Capítulo 8 Espere , disse ele. Eu tenho uma proposta para você.

Phoenix caminhava apressada pelos corredores sombrios da casa dos Flamehowl, o coração martelando dentro do peito enquanto a imagem do encontro desagradável com Blaz Flamehowl ecoava em sua mente. Seus passos ressoavam nos corredores vazios, cada vez mais rápidos à medida que se aproximava da cozinha.

Ao adentrar o aconchego da cozinha, a visão reconfortante de sua mãe, Ruby, retirando o pesado caldeirão do fogão a lenha trouxe um breve alívio para a ansiedade que a consumia. No entanto, a tensão ainda pulsava em suas veias, sua mente revivendo os momentos de constrangimento na sala de jantar.

"O que aconteceu, Phoenix?", indagou Ruby, seu olhar preocupado se fixando na filha.

Com as mãos trêmulas, Phoenix pegou a vassoura próxima à porta e explicou em meio a respirações entrecortadas:

"Preciso voltar para a sala de jantar... Limpar os cacos do prato que derrubei."

A expressão de incredulidade cruzou o rosto de Ruby enquanto ela se aproximava da filha.

"Como você derrubou um prato?", perguntou ela, sua voz carregada de preocupação.

Phoenix encontrou os olhos de sua mãe e despejou a narrativa do incidente, suas palavras fluindo em uma torrente de ansiedade.

"Estava arrumando a mesa quando o senhor Flamehowl apareceu... Fez perguntas sobre a senhora Sylvie e o jantar. Depois, ele... Ele disse que adorava ovelhas mais novas e se aproximou... Eu fiquei nervosa e acabei derrubando o prato."

Ruby estreitou os olhos, uma faísca de indignação brilhando em seu olhar.

"Esse homem...", murmurou ela, sua voz carregada de desgosto.

Determinada a proteger sua filha, Ruby tomou uma decisão rápida.

"Espere por mim", disse ela, sua voz firme. "Voltaremos juntas para a sala de jantar."

Com o caldeirão de sopa em mãos, Ruby liderou o caminho de volta à sala de jantar, Phoenix seguindo-a de perto com a vassoura em mãos. O coração de Phoenix batia com força contra o peito enquanto ela se preparava para enfrentar mais uma vez o olhar de Blaz Flamehowl e o desconforto que ele trazia consigo.

Ao cruzarem o limiar da sala de jantar, Phoenix e Ruby enfrentaram novamente os olhares dos senhores Flamehowl. Blaz estava sentado à mesa, seu rosto marcado pela insensibilidade, enquanto Sylvie observava a cena com uma mistura de surpresa e desdém.

"Desculpe a demora, senhor e senhora", anunciou Ruby, sua voz firme ecoando pela sala. "Phoenix veio limpar os cacos do prato quebrado."

Sylvie ergueu uma sobrancelha, seus olhos varrendo as duas mulheres diante dela. Blaz apenas resmungou algo ininteligível, sua atenção voltada para a garrafa de vinho à sua frente.

Ruby servia a sopa de ovelha, suas mãos habilidosas movendo-se com familiaridade ao redor da cozinha. Enquanto isso, Phoenix agachava-se no chão, catando com cuidado os cacos do prato que havia inadvertidamente derrubado. Seus movimentos eram meticulosos, uma tentativa de evitar o olhar incisivo de Blaz Flamehowl, que observava cada gesto dela com interesse indisfarçável.

Blaz contemplava Phoenix com uma expressão pensativa, sua mente vagueando pelos anos passados desde que a vira pela primeira vez como um bebê desnutrido. Agora, ela havia se transformado em uma bela jovem mulher, e Blaz não pôde deixar de notar o contraste entre a imagem frágil que ela uma vez foi e a mulher forte que se tornara.

Agora, diante dele, estava uma bela mulher, e ele não podia deixar de notar como o tempo transformara a pequena criança em algo tão diferente, tão... tentador.

Enquanto isso, Sylvie, a esposa de Blaz, observava a cena com desprezo evidente em seu olhar. Ela não podia suportar a presença de Phoenix na casa, sempre se sentindo ameaçada pela jovem escrava que despertava a atenção de seu marido. Ela observava cada movimento da jovem escrava com irritação latente, seus pensamentos maquinando maneiras de se livrar dela de uma vez por todas.

Ruby percebeu a tensão no ar e, com delicadeza, interveio, posicionando-se entre Phoenix e o olhar incisivo de Blaz.

"O senhor gostaria de mais sopa?", perguntou Ruby, sua voz suave e amena, tentando desviar a atenção de Blaz para longe de Phoenix.

Blaz assentiu com um aceno de cabeça, seus olhos ainda fixos na jovem.

"Toda sopa é bem-vinda, velha", respondeu ele, sua voz um sussurro rouco.

