Capítulo 5 A resposta está no chá

Ao chegarem ao castelo, Anne pediu que o barão a levasse direto ao jovem Miguel: - quanto mais rápido descobrirmos o que ele tem, maiores são as chances de lutarmos por sua recuperação.

- Não a trouxe aqui para isso; Miguel já está bem assistido pelos médicos do rei.

- Tudo bem. Ainda assim, insisto em vê-lo imediatamente. Talvez meu conhecimento possa ser útil em algum momento.

Anastácia não podia deixar transparecer que desconfiava qual fosse o mal do rapaz mas, sem examiná-lo não poderia ter certeza de nada, e o que sabia era muito pouco para levantar a hipótese de envenenamento. Seu pai sempre a advertia: se não tem como provar, melhor calar-se.

-Tudo bem, se insiste, podemos vê-lo agora.

- Obrigada.

Os muros do castelo abrigavam muitas famílias entre nobres, artesãos, serviçais e, claro, soldados responsáveis pela segurança do castelo e da família real. O barão descendia de família nobre e também servia ao monarca comandando parte da tropa que servia no castelo. No entanto, o mesmo sempre se oferecia em missões fora do castelo, o que o mantinha longe de sua família na maior parte do tempo. Miguel se ressentia com a ausência do pai pois, longe dele, a madastra o negligenciava e até tratava mal. Para não ser desmascarada, usava a desculpa de que o estava educando. Para todos ela se vangloriava de tê-lo adotado como filho e não fazia distinção com os filhos do seu ventre, Conrad, fruto de seu primeiro casamento e que tinha a mesma idade de Miguel e Adam, de 10 anos, filho do barão.

Ao chegarem ao quarto de Miguel, Armando ficou observando flashes de emoções transitarem no rosto de Anne a medida em que ela adentrava o recinto e cumprimentava seu filho - preocupação seguido de alívio e novamente preocupação; - a jovem Rafaela - um leve sorriso curvou seus lábios e o Padre Anthony, tio de Rafaela, que trouxe ao seu rosto um rubor acompanhado de surpresa e alegria. Tudo durou poucos segundos pois a mesma tinha uma habilidade ímpar para ocultar os sentimentos, ao passo que ele precisava se esconder atrás do mau humor o que se passava em seu íntimo. Só que desta vez seu mau humor era movido pelo ciúme que aflorou ao perceber sua reação ao Padre Anthony. Repreendendo-se em pensamento diante dos sentimentos absurdos, forçou-se a prestar atenção a conversa.

Anne segurava uma xicara e observava o seu conteúdo, que estava pela metade. Após inalar o líquido, tocou com a ponta do dedo e levou à língua: - não tenho dúvida, a resposta está no chá. O cheiro está disfarçado por camomila e anis, mas o sabor é possível perceber que contém beladona.

                         

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