Capítulo 9 Escola nova

MARY COLLINS

Guardei o celular de volta, saindo do carro após me despedir do motorista que me trouxe aqui. Assim que coloquei os pés para fora, todos os olhares se voltaram para mim. Tentei ignorar todos eles, embora seja uma missão quase impossível, entrando no enorme prédio, a minha mais nova escola.

_ Bom dia.- Cumprimentei a zeladora que estava em um dos corredores.

_ Bom dia, querida.- Soltou um sorriso, quase que me desejando um "seja bem vinda" através do olhar.

_ Gostaria de saber onde fica a sala da diretoria.- Pedi a informação.

Meus pais sempre me ensinaram que não faz mal pedir ajuda, se você precisar é só falar com quem pode te ajudar, melhor do que ficar perdida. Graças a Deus a vergonha não é algo que faz parte de mim, nem poderia ao levar em consideração a vida que tenho.

_ Vamos, eu te guio até lá.- Soltou o sorriso mais gentil que conseguiu, começando a me guiar pelos enormes corredores desse lugar.

_ Obrigada.- Concordei com a cabeça, seguindo ela.

Passamos por uma área cheia de alunos, tendo como exemplo as lideres de torcidas, patricinhas da escola, os bad- boys e os jogadores. Ao menos esses foram os grupos que meus olhos focaram, porque aqui tem uma enorme variedade de pessoas.

_ Aquela não é a Mary Collins?- Uma das patricinhas perguntou assim que passei por ela.

Como eu esperava, não demorou muito para que fosse reconhecida.

Fingi que não escutei nada do que falaram, muito menos virei minha atenção a qualquer um deles. A melhor coisa a se fazer é fingir que nem escutei o que falaram, tentar passar despercebida agora, o quanto eu conseguir antes de não conseguir fugir mais.

_ Chegamos.- A moça avisou assim que paramos em frente a uma grande porta, em um local bem mais tranquilo. Poderia estudar aqui, é bem mais calmo e suave do que os demais locais.

_ Obrigada.- Agradeci antes de bater a porta levemente, recebendo a autorização para entrar.

Assim que eu entrei na sala, a diretora me comprimentou e usou de toda a sua gentileza para comigo. Não sou burra, consigo enxergar muito bem a sua bajulação ou o quanto ama falar o sobrenome da minha família. Tenho total certeza de que nem todos receberam essa simpatia, mas o que eu poderia fazer, não teria como mudar essas coisas.

Após me passar uma folha com todos os meus horários, o número do meu armário em conjunto com a senha. Após finalizarmos tudo ali, ela mesmo me guiou pela enorme escola, apresentando diversos locais. Guardei as coisas, pegando só as necessárias para as aulas de hoje, sendo guiada para a minha sala.

_ Senhorita Collins.- Antes de entrarmos, a senhorita Emilly chamou por mim.- Volto a afirmar que se tiver algum problema, por menor que seja, pode vir até mim. Espero mesmo que tenha uma ótima experiência na escola.

_ Mais uma vez, obrigada.- Segurei a alça da minha mochila.-- Podemos entrar?

Apontei para a porta da sala a qual estamos paradas. Meus pais me ensinaram que é bem melhor encarar as coisas de uma vez, ficar remediando é pior ainda. Uma hora ou outra eu terei que encarar meus novos colegas de turma, o pesadelo que costuma ser o ensino médio. Então quanto antes fizer isso, melhor. Depois esse monstro vai ficando menor.

_ Turma, um momento de atenção.- A diretora pediu assim que entramos, atraindo todos os olhares.

Rapidamente eu fiz um raio x pela turma, tentando segurar a cara de desgosto quando vi a mesma menina que estava no corredor, quem não escondia a felicidade por sermos da mesma turma. Bem, é o que dizem; a tristeza de um, a alegria de muitos.

_ Gostaria que recebessem a nova colega de classe de vocês, a senhorita Mary Collins.- Me apresentou perante a todos.- Deseja falar algo?

_ Dispenso, obrigada.- Neguei com a cabeça, mantendo a mesma reta, mas morrendo de vontade de sentar lá no fundo da sala.

_ Querida, sou a professora Garcia de Literatura, pode escolher um lugar e se sentar.- A linda mulher loira falou comigo, apontando a sala toda. dando-me a permissão para escolher o lugar.

_ Tá esperando o que para sair dai?- A mesma menina que me reconheceu lá fora, mandou o menino ao seu lado, que também senta a sua frente, sair.- Senta aqui.

