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A noite estava agradável, com uma brisa suave que fazia as folhas das árvores balançarem em um ritmo tranquilo. O céu noturno estava salpicado de estrelas cintilantes, enquanto a lua minguante lançava uma luz suave sobre o jardim, criando uma atmosfera serena e acolhedora. Sentados no pequeno degrau do quintal, eu e Thiago éramos envolvidos por essa tranquilidade, contrastando com a agitação que havia dominado a mansão momentos antes.
Thiago parecia desabafar sobre a pressão que seu pai exercia sobre ele, insistindo para que fosse perfeito e seguisse as regras para não manchar o nome da família Sinclair. Seus ombros estavam tensos, e seu olhar refletia seu desânimo.
- Ele diz que eu preciso me casar, sossegar e construir uma família - afirmou Thiago, sua voz carregada de desânimo. - Mas não é isso que eu quero.
Sua confissão ecoava no ar, cheia de um peso emocional que era quase palpável. Eu o ouvia atentamente, sentindo-me tocada pela sinceridade de suas palavras e pela vulnerabilidade que ele demonstrava naquele momento.
- E você não quer... se casar? - perguntei, tentando entender melhor sua situação.
Thiago suspirou, parecendo ponderar suas palavras antes de responder.
- Não, pelo menos não de forma arranjada. Eu quero mostrar que posso ser feliz sozinho, que não preciso de um casamento para isso. Sabe, eu nunca me apaixonei. Sei que devo estar parecendo um mimado - ele admitiu, com um tom de autocrítica -, mas não quero. As mulheres só dormem comigo porque sabem que sou rico. Nunca encontrei alguém que fosse diferente disso.
Enquanto ele falava, eu podia sentir a sinceridade em suas palavras e a solidão que parecia acompanhá-lo, apesar de toda a sua riqueza e beleza. Thiago não era apenas um homem rico, ele era também um homem em busca de algo genuíno e significativo em meio ao mundo de superficialidades em que vivia.
- Então procure alguém. Conheça alguém, se apaixone. Só então, assim, se case. Dessa maneira, você vai agradar seus pais e também a si mesmo - sugeri, procurando oferecer um conselho reconfortante em meio à sua angústia.
Thiago suspirou, parecendo ainda mais desanimado.
- O problema é que eu não encontro essa garota - confessou, sua expressão refletindo uma mistura de frustração e resignação.
Compreendendo sua dificuldade, senti a urgência de transmitir um pouco de esperança.
- Ela existe, isso eu tenho certeza - disse, colocando minha mão em seu ombro em um gesto de solidariedade. - Qualquer mulher seria feliz em ser amada por você, mesmo que não saiba da sua riqueza. Você só precisa ser paciente e estar aberto para encontrar alguém que compartilhe seus valores e sentimentos verdadeiros.
Ele me olhou, e pude perceber o brilho intenso em seus olhos azuis. Thiago segurou minha mão, e um calor repentino se espalhou pelo meu corpo, fazendo-me sentir uma mistura de emoções. No entanto, diante da lembrança de Fábio e das complicações de um possível envolvimento com o herdeiro dos Sinclair, senti um nó se formar em minha garganta e afastei minha mão suavemente.
- Talvez seja você essa garota - ele sugeriu, com um tom de sinceridade que me fez estremecer por dentro.
Internamente, refutei a ideia veementemente, sabendo que não era verdade. Mas preferi não expressar meus pensamentos em voz alta.
- Boa noite, senhor Sinclair - murmurei, desviando o olhar e me afastando lentamente,
- Espera - ele segura minha mão.
Fico parada, sentindo meu coração pulsar com intensidade. Sua mão é tão grande e firme, envolvendo a minha com uma sensação reconfortante.
Thiago se levanta com facilidade, mantendo seu olhar fixo no meu.
- Posso ajudá-lo? - pergunto, tentando disfarçar a confusão que tomava conta de mim.
Ele parece hesitar por um momento antes de responder.
- Desculpe, não queria te ofender - diz, sua voz em um tom de sinceridade.
Movimentei a cabeça em um gesto afirmativo, indicando que tudo estava bem, e esbocei um sorriso forçado. Sem dizer muitas palavras, me despedi brevemente e segui meu caminho de volta para dentro da casa. Decidi que era hora de tomar um banho e finalmente trocar de roupa. Afinal, após todos os acontecimentos daquela noite tumultuada, eu estava exausta e precisava de um momento de paz e descanso
Aquela família tinha tantas coisas, tantas posses que pareciam não dar valor ao que realmente importava. Estavam tão ocupados em manter as aparências que pareciam não compreender os valores verdadeiros da vida: o amor, a conexão humana, a importância de estar junto.
Eu daria qualquer coisa para poder cuidar da minha irmã, para poder proporcionar a ela o fígado novo que tanto precisava. Se mamãe ainda estivesse aqui... Talvez as coisas fossem mais fáceis, mais suportáveis. A falta dela era como um vazio constante em meu peito, uma saudade que parecia nunca cessar. Mas mesmo diante de todas as dificuldades e desafios, eu continuaria lutando, perseverando, na esperança de um dia alcançar um futuro melhor para nós
.
Voltei para casa, exausta e com sono, e assim que entrei, fui tomada pelo familiar cheiro de Fabio, o homem que eu amava. Instantaneamente, as lágrimas começaram a brotar dos meus olhos. Por mais complicada que fosse nossa relação, por mais decepções que ele tivesse me causado, eu ainda o amava profundamente. Mesmo agora que estava livre, não sabia se conseguiria encontrar espaço para outro homem em minha vida.
Caminhei até meu quarto e me joguei na cama, deixando que as lágrimas rolassem livremente pelo meu rosto. Talvez fosse melhor esquecer tudo aquilo, seguir em frente e tentar seguir minha vida. Mas a dor da perda ainda doía intensamente dentro de mim, deixando um vazio que parecia insuperável.