Vittorio aprontou? Ninguém se apaixona assim do nada e quando nos conhecemos era só uma criança, sei que deve ter o dedo dele, é só questão de tempo para descobrir.
Peguei meu celular e enviei uma mensagem para Andrea e Emilia avisando que Alessa não tem conhecimento que sou seu noivo e deve permanecer dessa forma, assim que recebi o retorno de Emilia repousei o telefone na mesinha de cabeceira, pois sei que Andrea ainda está retornando para Piemonte.
Respirei aliviado por Alessa estar bem e segura comigo e não contive o riso por ter conseguido salvá-la sem muito sacrifício.
Estava cochilando quando escutei gemer ao virar de barriga para cima.
- O que a faz resmungar tanto de dor? - balbuciei curioso.
Tornou a reclamar quando ficou de frente para mim e ainda dormindo franziu o cenho.
Liguei a luz do abajur e suspendi a camisa para ver se o espartilho a machucou de alguma forma, mas fiquei com ódio de admirar seu abdômen cheio de hematomas.
- Espero mesmo que todos que estavam lá tenham morrido dolorosamente. - puxei o cobertor para nos aquecer devido à noite fria.
Ainda estressado me aproximei mais, com cuidado coloquei-a deitada em meu braço e deixei o sono me dominar.
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04:00
Despertei com meu celular tocando e vi ser Andrea, me desvencilhando dos braços dela contra minha vontade e prontamente o atendi.
- Sim!
- Chefe, acabei de chegar e pode deixar que avisarei para o meu pessoal sobre sua exigência quanto à minha senhora. - saindo da cama sigo até a janela - Passarei em meu apartamento para tomar um banho e seguirei para casa do Sr. Amatto de modo a executar suas ordens. - falou tudo tão rápido que me deu dor de cabeça.
- Andrea, e Ângelo como foi? - curioso questionei.
- Chefe todos que se encontravam no lugar até os D'Ângelo iniciarem o serviço, foram mortos e o tal Franco torturado até falar onde era o esconderijo.
Fico muito feliz de ouvir isso. Só de conseguirem salvar as demais já me deixa muito contente.
- No local matei uma velha chamada Madame pessoalmente, porque as meninas disseram que ela batia muito na minha senhora. Também peguei a mochila dela e seus desenhos que ficaram lá.
- Ótimo e só por isso receberá de presente o triplo do seu salário esse mês. - escutei tossir e sei que se engasgou - Um ótimo dia para nós, necessito desligar até mais tarde.
- Até chefe e obrigado! - finalizei caminhando para a cama e me deitei junto dela.
Fiquei admirando enquanto dormia por um bom tempo.
Devo resolver imediatamente a questão de suas roupas, já que o nosso voo tem que sair daqui às 08:00 para chegarmos a tempo de almoçar com o Sr. Lazzo, visto ter me convidado para a refeição e como foi bem cordial resolvi aceitar.
Faço uma ligação para recepção pedindo para falar com o gerente Murilo e não demorou que sua voz entrasse na linha.
- Bom dia! Sr. Maceratta, em que posso ser útil?
- Bom dia! Preciso de roupas para minha noiva, desejo um belo vestido, sapatos e uma jaqueta, por obséquio. - desferir minha exigência.
- Sim, senhor, tem alguma preferência? - lhe informo tudo que é necessário - Às 06:00 estará aí na sua suíte, obrigado.
- Eu que agradeço. - desliguei e voltei a admirá-la.
Como ainda era cedo, aproveitei para checar meus e-mails e responder os mais importantes. Permanecia tudo na mais perfeita paz até Vittorio me ligar e meio redutível atendi.
- Domenico, por favor, me dê notícias da minha filha. Seu cão de guarda acabou de vasculhar minha casa e levou pertences da minha amada Alessa. - respirei fundo para conter minha vontade de xingar esse miserável.
- Está bem e comigo, isso é tudo que você deve saber. Tenha um ótimo dia.
- Traz minha filha. - desliguei de modo a não estragar minha manhã com suas ladainhas.
- Filho da puta, asqueroso. - praguejei antes de voltar para a cama.
