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Quando abri os olhos um calafrio ainda estava percorrendo pelo meu corpo. Com alivio vi que estava no banco traseiro da camionete dos meus pais. Duque estava dormindo em meu colo, soltando um pequeno ronco de vez em quando. A colcha de retalhos da minha avó ainda estava em volta dos meus ombros. Eu olhei para frente e viu que meus pais estavam conversando sobre alguma coisa engraçada, percebi isso assim que olhei para minha mãe e vi que ela estava sorrindo. Fiquei observando-os por um bom tempo, até que minha mãe percebeu que eu estava acordada e perguntou.
– Te acordamos querida?
Eu não disse nada, simplesmente balancei a cabeça em negativa, mas minha mãe sempre percebia quando tinha algo errado comigo e me lançou aquele olhar interrogatório.
– Está tudo bem?
Eu olhei pra ela e afirmei com um olhar distante, meus pensamentos estavam em outro lugar, onde eu não gostaria de voltar nunca mais. Percebendo que ela não ia desisti afirmei tentando tranquiliza-la.
– Estou bem mãe.
Ela me olhava como se não tivesse acreditado em nenhuma das palavras que tinha acabado de dizer.
– Teve outro pesadelo não foi? – como eu não disse nada ela tomou isso por um sim e suspirou.
– Já estamos quase chegando à praia, quando chegarmos lá você me conta esta bem?
Desviei meu olhar do dela virando para a janela respondendo sem nenhum entusiasmo.
– É pode ser.
Eu sempre tinha pesadelos, eles nunca paravam, nunca melhoravam cada um era pior que o anterior, era raro as vezes que eu sonhava com algo bom, tudo que eu queria era não poder sonhar com nada, mas sabia que isso não iria acontecer, só não sabia o por que.
Olhei pela janela em busca de algo que pudesse prender minha atenção e aos poucos eu comecei a observar o mar, depois mudei minha atenção para a ponte por onde estávamos passando. Estava completamente vazia, o que era incomum naquela época. aquilo não deveria ser importante, foi tudo que passou na minha cabeça. O trânsito nunca tinha sido muito meu ponto forte, então acabei voltando minha atenção de novo para o mar. Ele não era tão escuro como o que tinha naquele sonho, e pensar naquela escuridão toda me causou um pequeno arrepio pelo corpo.
Não era bom ficar pensando nisso, só me causaria mais estresse, então olhei para o cachorro que estava no meu colo e me perguntei "como ele conseguia dormir assim". Comecei a fazer um carinho atrás de sua orelha, ele sempre adorava quando alguém fazia isso. Não demorou muito para que meus pensamentos voltassem para o sonho, e com ele veio uma sensação de formigamento pelo meu corpo. Era suave, algo calmante, que soava como as batidas de um coração, que definitivamente não era o meu. E isso me assustou um pouco, ou melhor, já estava começando a me aterrorizar. "Isso é apenas o nervosismo por causa daquele maldito sonho Dafne! Fique calma." Ok. Eu precisava parar de pensar naquilo. Desviei minha atenção para os bancos da frente e disse calmamente.
– Eu amo vocês, vocês sabem né?
Minha mãe me olhou com carrinho nos olhos e respondeu com afeto na voz.
– Nós também te amamos Lyvin.
Meu pai para não ficar de fora completou em seguida.
– Sempre vamos te amar!
Eu concordei com eles e dei um pequeno sorrizo, eram raros os momentos em que precisávamos dizer aquilo, porque nunca falávamos, sempre estávamos demostrando nosso sentimentos, mas naquele momento eu precisava ouvir, precisava de algo para que me lembrasse. Sentia desesperadamente dentro de mim que aquelas palavras seriam importantes. Olhei novamente para eles e depois para Duque que agora estava roncando no meu colo. Abaixei-me para dar um beijo em sua testa e meu pior pesadelo aconteceu.