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Lembranças do amor

Lembranças do amor

img História
img 5 Capítulo
img Luana123
5.0
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Sinopse

As lembranças guardadas e esquecidas de um amor de infância, que teve que se separar repentinamente, será que o reencontro de anos depois vai trazer essa paixão de volta?

Capítulo 1 Quanto o tempo voltar

- Só uma hora, ok? - disse ele, sem olhar para trás.

- Claro, senhor - respondeu o motorista.

A feira de inovação e cultura não era o tipo de evento que ele costumava frequentar. Mas seu departamento de imagem pessoal insistira: "Você precisa parecer mais humano, Leonardo. Mostrar o lado acessível." A contragosto, ele aceitou.

O que ele não esperava era ver, entre as palestras listadas no painel eletrônico, um nome que congelou seu corpo:

"Clara Almeida – Literatura e Empatia nas Organizações."

Seu coração acelerou. Aquilo não podia ser coincidência. Clara? A Clara? A melhor amiga que ele não via há quinze anos?

Entrou no auditório com passos contidos, sentando-se discretamente na última fileira. Luzes se apagaram. Um holofote iluminou o palco. E lá estava ela.

- Boa tarde a todos - começou Clara, sorrindo. - Hoje quero falar com vocês sobre como a literatura pode mudar o ambiente corporativo. Porque no fim das contas, organizações são feitas de pessoas. E pessoas... sentem.

Leonardo mal respirava. Ela estava diferente - mais madura, segura, com um brilho nos olhos que ele lembrava bem. Mas ainda era Clara. Sua Clara.

Quando a palestra terminou, esperou que todos saíssem antes de se levantar. Aproximou-se devagar, enquanto ela recolhia os papéis no púlpito.

- Clarinha?

Ela congelou. Virou-se devagar, os olhos se arregalando.

- Leo...? Meu Deus... é você?

- Sou eu.

Ela desceu do palco, hesitante. Mas quando se aproximaram, os anos entre eles pareceram evaporar. Se abraçaram. Longamente.

- Eu... não acredito - disse Clara, emocionada. - Pensei que nunca mais fosse te ver.

- Eu pensei a mesma coisa. Você está... incrível.

Ela sorriu, com as mãos ainda trêmulas.

- Você está diferente... sério. Mas é você. O Leo que roubava livros da biblioteca do colégio pra me impressionar.

- Ei, eu devolvia depois! - respondeu ele, rindo.

- Mais ou menos.

- Você tem um minuto? - perguntou ele. - A gente podia... tomar um café?

Ela hesitou por um instante, depois assentiu.

- Claro. Vamos.

No café próximo ao evento, sentaram-se em uma mesa isolada. Pediram os mesmos pedidos de sempre: ele, um espresso forte; ela, um cappuccino com canela.

- Então... CEO? - disse Clara, brincando.

- Desde os dezoito. Quando meu pai morreu, deixaram tudo nas minhas mãos. Não tive muita escolha.

Ela assentiu, olhando-o com suavidade.

- Eu fiquei sabendo... Sinto muito.

- Obrigado. Eu... nunca falei disso com ninguém. - Ele abaixou os olhos. - Quando aconteceu, eu queria te procurar. Mas tudo virou um caos. A empresa, os advogados, os conselhos. Fui engolido por tudo aquilo.

- Eu entendo. Só que... doeu. De repente você sumiu.

- Eu sei. Fui um idiota. Você me mandou cartas... eu guardei todas. Nunca respondi. Mas nunca consegui jogar fora.

Ela desviou o olhar, respirando fundo.

- Eu te esperei, Leo. Durante muito tempo. Depois desisti. Achei que você tinha me apagado.

- Nunca apaguei. Só... me perdi.

Clara ficou em silêncio por alguns segundos. Então, soltou um leve riso.

- Ainda bebe café amargo como se fosse castigo.

- E você ainda põe canela no seu.

Eles riram. Pela primeira vez, em muito tempo, Leonardo se sentiu leve.

- O que você tem feito? - perguntou ele.

- Sou professora, escritora. Dou palestras como essa. Tento levar um pouco de arte para o mundo corporativo. Sabe como é... ainda idealista.

- Eu invejo isso. Sério.

Ela o encarou.

- O que aconteceu com aquele garoto que dizia que ia mudar o mundo?

Leonardo suspirou.

- Virou um homem que tenta manter o mundo inteiro de pé.

- Às vezes, Leo, a gente precisa deixar o mundo desabar um pouco... pra poder viver de verdade.

Nas semanas seguintes, Clara e Leonardo passaram a se ver com frequência. Ele a convidou para visitar a empresa. Mostrou-lhe os escritórios, os projetos, os números. Mas ela se interessava mais pelas pessoas por trás de tudo.

- Você podia fazer tanto com isso aqui, Leo - disse ela, em um dos almoços com os gestores. - Criar um programa de incentivo à leitura, ou formação de jovens líderes. Levar educação pra quem nunca teria acesso.

- Vem fazer isso comigo - ele disse, impulsivamente. - Cria esse projeto. Dentro da minha empresa.

Ela o olhou surpresa.

- Você está falando sério?

- Nunca falei tão sério.

E ela aceitou.

Alguns meses depois, estavam caminhando juntos pelo jardim da sede. Era fim de tarde, e o sol pintava o céu de laranja e dourado.

Leonardo parou. Tirou algo do bolso do paletó.

- Lembra disso?

Era uma carta. Amarelada, dobrada, com sua caligrafia.

- Minha carta? Você ainda tem isso?

- Guardei por todos esses anos. Às vezes eu lia, me perguntando como teria sido se eu tivesse respondido.

- E como teria sido?

Ele a encarou.

- Talvez... a gente estivesse aqui do mesmo jeito. Mas sem tantos silêncios no caminho.

Ela sorriu.

- Talvez.

- Clara... - ele disse, com a voz mais baixa. - Eu não quero mais perder você. Não como amiga, não como parceira. E... não como mulher.

Ela deu um passo à frente.

- E o CEO durão vai conseguir espaço na agenda pra isso?

- Só se você prometer continuar colocando canela no meu café.

Ela riu e o abraçou, dessa vez mais apertado, mais inteiro.

- Prometo. Mas só se você prometer não fugir de novo.

- Nunca mais.

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