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Após aceitar o frete para a Bahia, João partiu de Volta Redonda com destino ao nordeste, dirigindo seu caminhão pela Rodovia Presidente Dutra. O peso da promessa de nunca mais dizer "não" ainda estava fresco em sua mente, e ele tentava se ajustar à nova realidade de sua vida sem Maria. Conforme o dia se transformava em noite, João sentiu o cansaço se apoderar de seu corpo. Decidiu que era hora de parar para descansar.
Um Descanso Inesperado
Próximo a Pindamonhangaba, avistou um posto de combustível e resolveu estacionar ali para passar a noite. Encontrou um bom lugar no estacionamento, desligou o motor e se ajeitou na cabine do caminhão. O silêncio da noite era quase reconfortante, um contraste bem-vindo às horas passadas na estrada. João fechou os olhos e, em poucos minutos, estava adormecido.
Algumas horas depois, sentiu um balançar na cabine do caminhão. Meio desorientado, pegou o celular e viu que eram 2 da manhã. O que poderia estar acontecendo? Abriu a porta do caminhão e saiu para investigar. Para sua surpresa, viu duas garotas, visivelmente bêbadas, dançando peladas em cima da cabine do seu caminhão. Elas riam e se divertiam, alheias à sua presença.
João colocou a mão na cabeça, incrédulo com a cena. "Desçam daí, por favor!", ele pediu, tentando manter a calma. As garotas não pareciam ouvir ou entender a gravidade da situação.
Confusão com a Polícia
Neste exato momento, um carro de polícia chegou ao posto. Os policiais saíram do carro e rapidamente avaliaram a situação. "O que está acontecendo aqui?", um dos policiais perguntou com firmeza. João tentou explicar, mas as garotas não ajudavam, continuando a dançar e rir. Os policiais decidiram levar todos para a delegacia para esclarecer os fatos.
Ao chegar na delegacia, João reconheceu imediatamente um dos policiais. Era Carlos, primo de sua falecida esposa, Maria. Carlos o olhou com uma mistura de surpresa e desapontamento. "João, toma vergonha nessa cara! Minha prima morreu não faz nem um ano, e você aí na putaria? Que falta de respeito!", ele disse, com a voz carregada de raiva e tristeza.
João sentiu o peso das palavras de Carlos como um soco no estômago. Tentou explicar a situação: "Carlos, isso tudo foi um mal-entendido. Eu estava dormindo no meu caminhão quando essas garotas subiram lá. Eu não sabia de nada, estava apenas descansando." Sua sinceridade e desespero para esclarecer a situação finalmente começaram a surtir efeito. As garotas, agora um pouco mais lúcidas, confirmaram a história de João.
Após longos minutos de explicações e esclarecimentos, Carlos e os outros policiais começaram a acreditar na versão de João. "Tudo bem, João. Vamos deixar você ir, mas se cuida. Sei que está passando por um momento difícil, mas não perca a cabeça", disse Carlos, com uma voz agora mais branda.
De Volta à Estrada
Finalmente, João foi liberado e voltou ao seu caminhão. O encontro com Carlos e as palavras duras do policial ressoavam em sua mente. Ele sabia que precisava continuar sua viagem, mas também sabia que precisava encontrar uma maneira de honrar a memória de Maria sem perder o rumo de sua própria vida.
De volta à estrada, João dirigia com uma nova determinação. O episódio no posto de combustível foi um lembrete de que ele precisava se cuidar, tanto por si mesmo quanto pela memória de Maria. Ele prometeu a si mesmo que, apesar das dificuldades, encontraria um equilíbrio entre sua promessa de nunca mais dizer "não" e a necessidade de seguir em frente de uma maneira saudável e respeitosa.
E assim, com o motor do caminhão roncando e a estrada à sua frente, João continuou sua jornada para a Bahia, preparado para enfrentar qualquer aventura que o destino lhe reservasse. Sabia que as estradas do Brasil estavam cheias de surpresas e desafios, mas ele estava decidido a encarar cada um deles com coragem e, acima de tudo, com um coração aberto para o que viesse.