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Eu senti uma pancada na cabeça, e o carro começou a girar no asfalto, eu conseguia ver tudo. Como se fosse um filme em câmera lenta e eu fosse a espectadora do lado de fora da tela, vendo tudo com horror. Os vidros se quebraram lentamente, minha mãe foi de encontro à frente do carro e bateu com a cabeça no vidro deixando um rastro de sangue, meu pai bateu a cabeça no volante, e ficou mole como um boneco de pano. O carro começou a capotar no asfalto girando sem parar.
O sinto de segurança não foi forte o bastante para segurar o meu peso e eu fui lançada para fora do carro numa pancada brusca e violenta. Assim que meu corpo atingiu o chão duro girei algumas vezes antes de conseguir parar, eu fiquei estirada no chão a poucos metros do carro. Minha cabeça estava tão pesada e minha mente estava começando a nublar, meus pensamentos foram direto para o pobre cão que estava em meu colo, e fiquei me perguntando onde ele poderia estar.
A escuridão estava me dominando tão facilmente, era só isso que estava em meu redor, eu não conseguia ver nada e a dor no meu corpo começou a se tornar insuportável, alguma coisa esta doendo ali dentro. Não somente a dor física, essa era impossível de não notar, mas uma dor bem maior que essa algo que destroçou o meu coração. Num esforço tremendo eu tentei abrir os olhos, mas minhas pálpebras pareciam estar costuradas, foi um esforço tremendo tentar abri-las. Mas quando consegui minha visão estava embaçada, e a fumaça que estava se formando não ajudava a melhorar isso. O sonho voltou em minha mente no instante em que consegui olhar em volta, mas em vez do mar cheio de demônios, o que eu encarava era o pior pesadelo que já tive.
Tinha sangue por toda parte, e estava se espalhando tão rápido como se uma torneira tivesse sido aberta. O meu próprio corpo estava coberto de sangue. Eu nem sabia o que tinha acontecido direito. Onde batemos? Não havia ninguém na estrada! Eu queria gritar de frustação. Não tinha nada em volta, além do nosso carro destruído, e aquela fumaça horrível. Será que ninguém tinha nos visto. Onde batemos? A pergunta estava fixada em minha mente. Meu corpo estava a alguns metros de distância do que sobrou do nosso carro, que agora estava tão amassado como se fosse frágil como uma folha de papel. Observei a coisa que estava subindo do resto que sobrou do capo do carro, uma fumaça tão preta como aquele mar, e junto com ela veio um cheiro repugnante que fizeram meu nariz arder, aquele cheiro de podridão estava ali de novo, o mesmo cheiro que tinha sentido quando estava de frente para aquele mar monstruoso. Eu conseguia sentir o cheiro da morte.
Aquilo tudo estava acabando comigo, já não estava conseguindo suportar aquela sena toda, nada ali tinha vida, eu sabia disso, sabia que estavam todos mortos, eu conseguia sentir isso no fundo da minha alma, como se fosse algo palpável, que dilacerava meu coração e alma.
Já sabia que isso ia acontecer, aquele sonho tinha dito tudo, eu apenas não quis acreditar. Agora tudo estava acabado, eles tinham morrido e agora era a minha vez. A escuridão estava chegando cada vez mais perto me consumindo aos poucos, voutei meu rosto para cima com o resto das forcas que tinha, era melhor do que ver todo aquele desastre. Mesmo que ele já estivesse entranhado em minha alma, precisava desesperadamente fechar os olhos. Eles estavam ficando pesados cada vês mais e mais, tudo o que mais queria naquele momento era dormir, estava cansada demais para ficar acordada, para lutar pela vida, depois que fizesse isso decidiria lidar com a dor e a perda. No fundo de toda aquela dor ainda existia um pouco de esperança. Talvez aquilo fosse só mais um pesadelo, e tudo que eu precisava fazer era dormir. E todo o cansaço iria embora. Sim eu tinha certeza disso eu só precisava dormir. E logo acordaria daquele pesadelo.
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