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Estou andando pela rua com uma bolsa pesada e cheia de livros, me apresso porque parece que vai chover e estou ansiosa para começar a minha leitura de um romance dark, estão todos comentando sobre ele e me vejo na obrigação de me inteirar sobre o assunto, penso no que fiz outro dia com o novo vizinho e vem logo uma vergonha alheia, meu rosto logo fica corado pelas memórias, finalmente chego na recepção do prédio e aguardo o elevador chegar, meu celular está descarregado e não consigo ver as horas, subo ansiosa mas quando chego no meu andar, vejo que a minha porta está aberta e a luz acesa, pen
so que talvez tenha esquecido e entro apressada, fecho a porta e uma voz ecoa pelo apartamento vazio...
- Boa noite Bri, isso são horas de chegar? Fiz um macarrão ao molho que você tanto ama, mas já deve ter esfriado! Bianca passou aqui e me deu uma ajuda, não pareço ousado demais, não é? Só queria me apresentar de uma forma menos constrangedora!
Olho para trás assustada e lá está ele, meu vizinho misterioso que com a ajuda da minha agora não tão amiga Bia, entrou no meu apartamento e preparou o meu jantar favorito só para se apresentar. Ele é um dos homens mais lindos que já vi pessoalmente, eu tenho 1,58m e ele deve ter 1,97m, peitoral definido, costas largas, aqueles braços com veias saltadas, um perfume com notas de tabaco e canela, meu Deus do céu me segura. Não estou conseguindo julgar tanto a minha amiga, ela deve ter ficado refém dessa beleza estonteante. Estou paralisada e só consigo olhar para ele...
- Me perdoe, não estou acostumada a receber visitas e principalmente visitas que fazem o jantar! Peço desculpas pelo outro dia, fiquei super sem graça pelo que eu disse, acha que podemos recomeçar?
- Nós já começamos e não achei nada demais o que disse, fique tranquila! Meu nome é Henry e sou o seu vizinho da frente, achei você encantadora e adoraria tê-la como amiga, se você quiser, claro!
Fico sem reação e só consigo sorrir, ele se aproxima sorrateiramente e me pressiona a parede, coloca sua mão enorme na minha nuca, entrelaçando seus dedos em meu cabelo, quando sinto seu hálito com cheirinho de menta se aproximar dos meus lábios o despertador toca me obrigando a sair daquele sonho estranhamente satisfatório.
O dia começa mais uma vez nublado, frio e chuvoso, faço um café e sempre tenho biscoitos e bolachas para me dar aquela sensação de prazer da infância, demorei a dormir e quando consegui tive não sei se sonho ou pesadelo.
Uma semana se passou desde a mudança do meu vizinho misterioso e é claro que eu tive que comprar novas cortinas, desse dia em diante, nunca mais abri as janelas da varanda. Hoje é dia de arrumar o ap para receber Bianca, os pais dela viajaram e para que não fique sozinha, ofereci estadia aqui em casa, serão apenas 2 dias e como hoje é sexta-feira, passaremos o fim de semana juntas. Como uma boa dona de casa, ligo o meu som moderado para a faxina render. Começo por volta das 2 horas da tarde e finalizo às 4 horas, escuto o meu interfone tocar, senhor Jorge é o porteiro muito educado que trabalha aqui desde que me mudei, a exatos 5 anos.
- Dona Bri, boa tarde, como vai a senhora?
- Sr. Jorge, boa tarde, estou ótima e o senhor?
- Estou muito bem, sei que a senhora deve está ocupada mas chegou uma encomenda na portaria, não tem o seu nome mas diz que é para moradora do apartamento do último andar, posso mandar subir?
- Pode sim, agradeço!
Fico curiosa, minha família não me manda nada e eu não comprei nada para receber. Ouço passos no corredor e bate a minha porta, abro e tem um garoto com um pequeno buquê de rosas vermelhos e um cartão, me entrega e sai correndo. Não deu tempo de perguntar quem mandou, fecho a porta rápido e pego o cartão...
" Também tem um bom gosto musical, sinto muito que o nosso primeiro contato tenha sido daquela forma, peço perdão e espero que volte a abrir suas janelas!
Com carinho, seu vizinho de janela"
Fico em choque e me pego sorrindo no automático, mas qual será o nome dele?
O buquê é lindo e perfumado, nunca havia ganhado flores antes, que emoção, não posso criar uma fanfic dessas na minha mente, vamos parar por aqui. Bianca chega de supetão, ela tem as chaves daqui, deixo por precaução, vai que um dia perco as minhas ou preciso de um socorro médico, sempre penso nessas coisas, paranóias.
Estou abraçada ao buquê e rápido coloco em cima da mesa da sala, ela olha com um olhar curioso e começa a gritar ...
- AAAAAAAAAAAA MEU DEUS, QUEM FOI QUE MANDOU ISSO?
- Para de gritar garota, lhe explico tudo só tenha paciência!!!
- Não acredito que você não iria me dizer se eu não tivesse chegado de surpresa!
- Dizer o que? Não está acontecendo nada!
Rimos um pouco, coloquei minhas flores em um vaso que a minha mãe me deu quando me mudei e logo contei tudo a Bia, ficou surpresa e criando a fanfic dela. Não abri as janelas ainda, precisava tomar um banho e me vestir melhor do que a última vez.
Assim fiz, Bia estava lendo seu livro recém comprado e então decidi abrir as janelas, mas o apartamento dele estava fechado e com as luzes apagadas, deduzi que havia saído. Tenho que parar com essa ilusão, não acredito que fiquei triste por não vê-lo sendo que nem o conheço. Cheguei no fundo do poço, pensei que estivesse menos carente.
Saí da varanda, pedimos uma pizza e assistimos filme até tarde da noite.
O fim de semana passou, foi divertido mas precisamos voltar a realidade. Chegando à faculdade atrasada por culpa da bebida do domingo a noite, entramos na sala correndo, todos já estavam organizados e o novo professor escrevendo no quadro de costas para porta, não nos deu atenção e aproveitamos para nos acomodar rapidamente. Finalmente o professor parou de escrever, a sala em silêncio absoluto, ele se virou para frente e sim, era ele...