A hora passou e não consegui dormir novamente, fiquei abraçado com ela até me sentir incomodado e levantar. Resolvi tomar um banho para adiantar nossa partida.
Fui para o banheiro e iniciei minhas higienes matinais, durante todo processo fiquei pensando que de um jeito ou de outro vamos nos casar, então para que esse jogo! - Darei a ela o direito de decidir o que quer fazer.
Finalizei meu banho, me enrolei na toalha e fui para o quarto, desse modo abri a porta e notei que se encontrava acordada.
Bom, ela não fugiu como disse que faria, talvez queira realmente participar de tudo isso.
- Bom dia! - cumprimentei e não fui respondido - Bom dia!
Novamente e não obtive resposta. Notei estar paralisada deitada na cama me olhando estranho. Preocupado fui até ela e segurei seu rosto forçando-a olhar para mim
- Bom dia! - usei um tom persuasivo para obter sua atenção.
- B-bom dia! - gaguejou com o rosto ruborizado - Você.
Negou com a cabeça saindo da minha mão.
- Isso não pode acontecer! - alterada, declarou.
- Isso, o quê? Não fiz nada, só toquei seu rosto. Falei contigo três vezes e não me respondeu por isso me aproximei. - esclareci minha atitude.
- Estou bem, e você não pode ficar assim na minha frente, me respeita! - bradou, fugiu de mim, contudo segurei sua perna - PARA! - Gritou.
- Shhh. está gritando por quê? - ainda vermelha observo olhar meu peito e pude entender o que a estava deixando dessa forma - Não irei machucá-la, já afirmei isso!
- Por favor, me solta! - atendendo seu pedido, andei até minha mala para pegar uma cueca - Vou me banhar, posso? - nem preciso de aposta para saber que foi ironia e ganhou minha atenção por conta disso - Ou a vossa pessoa quer tomar banho comigo?
- Me subestime. Será divertido! - murmurei com ironia - Até que não seria uma má ideia.
Pensando bem, deveria aproveitar a oportunidade e me oferecer para lavar suas costas. Disposto a saber se foi ironia, ou não, olhei para sua face.
- Isso é um convite ou está sendo debochada? - questionei enquanto vestia uma cueca para não calhar da toalha cair e deixá-la ainda mais sem graça - Lembro-me que fiz uma pergunta e estou no aguardo da resposta!
- Só quero saber se posso tomar um banho decente. - nervosa me explica.
Estava prestes a lhe responder quando alguém bate na porta e sei ser o Murilo. Ainda de cueca fui recebê-lo.
- Ei! Você atenderá assim? - Com as mãos na cintura questionou, e posso até cogitar que tal atitude possa ser fragmentos de ciúmes.
- Algum problema? - contestei - Pegarei suas roupas ou você quer sair com minha camisa?
Mortificada me encarou, só que não me respondeu.
- Já volto. Saímos em 40 minutos, então vai logo para o banho que ainda temos que tomar café antes de irmos. - Informei, vendo-a seguir para o banheiro.
Suponho que está com ciúmes e talvez tenha chance de fazer com que se apaixone por mim como sou de verdade. - Pensando nisso, sigo para buscar as coisas dela.
Abri a porta e o gerente, que conheço muito bem, veio com três caixas imensas nas mãos. O deixei passar e juntos fomos até à mesa na sala de estar da suíte.
- Bom dia! Novamente senhor. Trouxe três para que escolhesse a da sua preferência. - concordei indo buscar minha calça - Fui pessoalmente executar suas exigências.
- Muito obrigado Murilo, confio no seu profissionalismo e sei que todos são lindos, então ficarei com às três e duas dessas caixas, poderia, por favor, despachar com minha mala para o aeroporto e pode dar início ao meu check-out. Ah! Informo-lhe que voltarei muito em breve para passar minha lua-de-mel aqui. - declaro, visto que amo esse hotel - Posso? Perguntei apontando para as caixas.
- Claro, senhor. - me ajudou a abrir às três.
Realmente são lindos, fiquei com o vestido azul de margaridas brancas, as botas e jaqueta na cor café, pois o tom cai muito bem sobre o vestido e reparei que tem uma bolsa de alcinha fina em um tom idêntico. - Ela ficará linda!
