Capítulo 5 Fogo e gelo

Anya chegou ao restaurante Pushkin com a guarda em alta. O convite de Alexei havia acionado todos os seus alarmes. Um novo começo? Mais parecia uma nova armadilha.

Alexei a esperava em uma mesa privada, parecendo perigosamente atraente em seu terno escuro. Seu sorriso poderia ter enganado qualquer um, mas Anya via a ameaça oculta por trás desse charme.

"Você veio," ronronou ele, levantando-se para beijar sua bochecha, um gesto calculado para qualquer observador, "sabia que não poderia resistir a mim."

Anya se afastou, sua pele queimava onde os lábios dele a haviam tocado.

"Poupe-me das falsidades, Alexei. O que você quer?"

Ele fingiu estar ferido, levando as mãos ao peito. "É tão difícil acreditar que eu quero consertar as coisas? Você é minha esposa, Anya."

"Apenas no nome," ela cruzou os braços, como se fossem uma armadura contra seu magnetismo escuro, "ambos sabemos que este casamento é uma farsa."

"Mas não precisa ser," Alexei se aproximou, sua voz abaixou, tornando-se um sussurro tentador, "imagine o que poderíamos alcançar juntos, moya zhena, o poder, a paixão, o mundo a nossos pés..."

Anya riu sem humor. "E quanto ao que eu quero? Alguma vez você se perguntou isso? Ou só se importa em conseguir o que quer?"

A máscara de Alexei escorregou por um segundo, revelando a raiva e a possessividade por baixo, mas rapidamente a recompôs em uma expressão de arrependimento.

"Você tem razão, fui egoísta, admito. Mas estou disposto a mudar, Anya, a ser o marido que você merece, só me dê uma chance."

Ela o estudou longamente, buscando a mentira em seus olhos, mas Alexei era um mestre da manipulação.

"Uma chance," concedeu por fim, cada palavra um cristal quebrado em sua garganta, "mas ao primeiro sinal de que isso é outro de seus jogos, acabou. Eu irei embora e nunca olharei para trás."

O triunfo brilhou nos olhos de Alexei antes que ele pudesse ocultá-lo.

"Você não se arrependerá, lyubov moya, eu prometo."

Mas mesmo enquanto selavam o trato com um jantar tenso e carregado de duplos sentidos, Anya sabia a verdade.

Isso era apenas o começo de um novo jogo em sua trama retorcida, e ela estava caminhando voluntariamente para a boca do lobo.

Que Deus tivesse piedade de sua alma.

O telefone de Alexei tocou insistentemente, era seu avô, Anatoly.

"Aconteceu algo, vovô?" perguntou, pressentindo problemas.

"Em duas semanas, as famílias Petrova e Ivanov se reunirão na fazenda dos Urais. É hora de voltarem a conviver como uma só, e esperamos que Anya e você também compareçam."

Alexei apertou a mandíbula, um fim de semana com sua manipuladora esposa e sua venenosa família política, simplesmente perfeito.

"Falarei com Anya, se ela aceitar, lá estaremos," prometeu, enquanto planejava como usar essa oportunidade a seu favor.

Anya aceitou para manter as aparências.

Depois de seu jantar no restaurante Pushkin, Alexei e Anya retornaram à mansão que compartilhavam como esposos. A tensão entre eles era palpável, carregada de desejo contido e emoções contraditórias.

Assim que cruzaram a porta, Alexei atraiu Anya para si, capturando seus lábios em um beijo ardente.

Ela respondeu com igual paixão, enredando os dedos em seu cabelo, pressionando seu corpo contra o dele.

Sem romper o beijo, Alexei a ergueu nos braços e a levou para o quarto, depositando-a na cama com surpreendente ternura, para então cobrir seu corpo com o dele.

Desvestiram-se com urgência, suas mãos exploraram a pele recém-exposta, seus lábios traçaram caminhos de fogo. Quando Alexei finalmente se afundou nela, ambos gemeram de prazer.

Moviam-se juntos em um ritmo frenético, perdidos na paixão, na necessidade de se possuírem mutuamente. Alexei a levou ao ápice do êxtase uma e outra vez, enquanto ela gemia seu nome continuamente.

Depois, saciados e exaustos, jaziam enredados nos lençóis, seus corpos suados e satisfeitos.

Alexei traçava padrões preguiçosos nas costas de Anya com os lábios.

"Você é incrível, moya zhena," murmurou, beijando seu ombro, "não consigo ter o suficiente de você."

Anya se aconchegou mais perto, desfrutando do calor, da proximidade. Sabia que Alexei não era um homem de declarações amorosas, que para ele, o sexo e o poder eram suas formas de expressão. Mas, em momentos como este, podia fingir que havia algo mais, algo real e duradouro.

Nos dias seguintes, viveram em um turbilhão de paixão e desejo. Suas noites se enchiam de exploração sensual, de prazer desenfreado.

No escritório, jogavam um jogo perigoso de sedução e poder. Como presidente e vice-presidente, tinham que manter uma fachada de profissionalismo. Mas a portas fechadas, entregavam-se à atração, roubando beijos ardentes e carícias furtivas.

