Capítulo 6 Pode ficar tranquilo!

VICTORIA

- Shh, quietinha! - Aquela voz...

- Aiden... o que...? - Ele colocou a mão na minha boca.

- Eu disse pra ficar quieta! - Ele rosnou no meu ouvido, e um calafrio passou pelo meu corpo, só que não exatamente de medo. Eu engoli em seco.

- O que pensa que está fazendo? - Apesar do tom ríspido, eu não gritei. Ele se aproximou mais das minhas costas.

- O que você e o Teagan estavam fazendo?

- Não entendi. - Imagens de como Teagan e eu ficamos na cama, apareceram na minha mente.

A boca de Aiden estava praticamente grudada na minha orelha.

- Não? - Ele estava me segurando contra a parede, meu rosto para o lado, e ele fazia isso com apenas uma mão. A outra, agora tocou na lateral do meu tronco e eu deu um pulinho de susto, mas também de prazer. Prazer? Tentei me soltar, mas ele então praticamente se colou em mim e eu senti algo parecido com o que tinha sentido com Teagan, quando este estava debaixo de mim: algo duro me cutucando.

- Aiden, por favor...

- Você deu pra ele? - Aiden perguntou e meu rosto queimou com aquela pergunta!

- Você ficou... louco? - Tentei me mover, porém, era em vão. Ouvi Aiden puxando o ar por entre os dentes.

- Para de se esfregar em mim!

- É você quem está grudado no meu corpo! - Eu o acusei. Como ele se atrevia?

De repente, ele me soltou e eu teria caído, se não estivesse praticamente unida à parede. olhei por sobre o ombro. Aiden me olhava com uma certa malícia.

- Nem pense em nos seduzir! Acha que só porque tem um corpo gostoso vai conseguir alguma coisa? - A forma como ele disse aquilo me fez querer abaixar a cabeça, de vergonha, mas eu não o fiz! - A fruta não cai muito longe da árvore, não é mesmo?

Eu franzi o cenho e o encarei, me afastando da parede.

- O que está insinuando?

- E você ainda pergunta? A sua mãe só está com o meu pai por causa do dinheiro dele. E você parece estar tendo ideias de se aproximar de Teagan e de mim com o mesmo propósito! Claro, porque depois que o meu pai se cansar da sua mãe, você tem que garantir o futuro, não é? A sua mãe é uma vagab... !

Ele não terminou de falar, porque ele podia me xingar o quanto ele quisesse, mas ninguém insultaria a minha mãe na minha frente. Ninguém!

- Lava a sua boca antes de falar da minha mãe! Ela e o seu pai se gostam e estão juntos, por isso! Nesse tempo que eles estão juntos, ela nunca pegou nada dele, nunca viveu em luxo, e eu não admito que fale dela dessa maneira! - Eu estava vendo vermelho e me custou bastante não continuar a bater nele. Naquele momento, eu até mesmo esqueci que ele não era como eu, mas um lobisomem completo e, o pior, o filho de um Alfa. Não qualquer Alfa, mas o próprio Rei!

Apontei meu dedo na direção dele, o que pareceu enraivecê-lo ainda mais, porque ele rosnou. Mas eu não dei pra trás!

- Eu não quero nada com pessoas que não valem o chão por onde andam! Que pensam que podem pisar nos outros, só porque tem um status social mais elevado! - Eu não consegui controlar as lágrimas que desciam pelo meu rosto. Eram lágrimas de tristeza, misturadas com raiva. - E pode ficar bem tranquilo, porque você e o seu irmão não serão seduzidos por mim!

Depois de dizer isso, eu saí dali e voltei para dentro da casa. Por que as coisas não podiam ser tranquilas? Por quê?

Eu realmente pensei que as coisas poderiam melhorar. Minha mãe e eu vivemos numa casa humilde, passamos necessidades muitas vezes, mas, pelo menos, nossas vidas eram tranquilas. Agora, olhando em volta para toda aquela riqueza... eu não me sentia nada feliz.

Não é que eu fosse ingrata, não! No entanto, as coisas não tinham melhorado.

Eu corri para o meu quarto e fiquei lá, deitada, agarrada ao meu travesseiro, e tentando acumular toda a energia necessária para lidar com a minha nova realidade.

O resto do dia e o dia seguinte não foram problemáticos, pois os rapazes não estavam na mansão. O que me agradou muito. Pude passear, conhecer melhor a propriedade. Minha mãe me chamou para comprarmos algumas coisas e eu fui, afinal, fazia um bom tempo que não passávamos tempo de qualidade, juntas.

Ninguém nos perturbou, e, apesar de ter visto alguns estudantes do colégio ali, nenhum deles se atreveu a falar nada. A maioria me ignorou, apesar de alguns me lançarem olhares odiosos. O motivo eu não podia dizer com certeza, mas eu desconfiava que tinha algo a ver com aquela palhaçada que Aiden e aquele outro, o Logan Woods, fizeram.

Logan era lindo, porém, depois da humilhação pela qual ele me fez passar, todo aquele charme definitivamente não me atingia mais. Ele estava li, com mais duas garotas, incluindo Lizbeth, que me olhou de cima a baixo, com um certo nojo, e passou o braço pelo de Logan, como se dissesse "eu venci". Pensei apenas: faça bom proveito!

- Você conhece aquelas crianças? - Minha mãe perguntou, quando estávamos em uma das lojas, no caixa. Ela não olhou em direção ao grupo, porém, eu sabia que ela se referia a eles.

- São do colégio.

Ela sorriu, mas sem humor.

- Foram eles que te machucaram?

Eu engoli em seco. Minha mãe era protetiva, quando ela não estava focada apenas nela.

- Sim. - E eu não mentiria. O pior a se fazer era mentir para a minha mãe. Ela odiava mentiras.

Ela não disse nada, apenas deu uma rápida olhada neles e logo, saímos dali, indo para o carro. Minha mãe se manteve calada durante o caminho e, sinceramente, me assustava mais do que se ela tivesse falado algo. Ela parecia estar pensando seriamente em algo.

Voltei para o meu quarto, tomei um banho e coloquei um vestido simples. Enquanto penteava meus cabelos, uma das empregadas avisou que o jantar seria servido em dez minutos.

- Obrigada! - Ela sorriu e se foi, porém, quando fui fechar a porta, esta não fechou. Eu franzi o sobrolho e tentei novamente e, mais uma vez, parecia ter algo impedindo. - O que é...?

Abri a porta e me deparei com Aiden. Ele parecia furioso.

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