Sylvie, por sua vez, não perdeu a oportunidade de expressar sua irritação com a presença de Phoenix na sala de jantar.

"Já chega de limpeza, Ruby", interveio ela, sua voz carregada de impaciência. "Essa garota só vai acabar estragando o meu chão se continuar assim."

Phoenix se levantou lentamente, seus olhos encontrando os de Sylvie em um breve momento de desafio contido.

"Como a senhora preferir", respondeu ela, sua voz calma e controlada.

Sylvie não hesitou em dar suas ordens, indicando a Phoenix que ela deveria deixar a sala de jantar imediatamente.

"Vá alimentar os cavalos no estábulo", disse ela, sua voz impregnada de autoridade.

Phoenix assentiu em silêncio, sua expressão neutra escondendo as emoções que fervilhavam em seu interior.

"Com licença", murmurou ela, antes de se afastar, deixando para trás a atmosfera carregada de tensão que dominava a sala de jantar dos Flamehowl.

***

O estábulo da casa dos Flamehowl era um lugar tranquilo, onde o silêncio da noite era quebrado apenas pelo suave relinchar dos cavalos. Phoenix caminhava entre os estábulos, alimentando os animais com cuidado e atenção, enquanto o luar iluminava o céu noturno com sua suave luminosidade. Ela ergueu os olhos para contemplar a lua brilhante, cuja beleza parecia hipnotizá-la.

"Se a Deusa da Lua existe", murmurou Phoenix para si mesma, ecoando as palavras que sua mãe sempre lhe dissera, "por favor, interceda por nós. Por favor, nos dê a chance de sair desta vida e sermos livres."

Enquanto sua voz se perdia na noite silenciosa, ela ouviu os passos pesados se aproximando. Phoenix virou-se lentamente e encontrou o olhar de Blaz Flamehowl sobre si. Seu coração bateu mais rápido em seu peito, mas ela manteve sua expressão firme e determinada.

Blaz observou Phoenix sob a luz da lua, um sorriso sugestivo brincando em seus lábios.

"Você fica muito bonita sob a luz da lua", disse ele, sua voz carregada de insinuações.

Phoenix encarou Blaz com seriedade, sem vacilar.

"Eu preciso entrar", respondeu ela, sua voz firme e inabalável.

Blaz segurou o braço de Phoenix suavemente, prendendo-a em seu lugar.

"Espere", disse ele, sua voz suave e persuasiva. "Eu tenho uma proposta para você."

Os olhos de Phoenix estreitaram-se com desconfiança.

"Eu não me deitarei com você", disse ela, sua voz carregada de determinação.

"Não é isso que estou propondo", Blaz riu, sacudindo a cabeça, seu sorriso tornando-se mais amplo. "Minha proposta é outra."

Curiosa, Phoenix olhou para Blaz e perguntou o que ele queria dizer. Blaz olhou diretamente nos olhos dela e disse:

"Case-se comigo, Phoenix. Torne-se a Senhora Flamehowl."

Phoenix ficou chocada com a proposta inesperada, seus olhos se arregalaram de surpresa.

"Mas já existe uma Senhora Flamehowl", lembrou ela, sua voz carregada de cautela. "A senhora Sylvie, sua esposa."

Blaz sorriu, como se a presença de Sylvie não fosse um obstáculo.

"Eu posso resolver isso", disse ele, seu tom confiante. "Tudo o que você precisa fazer é dizer sim."

Antes que Phoenix pudesse responder, Ruby apareceu no estábulo, interrompendo a conversa. Seus olhos encontraram os de Blaz com desconfiança enquanto ela recordava ao senhor Flamehowl que sua esposa o aguardava.

"A esposa do senhor o está esperando para dormir", disse Ruby com firmeza, dirigindo-se a Blaz.

"Boa noite, Phoenix", despediu-se ele, deixando-a com sua decisão.

Blaz lançou um último olhar a Phoenix antes de se afastar, desaparecendo na escuridão da noite.

"O que ele queria?", perguntou Ruby que encarou sua filha com preocupação.

Phoenix suspirou, sentindo o peso da decisão em seus ombros.

"Ele me propôs casamento, mãe", confessou ela, sua voz embargada.

"O que ele pensa que está fazendo?", questionou Ruby com indignação, sua voz carregada de preocupação. "Você não pode aceitar uma proposta dessas, Phoenix. Ele é o nosso senhor, e você merece mais do que ser amante dele."

Phoenix assentiu em silêncio, compreendendo a gravidade da situação. A proposta de Blaz representava uma escolha impossível entre sua segurança e sua dignidade, entre a servidão e a liberdade.

Enquanto mãe e filha compartilhavam suas preocupações sob o luar, a lua brilhava acima deles, silenciosa e serena, como se estivesse observando atentamente o desenrolar dos eventos.