Capítulo 5 Devolva!

VICTORIA

Teagan estava sentado na minha cama, segurando um frasco.

Olhar para ele me fez lembrar da traição cometida por ele. Andei a passos duros e tentei pegar o frasco, porém, ele afastou a mão.

- Eu perguntei: o que é isso?

- Não é da sua conta! - Respondi, sem paciência. - Devolva!

- Quando o seu Alfa pergunta...

- Você não é o meu Alfa! - Retruquei e vi o olhar dele ficando mais escuro. Teagan estreitou os olhos para mim. - Você é um dos futuros Alfas Reis. Mas, por enquanto, o título não é seu!

Pude ver o maxilar dele trincando. Que droga! Por que ele tinha que ser tão bonito? Eu quase me distraí e esqueci, por um segundo, quem era aquele indivíduo!

Então, um leve sorriso brincou nos lábios dele, deixando-o ainda mais charmoso.

- Vem pegar.

Eu o encarei, colocando ambas as mãos na cintura.

- Que tipo de resposta infantil é essa? - Perguntei e ele deu de ombros.

- Se não quer, eu vou levar comigo. - Ele começou a colocar o frasco no bolso da jaqueta, e eu senti que não teria outra chance. Fiz o que era óbvio: pulei em cima dele. Só que ele era mais rápido do que eu tinha inicialmente previsto e, claro, trocou o objeto para a outra mão.

- Me... dá! - Eu reclamei, tentando recuperar o frasco, enquanto ele ria e trocava de mão, sempre que eu estava quase pegando.

Como ele era muito maior do que eu, a envergadura de Teagan, claro, não me deixava nem sonhar em tentar usar cada uma das minhas mãos contra uma dele.

Tão focada em recuperar o frasco, eu não percebi o que estava fazendo e simplesmente fiquei em cima dele, que já estava quase deitado na cama. Cada perna minha estava em um lado dele.

- Teagan! - Ele levantou a mão com o frasco acima da cabeça, tronco ainda mais para trás. Eu soltei um rosnado de frustração. Como ele se atrevia a brincar assim, depois do que tinha feito?

Eu fiz que ia me levantar, para tentar pegar o frasco, mas Teagan usou a outra mão dele para segurar a minha cintura e me manter onde eu estava e, finalmente, olhei para o rosto dele, que estava à centímetros do meu.

Os olhos de Teagan estavam com as pupilas bem dilatadas, enquanto ele me encarava de um jeito que estava me deixando desconfortável.

- Teagan?

Vi o pomo de adão dele subir e descer. A mão que apertava a minha cintura usou mais força nos dedos, me pressionando para baixo. Senti algo duro debaixo de mim e me remexi, olhando para baixo.

- Se está tentando me fazer te devorar agora mesmo, vai conseguir. - A voz de Teagan saiu mais rouca e grossa. Eu o encarei, que soltou um palavrão baixo e nos virou, trocando nossas posições. Com a brusquidão do movimento, eu tentei me agarrar em algo, por isso, minhas pernas fecharam ao redor dele, que soltou um rosnado baixinho.

TOC-TOC!

Eu dei um pulo, ou teria dado, se Teagan não estivesse tão colado em mim, meu peito no dele. Eu estava me dando conta do quão quente a pele dele era, mesmo com a barreira das roupas entre nós.

- Senhorita, a sua mãe está lhe chamando! - A voz de uma das ômegas soou do outro lado da porta. - Ela está no jardim!

- O-obrigada! Já estou indo! - Agradeci e tentei me mover, porém, Teagan continuou no mesmo lugar. - Saia de cima de mim!

Ele desceu o olhar para a minha boca e voltou para os meus olhos, sorrindo debochado de novo. Uma das mãos dele foi para a minha coxa e eu acabei soltando um gemidinho de leve. Foi involuntário!

Teagan se afastou lentamente e eu vi o frasco na mão dele. Aproveitei a distração dele e fui rápida, conseguindo o que era meu, de volta. Me apoiei nos meus cotovelos. Teagan me olhou feio, mas ainda parecia divertido.

- São vitaminas. - Eu expliquei, ao que ele levantou uma sobrancelha. Ele se levantou e ajeitou a jaqueta e, para a minha mortificação, ele ajeitou a frente das calças.

- Então tome-as. Vai precisar, quando continuarmos o que começamos, aqui, Vic. - Com uma piscadinha, ele se virou, abriu a porta, olhou para os lados e saiu.

- O quê...? - Eu perguntei e fechei os olhos, deitando novamente na cama, apenas para soltar o ar e me levantar. Minha mãe estava me esperando e ela odiava esperar!

Guardei o frasco na gaveta da mesinha de cabeceira, dei uma olhada no espelho antes de sair e ir em direção aos jardins.

Chegando lá, ela me informou que queria dar uma festa de boas-vindas, e que foi ideia do próprio senhor Mcdowell. Ele queria que ela se enturmasse com as outras fêmeas, esposas de alfas, afinal, em breve ela seria uma Rainha.

Eu ainda não tinha parado para pensar naquilo. Ainda que por pouco tempo, porque o Senhor Mcdowell logo se aposentaria e passaria o poder aos filhos, minha mãe seria uma Rainha. Então, eu seria uma princesa! Que incrível!

- Você me ajuda? - Ela perguntou e eu, mesmo não tendo qualquer experiência, disse que sim!

Tomamos chá e começamos a fazer os planos para a festa. Ela queria algo grandioso, como se fosse o próprio debut dela. Eu não iria cortar a alegria da minha mãe. Fazia tanto tempo que eu não a via tão feliz...

Quando ela começou a sair com o senhor Mcdowell, eu não sabia quem ele era, mas ela parecia mais alegre, sorrindo mais e de vez em quando, a pegava com o olhar sonhador.

- Obrigada, querida! Você já fez o seu dever de casa?

- Ainda não.

- Então vá. Eu não quero atrapalhar. - Ela sorriu e continuou ali. Eu a beijei na bochecha e comecei a caminhar em direção a mansão.

Eu estava distraída, quando senti algo no meu braço e, logo, fui puxada para o lado.