/0/12983/coverbig.jpg?v=2a6c9bedb609287ad116a0a902b252f1)
A luz do sol teimava em entrar pelas cortinas, e eu teimava em manter meus olhos fechados, a noite foi curta, eu ainda queria ficar na cama mais um pouco, mas meu despertador me dizia o contrario, era hora de levantar e colocar a mesa para o dejejum antes que o meu hospede resolvesse levantar.
Me arrastei até o banheiro e tomei uma ducha rápida, para me obrigar a acordar por completo, coloquei um vestido bem levinho estampado com flores em tom de azul, pois o verão italiano era tórrido, prendi meus cabelos em um coque e sai do quarto, tudo estava silencioso, só escutava o mar e os pássaros no jardim. Me coloquei a preparar o café da manhã daquele ogro mal educado, como foi instruído pelo seu assistente, somente café preto e forte e frutas frescas, preparei meu chá de frutas silvestres e fui até o jardim colher algumas rosas, eu gostava de colocar no chá...em meio ao caminho girei nos calcanhares e corri para meu quarto, passando pela porta do seu quarto, parei, senti um aroma de pinho e uvas...
*-Sara, como você esta se tornando imprudente, quer que nos descubram?*- Andei mais depressa adentrando no meu quarto, mas aquele aroma delicioso chamou minha atenção.
-Bom dia Sara!
Me assustei quando escutei aquela voz rouca, ele estava de pé na cozinha tomando uma xicara de café.
-Bom dia Sr .Tenore, dormiu bem? que droga foi aquela, "dormiu bem".
-Sim, o silencio aqui é reconfortante, dormi como não dormia a muito tempo. ele falou, e pareceu sorrir.
-Fico feliz. Precisa de alguma coisa? quer algo em especial para o almoço? Já que Marco não foi muito claro sobre suas suas preferencias para o almoço, imagino que não irá comer somente frutas por 7 dias . Levantei as sobrancelhas, imaginando que um homem daquele tamanho precise comer para se manter tão...fiquei observando seu físico, ele era muito forte, seus musculos eram visíveis na camisa quase justa ao seu corpo aquela pele branca e seus olhos azuis tinham um ancanto quase surreal, os cabelos estavam desalinhados, diferente de quando chegou, hoje ele usava uma camisa branca com as mangas dobradas, uma calça bem leve azul escuro... e estava descalço...
-Esta gostando do que vê? ele perguntou com ar de quem estava se divertindo.
Fiquei vermelha, tenho certeza pois sentia meu rosto queimar por ter sido pega observando ele desta forma, tentei me recompor antes de falar.
-Claro...não...desculpa, mas estava observando que se vai ficar aqui vai precisar de roupas mais leves, agosto é bem quente nesta região. Era visível meu embaraço.
-Não irei precisar. -Ele se divertia com meu embaraço.
-Como queira, mas se mudar de idéia posso leva-lo ao centro da cidade. - sai em direção ao jardim, aqueles olhos azuis estavam me deixando desconsertada.
Meia hora se passou, quando voltei ele estava sentado na varanda, com os olhos fechados parecia dormir. Passei por ele e fui direto para a cozinha, queria preparar uma salada fresca para o almoço. Como só estavamos nós dois, dei folga para Anna, assim ela descansava do duro verão que trabalhou aqui.
*Sara? Interrogue ele. Gostei do seu cheiro*
Shhh volte pro seu cochilo. Falei muito seria.
- Acabei de acordar e você quer que eu volte a dormir? - Sara deu um pulo quando escutou aquela voz.
- Pela Deusa, quer me causar um infarto? - ele sorriu.
- Quem deve voltar a dormir?
- Ninguém. -falei rapidamente.
- Preparei uma salada fresca, e lascas de salão gratinada, quer se juntar a mim ? Perguntei para mudar de assunto. Ele me olhou desconfiado, mas aceitou, circulando a bancada e se sentando a minha frente.
