- Como todos vocês sabem, Sanders Inc é uma empresa que sempre está em constante mudança. Nós sempre queremos o melhor e oferecemos o melhor, sempre procuramos a satisfação e entregamos a satisfação. Sempre, não importa quem seja, somos, temos o prazer de ser, na verdade, os melhores. É por isso que agora - Sarah conseguia ser bem clara às vezes ( quando não parecia uma louca e estava gritando com todo mundo, o que, em geral, acontecia com muita frequência). Ela apontou para uma TV atrás de si. Sarah era o tipo de mulher desejada por muitos homens, e eu duvido, e muito, que ela seja como eu, uma pobre mortal que não chega aos pés do que ela é. Paradoxal. - Nós decidimos inovar de novo. - Minha atenção é totalmente tomada pelos cabelos loiros lisos e sedosos. Comparada a ela, meus cabelos ruivos que geralmente deixo preso num rabo de cavalo longo parece uma palha. Ai que inveja... ela tem uma cintura tão fina, que me pego todos os dias rogando praga para que a desgraçada exagere na pizza. Sarah é elegante e glamourosa, não me admira que ela tenha um caso com Jace. Ela poderia tê-lo facilmente num estalar de dedos. Quem quisesse, na verdade. Eu também odeio ela. Odeio por ser linda e por conseguir tudo o que quer. Fala sério... ela parece uma versão humana da Barbie, só que menos esquisita. Apesar de ter 45 e cinco anos. Mordo mais um pedaço do croissant e praguejo internamente. Ela tagarelou mais alguma coisa, o que adora fazer, já que literalmente só grita o dia todo e obriga seus escravos a prestarem serviços. - Cada um de vocês vão pensar numa ideia nova, avassaladora e incrivelmente impactante. - Ela arrasta os olhares dos homens enquanto desliza na frente da TV. Todos estão de olho nela, e quando olho do canto do olho para Jace, após observar as pessoas quase babando, ele ainda está com a mesma cara feia de sempre, com os braços cruzados sobre o peito e exalando tédio. Há boatos de que ele tenha um caso com a chefe, mas ainda nada comprovado. Eu odeio ele por isso, também. Quando percebe que estou o encarando, levanta uma sobrancelha e ergue o braço, abrindo a boca.
- E quanto aos parceiros? Podemos trocá-los? - Ah, a pergunta que ele sempre fazia assim que possível. A cada um mês, havia uma discussão sobre isso. Eu sabia bem o porquê dele não me querer por perto, e ele sabia bem que não queria me ter por perto. Sempre que podiam, todos trocavam de parceiro, mas isso nunca aconteceu conosco. Apesar dele me odiar 100% do tempo, o que eu acho super engraçado - aliás me divirto muito -, nós somos os melhores quando se trata de profissionalismo. Sarah diz que somos excepcionais, e que não importa o quanto ele me odeia, o que importa é se ainda faz sentindo e se ele continua fazendo gostoso... eu não entendi a última parte, mas... - Eu tenho percebido que minha parceira tem se saído muito bem nos resultados gerais. - Porcaria! Isso é um golpe baixo. Ninguém mexe nos meus bombons! A cada super ideia obtida por nossas mentes, ganhamos 2 estrelas. Ao completar 5 estrelas, ganhávamos um prêmio: uma caixa de bombons que Jace gentilmente me jogou na cara - eram deliciosos. Ganhamos as 5 estrelas 3 vezes seguidas e descobri porque ele não aceitava os bombons: ele odiava chocolate. Meu Deus! Quem odeia chocolate? Eu engulo outro pedaço do meu croissant.
- Temo que não haja resposta necessária à sua pergunta, sr. Mackenzie. - Ele torceu a boca, parecendo confuso. - Todos os parceiros vão ser mantidos por tempo indeterminado. Nosso trabalho tem rendido frutos, muitos deles excelentes inclusive. Isso se deve ao total aproveitamento de ideias.
- Na verdade - eu digo, ainda de boca cheia. Me ajeitei na cadeira quando Jace me olhou com os olhos furiosos - eu acho que minha dupla tem dado muito certo. - Agora ele me olha como se quisesse me estrangular. Credo. - E digo mais... somos os melhores. - Dizer essas palavras e ver a cara dele é muito melhor que ter um orgasmo duplo. Se eu ainda estivesse comendo, engasgaria quando segurei o riso.
Bastou dizer aquilo para que toda a sala virasse uma algazarra de vozes. Jace me encava com ódio. Ele apertou os braços cruzados e reclinou na cadeira. Gargalhei por dentro.