Coloquei tudo dentro de uma caixa só, os sapatos e a jaqueta junto a um saquinho que nele contém uma calcinha e meias para as botas não machucarem seus lindos pés. Olhei o vestido e resolvi colocá-lo por cima. Sei que apreciará já que é do estilo que costuma usar. A bolsa deixei do lado de fora, sendo que tenho ótimos planos para ela.
- Sua mala, senhor. - antes de entregar, retirei o resto da vestimenta e uma grande quantia de dinheiro, uma parte dei-lhe por ser perfeito como sempre, em seguida entreguei a mala junto as caixas - Muito obrigado, e estou ansioso por seu retorno. Mais uma pergunta, o check-out será entregue aqui?
- Não, leve ao restaurante e peça ao chefe para fazer meu café do jeito que gosto e por gentileza, fique atento, porque a minha noiva fará o pedido dela. - Enunciei fechando minha camisa.
Fiquei pensando em como deixar todas as informações sem ter que chamá-la e avistei um bloco de notas sobre a bancada próximo ao telefone. - Já sei!
- Deixarei um bilhete colado ao lado do elevador por gentileza, não deixe ninguém o retirar, mia Bella nunca esteve aqui e será evidente sua curiosidade quanto a localização do restaurante.
- Como achar melhor. Até logo! Abro a porta para passar e volto a me arrumar.
Terminei de me vestir e deixei a caixa sobre a cama, voltei para a sala e comecei a escrever os bilhetes e em cada um coloquei o que poderia, de fato, acontecer e com um sorriso bobo me permiti ser tudo que idealizei para ela. - Minha melhor versão.
Com todos eles prontos, coloquei-os em seu devido lugar. Vi o dinheiro na bancada e o guardei na bolsa a dependurei na maçaneta e na porta ao alcance dos seus olhos depositei um dos bilhetes.
Estou confiante que a deixará com um sorriso no rosto.
Tudo pronto, saí ao encontro do restaurante. Assim que o elevador abriu, colei o último bilhete e segui meu caminho. Na minha mesa de sempre me sentei.
Caso ela venha, coisa que desejo muito que aconteça, descobrirei o que a fez se apaixonar por mim sem nem me conhecer direito.
O Domênico de anos atrás já nem existe mais, evolui muito e tenho medo de não ser o que se espera. Pensando nisso, me bateu uma coisa que não sinto há anos! Uma enorme insegurança.
Mesmo sabendo do nosso casamento, ainda assim, quero que aconteça com ela me amando como sou de verdade e não uma versão inventada, pois se conheço bem o Vittorio deve ter me narrado de um jeito muito fantasioso. Preciso que venha e me dê a oportunidade de me apresentar corretamente.
Sai dos meus devaneios quando meu telefone tocou. E presumo que Andrea já deve ter feito o combinado. Atendi levando, ao ouvido.
- Chefe! Posso te fazer uma pergunta? - seu tom de voz não é dos melhores.
- Diga! - curioso, respondo prontamente.
- Deu detalhes do leilão ao Sr. Amatto?
Não entendi muito bem a pergunta, visto que Andrea trabalha há anos para mim e sabe que não gosto do Vittorio.
- Chefe, preciso que me responda.
- Não! Sabe que não gosto desse miserável! - comuniquei estressado.
- Chefe, suponho que esteja na hora de chamar o Sr. Gaetano! Tem dedo do seu sogro nesse sequestro e quando voltar conversamos melhor.
- Esse velho merece morrer por tudo que já fez com ela. - declarei abertamente - Se realmente estiver por trás desse esquema pagará com a vida! Escutei passos ecoando no salão e ao me virar sou agraciado com seu sorriso.
Ela veio!
- Posso chamá-lo? - a voz grave do andrea me trouxe do mundo da lua.
- Faça como achar melhor. Até mais! Tomarei meu café e em uma hora deixarei Paris.- Boa viagem e até logo! - Finalizo admirando como ficou linda com seus cabelos louros compridos caindo sobre seus ombros.