Alexei se deleitava em provocar Anya, em empurrá-la ao limite do desejo com suas insinuações e toques habilidosos. E Anya, apesar de sua reticência inicial, encontrou prazer nesse jogo, na emoção do proibido.

Mas sob a superfície dessa paixão ardente, as dúvidas e os medos ainda espreitavam. Anya não podia esquecer o verdadeiro rosto de Alexei, a crueldade de suas manipulações. E ele, apesar de sua crescente obsessão por ela, continuava sendo um homem frio e calculista, incapaz de abrir seu coração completamente.

Ainda assim, se agarravam a essa frágil trégua, a esse fogo que ardia entre eles, porque era melhor do que enfrentar a realidade de seu casamento quebrado.

Mas o fim de semana nos Urais se aproximava, ameaçando destruir essa ilusão de paz. Enquanto faziam as malas, um sentimento de apreensão se instalou em seus corações.

Seriam capazes de manter essa fachada de unidade frente a seus entes queridos? Ou os segredos e mentiras viriam à tona, destruindo o pouco que haviam reconstruído?

Uma coisa era certa, essa viagem testaria os limites de sua relação, de sua resistência.

E talvez, também seria uma oportunidade para curar velhas feridas e construir algo real e duradouro.

Se conseguissem sobreviver à tempestade que se aproximava.

Na manhã de sábado, Anya e Alexei partiram em direção à fazenda dos Urais. Ao chegar, a maioria dos familiares já estava lá, se cumprimentando efusivamente. Todos pareciam se dar muito bem, embora Anya soubesse que nem tudo era tão maravilhoso.

Para seu alívio, Katya ainda não havia chegado, não tinha energia para lidar com suas provocações e deboches. Alexei, por sua vez, agradecia por não ter que suportar Katya e Misha ao mesmo tempo, sabendo o quão explosiva essa combinação poderia ser.

O mordomo levou suas malas para o quarto que compartilhariam, à noite, depois do jantar, subiram para o seu quarto, conscientes de que todos estariam atentos à sua interação como casal.

"Bem, já dormimos juntos antes" disse Alexei com um sorriso malicioso "estou certo de que teremos uma noite interessante."

Anya corou, lembrando-se de suas noites apaixonadas juntos.

Alexei se aproximou para lhe dar um beijo apaixonado, logo o quarto se encheu de suspiros e gemidos abafados.

Pela manhã, as olheiras denunciavam a falta de sono, ao descerem para o café da manhã, foram recebidos por olhares conhecedores e risadinhas disfarçadas.

"Parece que alguém teve uma noite ocupada" zombou Nicolai, o primo de Alexei "É tão bom estar recém-casado, hein?"

Alexei lançou-lhe um olhar gelado, contendo-se para não apagar seu sorriso à força. Anya fingiu não ouvir, refugiando-se na companhia de seu avô, embora não pudesse evitar corar.

Mas justo quando se sentavam à mesa, Katya fez sua entrada triunfal de braço dado com Misha, a garota sorria de orelha a orelha, todos ficaram em choque. Após o escândalo do casamento, ninguém esperava vê-lo novamente, sua presença era como um tapa na cara para Anya e Alexei.

"Bom dia, família" cantarolou Katya "espero que não se importem que eu tenha trazido meu namorado. Misha e eu temos um anúncio importante para fazer."

Anya empalideceu, sentindo náuseas com a ideia, a presença daqueles dois lhe provocava náuseas, Alexei, por outro lado, soltou uma risada desdenhosa.

"Vejam só, a víbora e o traidor, que surpresa."

"Alexei!" sentenciou seu avô, mas ele o ignorou, seus olhos estavam fixos em Misha com um brilho perigoso.

"Diga-me, você já contou à sua nova namorada como tentou boicotar meu casamento? Ou isso arruinaria a farsa do seu grande amor?"

Misha corou de raiva e indignação, mas antes que pudesse responder, Anya levantou-se bruscamente.

"Desculpem, não me sinto bem, preciso tomar ar."

E com isso, saiu da sala de jantar, ignorando os murmúrios às suas costas. Alexei xingou baixinho. Sabia que devia ir atrás dela, mas uma parte obscura dele regozijava-se ao ver o sofrimento de Misha.

Anya caminhou pelo jardim por um tempo, pouco depois seu avô saiu para falar com ela para acalmá-la, suas palavras surtiram efeito, a garota agradeceu com um grande abraço, depois foi direto para seu quarto.

Mas ao abrir a porta do banheiro, ficou paralisada, Alexei estava no chuveiro... com Katya, nus, beijando-se com paixão, alheios à sua presença.

Um soluço estrangulado escapou da garganta de Anya. Alexei e Katya se separaram bruscamente, o rosto de Alexei refletia surpresa, enquanto Katya sorria perversamente.

"Anya..." Alexei deu um passo em sua direção, mas Anya recuou, negando com a cabeça.

"Não... Não posso acreditar..." disse enquanto as lágrimas corriam por suas bochechas "Como pôde, Alexei? Como pôde fazer isso comigo... com ela?"