_ Eu vou sentar em outro lugar, não gosto tanto de ficar na frente.- Dei de ombros.

Sorrir para o menino que parecia se divertir com a situação, voltando a se acomodar em seu lugar. Olhei a sala toda mais uma vez, vendo um lugar vago no meio da sala em todos os aspectos. Na frente costuma sentar os nerds ou aqueles que gostam de chamar a atenção. Ao fundo fica a galera da bagunça, aqueles que não costumam vir para estudar, mas sim para atazanar os outros.O meio, na minha opinião, é o mais perfeito de todo, pois ali sentam os que até brincam um pouco, mas estudam e prestam atenção na aula. Um perfeito equilíbrio.

Sentei no lugar, pegando o meu material. Antes que todos viessem para perto de mim e começassem com as perguntas e bajulações, a professora iniciou a aula. Não sou muito fã de copiar o quadro, prefiro ir marcando os livros e fazendo as minhas próprias anotações com base no que a professora fala. Consigo fazer algo bem bonito, organizado e prático na hora de estudar.

_ Não esqueçam de trazerem o trabalho da semana que vem. Sem me prolongar mais, até semana que vem.- Pegou as suas coisas, saindo da sala.

_ E aí, gatinha?- Um lindo menino moreno, bem atlético e todo garanhão, sentou na minha mesa.

Agora sim começa o meu pesadelo.

_ Seus pais realmente vão abrir uma nova empresa aqui?- Uma outra menina perguntou.

_ Eu amei a sua saia, onde a comprou?- Aquela outra menina, do corredor, perguntou.

_ Antes de darem continuidade ao interrogatório, poderia ao menos saber o nome de vocês? Todos aqui sabem o meu, eu não sei o de ninguém.- Apoiei o meu cotovelo na mesa, olhando bem para cada um deles.

Por mais que eu odeie tudo isso, preciso ser simpática com todos.

_ Me chamo Camila, o meu pai tem uma linha de fast food.- Como eu imaginei, a primeira a se apresentar foi a famosinha da escola.

_ Me fala o nome, qualquer dia eu posso pedir lá e experimentar.- Dei a ideia, recebendo o seu sorriso animado.

Costumo pedir bastante comida quando estou atoa e com fome, então realmente vou experimentar.

_ Vou te mandar o instagram.- Pegou o seu celular.

Concordei com a cabeça, pegando o meu para aceitar a sua solicitação de mensagem. Por coincidência, no mesmo momento eu recebi uma ligação dos meus pais. Estreitei a minha sobrancelha, eles não costumam me ligar no horário de aula, ao menos que seja algo importante.

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_ Mãe.- Chamei por ela assim que atendi, retirando-me da sala para ter mais privacidade.

_ Princess of my life.- Princesa da minha vida.- Vai ter um desfile em Milão essa noite, uma grande marca e fomos convidados. Vamos partir dentro de algumas horas, quer ir?

_ Não, mãe. Eu tenho aula amanhã, comecei hoje, não vou passar uma boa impressão sair mais cedo no primeiro dia e faltar o segundo.- Argumentei no mesmo momento.

_ Você está certa.- Suspirou.- Voltamos logo, eu prometo.

_ Primeiro não vamos almoçar juntos, depois vocês vão em uma viagem a trabalho e vão ficar dias foras.- Coloquei a mão na testa, apoiando as minhas costas na parede.

_ Dear.- Meu pai me chamou.- Voltaremos amanhã a noite.

_ Eu sou grande o suficiente para saber que não vão não, vai surgir um novo compromisso e terão que ficar.-- Suspirei profundamente.

_ Vamos depositar um dinheiro na sua conta, sair com os seus novos amigos e vão ao shopping.- Meu pai logo mudou de assunto, como sempre faz.- Te amamos muito, meu amor.

_ Também amo vocês, boa viagem.- Só suspirei o mais profundo que consegui, desligando o celular.

-*-

_ Está tudo bem?- Camila perguntou assim que voltei.

Para a minha tristeza, aquele grupo de gente continua ao redor da minha mesa.

_ Perfeito.- Forcei o meu melhor sorriso verdadeiro.- Alguém quer ir ao shopping essa tarde?

Apoiei o meu rosto em minhas mãos, olhando para os meus novos amigos. Já que eles vão viajar, eu vou gastar um belo cartão black. Que foi, me parece ser uma troca justa.