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A noite estava quieta na floresta e com uma serenidade que não combinava com o alvoroço da adolescência. Sete jovens estavam reunidos ao redor de uma fogueira improvisada, as suas risadas e conversas despreocupadas enchiam o ar fresco de verão. O grupo incluía Alex, o líder, Vladik, Saraup, Maya, Julius, Lina e Mark.
O fogo estalava e crepitava enquanto Alex, com aquele brilho travesso nos olhos, olhava ao redor e decidiu mudar o rumo da noite.
- E se a gente conversasse sobre a lenda de Zdondi? Acho que isso seria mais interessante do que essas piadas sem graça.
Vladik, sempre o cético, revirou os olhos e jogou uma pedra no fogo.
- Acho que seria muito interessante se isso fosse verdade, mas você já disse; é apenas uma lenda.
- Calma, pode ser uma lenda, mas ela é muito interessante - insistiu Alex, um sorriso maroto formou-se nos seus lábios.
Todos ao redor da fogueira ajustaram as suas posições, inclinando-se ligeiramente para mais perto do fogo, como se o calor pudesse os proteger contra os arrepios da história que estava por vir. A floresta ao redor deles, densa e antiga, parecia segurar a respiração, aguardando a história que estava prestes a ser contada.
Alex ergueu-se um pouco, a sua silhueta era recortada contra as chamas da fogueira, e começou a contar a história com uma voz baixa e envolvente:
- Zdondi é uma entidade antiga, uma criatura de oito caudas que, segundo dizem, foi invocada pelos ancestrais desta cidade. Há muitos anos, a cidade de Khedie era um lugar de rituais e mistérios. De acordo com a lenda, Zdondi aparece quando a escuridão do céu se mistura com uma luz vermelha, como sangue, que se espalha pelo horizonte. Quando isso acontece, é um sinal de que Zdondi está prestes a voltar ao nosso mundo.
Os olhos de Julius brilhavam com uma mistura de excitação e medo.
- Você está a dizer que uma coisa com oito caudas pode simplesmente aparecer do nada?
- É o que dizem - respondeu Alex, dando de ombros. - Há registos antigos de um caçador chamado Simon Jhallen que afirmou ter visto Zdondi com os seus próprios olhos. Ele descreveu a criatura como algo saído dos infernos.
A maioria dos amigos estava intrigada, mas Vladik e Saraup continuavam céticos.
- Sério, Alex? Isso é só uma história para assustar crianças - disse Saraup, balançando a cabeça.
- É, mas até as histórias de crianças têm um fundo de verdade - retrucou Maya, de braços cruzados e olhando ao redor com um ar desafiador.
Antes que Alex pudesse responder, algo estranho aconteceu. Todos os sete rostos viraram para o céu ao mesmo tempo, como se uma força invisível os estivesse a guiar. As nuvens pareciam estar se separando, movendo-se de forma dramática, revelando uma escuridão que parecia engolir tudo ao redor. E então, uma pequena luz vermelha surgiu, crescendo rapidamente e espalhando uma cor que lembrava sangue por todo o céu.
- O que diabos é isso? - Maya exclamou, seus olhos arregalados de medo e surpresa.
A luz vermelha não era apenas uma visão assustadora; ela trazia consigo uma sensação de pressentimento, um peso no ar que fazia com que cada respiração fosse mais difícil. Todos os sete adolescentes levantaram-se de uma vez, os seus corações batendo mais rápido à medida que o fenómeno se desenrolava.
- Isso não pode ser real - balbuciou Julius, tremendo visivelmente.
- É apenas uma coincidência, deve ser algum fenómeno atmosférico - disse Saraup, tentando manter a calma, mas sua voz trazia um leve tremor.
Mas qualquer esperança de que fosse algo natural foi destruída quando o céu produziu um fulgor tão brilhante que machucava os olhos, seguido por um grito demoníaco que ecoou pela floresta, fazendo com que os animais se agitassem e corressem em todas as direções. Aquele grito foi então substituído por um riso, um som que parecia penetrar na alma de cada um dos adolescentes, deixando-os congelados de medo.
- Temos que sair daqui! - gritou Mark, puxando Lina pela mão.
Os adolescentes começaram a correr, os seus passos apressados fazendo eco na escuridão que os cercava. A cabana abandonada que usavam como refúgio parecia estar a quilómetros de distância, apesar de estar apenas a alguns minutos de corrida.
- Vamos, rápido! - Alex gritou, liderando o caminho.
Chegaram à cabana ofegantes, fechando a porta atrás de si com um estrondo. O pequeno espaço ficou rapidamente silencioso, exceto pelo som das suas respirações pesadas e os batimentos cardíacos acelerados.
- Todo mundo está bem? - perguntou Alex, olhando ao redor para garantir que todos estavam presentes.
- Sim, mas o que diabos foi aquilo? - perguntou Maya, ainda tremendo.
- Isso... isso pode ser um efeito de alguma coisa na atmosfera - disse Vladik, tentando se convencer mais do que os outros.
- Ou pode ser exatamente o que a lenda diz - retrucou Julius, sua voz cheia de medo.
- Precisamos pensar racionalmente - disse Saraup, tentando recuperar o controlo da situação. - Vamos nos sentar e tentar entender o que está a acontecer.
O grupo acomodou-se como pôde, tentando processar os eventos. A cabana era pequena e escura, com apenas algumas velas para iluminar o espaço. Lina, sempre prática, começou a vasculhar as velhas estantes em busca de algo útil.
- O que quer que seja, está nos observando - disse Mark, olhando para a pequena janela da cabana. - Eu sinto isso.
- Isso é loucura - disse Vladik, balançando a cabeça. Não podemos nos deixar levar pelo medo. Precisamos de uma explicação científica.
- E se não houver uma explicação científica? - perguntou Maya, com seu rosto pálido. - E se isso for real?
Continua...