- De onde o Sr. é?
- Pode me chamar de Antonio. Eu sou do norte.
- Tem una Sra. Tenore? - Que diabos de pergunta foi essa, se pudesse me esconderia dentro do prato de salada.
- Nao. Mas minha mão espera que eu a encontre em breve.
- As mães sempre esperam isso dos filhos, elas tem uma certa pressa em nos ver acorrentados a alguém. Sorri para ele, tentando disfarçar o vermelho do meu rosto.
- Você é bastante curiosa, não é mesmo?
-Trabalho com muitas pessoas todos os dias. Dei de ombros e coloquei uma porção de salada na boca, quem sabe assim eu a manteria fechada.
Comemos em silêncio, mas eu podia sentir seus olhos me observando. quando terminamos limpei toda a cozinha, oferecendo a Antonio um café, aqui na Itália temos este abito, tomamos café a todo momento. Ele dispensou e foi se dirigindo a grande varanda.
O dia transcorreu tranquilo, segui minha rotina normalmente, pois meu hospede não solicitava de muita atenção, sendo assim tive tempo de me dedicar ao jardim de rosas, pois o calor acabava prejudicando um pouco, aproveitei para cortar alguns galhos, mas quando me levantei bruscamente, senti tudo escurecer e me desequilibrei, acabei caindo sobre as roseiras...
-Pare de se debater! ordenou ele, enquanto tentava soltar alguns galhos de espinhos, e me libertar da minha dolorosa prisão. Assim que me libertou, me carregou nos braços para a espreguiçadeira na varanda.
-Não sei o que aconteceu. Falei entre lagrimas, pois os espinhos tinham ferido meus braços e pernas.
-Onde você guarda o kit de primeiros socorros? Ele perguntou, passando uma mão por meus cabelos, pois eu estava toda despenteada e cheia de folhas.
-O que? Levantei meus olhos molhados para ele, eu nunca precisei de kit de primeiros socorros, não até este momento.
-Você mora a 40 minutos da civilização e não tem um kit de primeiros socorros? Ele falou com uma expressão zangada. Me senti uma menina de 10 anos naquele momento, encolhi os ombros e tentei limpar alguns arranhões da minha perna, mas parei quando senti os braços dele me levantando e caminhando para dentro da casa, com muita agilidade ele subiu as escadas e quando percebi estava na frente da porta do meu quarto.
-O que você esta fazendo? perguntei entre as lagrimas. ele me ignorou, abriu a porta e caminhou verso o banheiro, me colocou no chão e senti minhas pernas tremerem, ele ligou a ducha e virou na minha direção...
-Você vai entrar ou que que eu a coloque em baixo da água? pelo seu tom de voz era mais uma ordem que uma pergunta.
-Você poderia sair, preciso tirar minha roupa? Ele não se mexeu, pensei que não tivesse escutado, mas logo virou e saiu do banheiro, mas eu pude escutar que estava no quarto. Lentamente tirei meu vestido todo sujo e um pouco rasgado devido aos espinhos, entrei sobre a ducha e senti meu cada arranhão queimar.
*Sara, você esta bem?* toda vez que o repelente saia do meu corpo, ela voltava, desta vez eu não queria responder, claro que eu não estava bem, estava machucada, com dor e ...ela me pergunta se estou bem?
* eu sei que dói Sara, mas admita que estar nos braços daquele humano foi bem agradável!* Ela estava se divertindo.
-Até quando você vai se divertir? resmunguei em voz alta, peguei a toalha, passei em volta do corpo e sai do chuveiro, quando entrei no quarto me deparei com Antonio sentado na beira da cama, eu tinha me esquecido dele ali, envergonhada, voltei para o banheiro e fechei a porta. Meu coração estava acelerado, e aquele cheiro de pinho e uvas era inebriante. Escutei a porta do quarto se fechando.