- Não vem com essa, cara, você sabe o que fez. - Adrian perdeu a paciência e sacou a arma da cintura para mirar na cabeça do rapaz. - Você acha que eu não tenho coragem de atirar no meu próprio irmão?
- Calma, calma! - O garoto levantou as mãos mais assustado. - Foram só duas minas, cara. Eu posso trazê-las de volta.
- Sabe de quem uma delas é filha seu bosta? - Adrian apertou o cano contra a cabeça do irmão. - Sabe, seu merda?
- Eram garotas, cara. Achei elas por aí.
Adrian empurrou o rapaz com tanta violência que o fez tropeçar e cair no chão. Um grito de dor escapou dos lábios do rapaz enquanto seu irmão caminhava de um lado para o outro em fúria. Depois de um instante de raiva, Adrian mirou a arma em Pietro outra vez.
- Abre essa merda do Google e digita o nome Francesca Bianchi. - Pietro tentou fazer o que ele mandou, mas um calafrio o paralisou e isso enfureceu ainda mais o homem armado. - Mexe essa bunda, caralho!
Pietro digitou o nome mencionado às pressas e se assustou com o resultado. A garota era neta de um dos maiores aliados da família Ricci, um homem tão poderoso quanto Deus.
- Puta merda.
- Traga as duas de volta antes que esse velho apareça aqui e eu te fure de balas!
Pietro levantou-se depressa e saiu correndo quando Adrian disparou um tiro perto do seu pé. O rapaz ficou assustado e os outros homens caíram na gargalhada, mas logo pararam quando viram o olhar furioso de Adrian.
- Chefe, quer alguma coisa? - perguntou um deles e o grandalhão tatuado suspirou.
- Vão atrás desse idiota e impeçam ele de fazer mais merdas. Eu tenho um encontro importante hoje à noite e ninguém vai me incomodar.
No alojamento da universidade, as meninas se dedicaram o dia todo à procura de uma inspiração que desse vida aos modelos que Eva já havia começado. Entre tecidos, croquis e uma atmosfera criativa, a empolgação delas mostrava o empenho em transformar ideias em peças memoráveis para o desfile. O entusiasmo delas resultava em uma sinergia única, enquanto cada costura e detalhe eram planejados com cuidado para concretizar a visão de moda de Eva.
Alguns dos esboços que Eva fez antes já tinham impressionado sua amiga, mas a estudante insistia em dizer que nada ainda estava à altura do evento. A busca pela perfeição na expressão da moda e da arquitetura seguia, refletindo a determinação incansável de Eva em alcançar um padrão elevado para impressionar o público. A tensão criativa e o desejo de superação tornavam toda a situação trabalhosa, mas Lily já estava acostumada com os ataques de perfeccionismo da amiga.
Ao final do dia, ambas estavam exaustas. O esforço dedicado à busca incessante pela inspiração e à materialização dos modelos consumira suas energias. Os esboços que antes eram simples linhas no papel agora começavam a tomar forma nas mãos habilidosas de Eva e de Lily, que tinha um dom perfeito para costura.
O esforço árduo que elas colocaram na busca pela perfeição se tornava real naquele pequeno quarto e com isso vinha o cansaço palpável, mas a satisfação de ver o progresso era uma recompensa.
- Podemos encher a cara agora? - Lily perguntou com empolgação. A proposta de descontração após um dia intenso de trabalho trouxe um brilho nos olhos das duas e a perspectiva de uma merecida pausa para relaxar surgiu.
- Devemos. - Eva concordou, sentindo a necessidade de liberar a tensão do dia.
Ambas optaram por ficar com a mesma roupa. Eva já havia se desvinculado das peças que usou na noite anterior e agora estava mais relaxada em um vestido rosa com flores vermelhas na barra. O conforto e a descontração do vestuário refletiam não apenas a mudança física, mas também a transição de um dia de trabalho intenso para um momento mais leve e informal entre amigas.
As amigas logo chegaram ao bar perto da faculdade. O lugar estava cheio, mas isso não as incomodava. Uma música animada tocava no fundo e elas se divertiam com as bebidas e as gracinhas dos amigos que viam algo no celular.
Eva recebeu três ou quatro elogios, mas a noite passada não a deixava ir embora com outro. Ela até sonhou com seu gato entrando pelas portas de vidro, mas ele não ia aparecer do nada.
- Manda um recado pro bonitão - falou uma das amigas para ela, mas Eva fez uma cara feia que levou as moças ao seu lado a ficarem curiosas.
- Não anotou o número dele? - Questionaram outras duas juntas.
- Pessoal, não deu tempo. Nem lembramos disso. - Ela contou e todas deram risada.
- Tava com a boca cheia, né amiga? - zoou Gabriel aparecendo entre as garotas.
- Vocês estão demais - ela disse em tom de brincadeira e acenou avisando para Lily que ia dar uma volta. Lily gesticulou querendo ir junto com a amiga. Chegou a esvaziar um copo de Martini depressa, mas Eva recusou a companhia. - Só vou respirar um pouco, aqui tá abafado.
Lily fez um sinal de positivo e Eva finalmente deixou o bar pelas portas dos fundos.
- Ah...
- Abafado, né? - A voz macia lhe provocou um calafrio gostoso. Coisa que só aconteceu na noite passada quando Adrian murmurava em seus ouvidos o quanto a pele dela era suave. - Oi, princesinha.
- De onde vem esse apelido? E como me achou?
Adrian sorriu, relaxado. Ele se aproximou da moça que se encostou na parede. Uma mão de Adrian se apoiou perto da cabeça dela enquanto a outra deslizava pela cintura sinuosa da jovem.
- Você tem uma beleza de princesa de contos de fadas com esse rosto lindo e essa pele macia. - Ele disse com seu hálito doce de bala de mel gengibre. Eva suspirou sentindo seu coração bater forte. - E eu estou de olho em você faz um tempo, já.
- Que estranho - ela brincou. Seus dedos tocaram o pescoço do mais velho que se arrepiou todo. - Você é um perseguidor ou algo assim?
- Algo assim, princesinha. - Eva riu e puxou o rosto do grandalhão para um beijo cheio de vontades.