Capítulo 5 O senhor certinho

Renata

Pietro chamou Analu e fez o convite e logo começamos a trabalhar. Mas o sofrido disso é que o emprego acarretou uma briga feia dela com o Santiago, mas isso vai ser bom, eles estavam com os sentimentos a flor da pele, precisam se afastar para sentirem a falta um do outro e eu jamais irei abandona-la, estarei aqui sempre e para sempre.

Entrei na empresa e em uma semana Pietro e eu já estávamos amigos e saindo para as baladas juntos. Ah! Eu fiquei com o taxista, mas só uma vez, ele era muito emocionado e esse tipo de cara grude não é comigo. Gosto de pegar sem me apegar e pelo visto serei assim até o fim dos meus dias, porque está para nascer um homem que mude meus pensamentos e me faça ficar de quatro por ele. Homem é igual biscoito, vai um e vem dezoito.

[...]

Um mês depois...

Um mês se passou e as primeiras fotos de Analu foram um sucesso. Esse final de semana teremos o lançamento dos novos produtos da BellaRosa juntamente com um desfile, ou seja, balada, bebidas e homens... Adorooo!

- Anaaaaaaa e Pietroooooo, acordemmmmm, é hojeeeeeeee! - falo hiper animada

Acordei com a sensação de que algo muito bom irá acontecer hoje e já estou mais do que preparada para o que está por vir. Ponho músicas no meu aplicativo, ao som do meu sonho de consumo (Dj Alok), eu começo a ajeitar as coisas enquanto os preguiçosos estão acordando. Ligo pro salão onde marcamos de nos arrumar e confirmo se está tudo certo. Ainda temos que passar na loja que alugamos o vestido.

"Ai meu Deus, que correria louca e ao mesmo tempo gostosa." - penso ansiosa

Vou a cozinha pego a panela e uma colher de pau, e entro no quarto das dondocas para que levantem logo e comecem a agilizar as coisas.

Depois de uma luta conseguimos sair de casa e irmos ao salão. Peço pro cabeleireiro fazer cachos em meu cabelo e dá um corte nele. Estava muito grande e assim como eu mudei, meu cabelo também tem que mudar.

Depois de uma manhã e tarde corrida de embelezamento, já é hora do show. Coloco um vestido vermelho que combina com meu batom, como sempre estou vestida para matar, e eu adoro isso.

"Quem sabe hoje não encontro o meu P.A.?" - penso e minha mente fervilha de ideias para fazer com meu próximo brinquedo

Preciso de alguém fixo, já estou ficando descabelada por não te um boy e a renatita (apelido carinhoso a minha pepeka) já está aflita, mas ela tá igual ao morro do Dendê, ruim de invadir.

Com tudo ajeitado, Pietro, Nay, Analu e eu sentamos na mesa. Pedimos um bom vinho enquanto esperamos o início do desfile. Em meio a assuntos descontraídos, algo me chama atenção. Olho para a entrada e vejo três anjos celestiais adentrando o recinto. Renatita está como eu, chocada e paralisada, olhando para a entrada. Um deles é Santiago, mas ele está diferente, não estava vestido com suas roupas pretas de sempre e ao olhar pro lado vejo que não é sou eu que fiquei petrificada, tirando Pietro que é uma bicha assanhada, Analu também está em choque com o que vê. Já Nay está normal, essa parece uma estátua. Ela é estranha. Não bebe, não fuma e pelo que tudo indicava também não fode.

As personificações dos deuses caminham até nós feito modelos preparados para tal coisa. Patita já está com seus pompons para o alto, igual líder de torcida. Assim como eu, ela está na expectativa de raptar algum desses dois homens essa noite ou quem sabe os dois.

"Menina gulosa." - penso e sorrio discretamente

Assim que chegam na mesa eles nos cumprimentam. Santiago não conta, pois esse só tem olhos para minha prima Analu, enquanto os outros dois deuses estão aqui prontos para serem fisgados. Um é mais cordial, digamos que um perfeito cavalheiro. Já o outro é agitado e destemido. Me lembra alguém só não sei quem.

Enquanto estamos sendo simpáticos uns para os outros, inesperadamente Analu teve que sair com Pietro e a bicha parecia agitada.

Será que aconteceu alguma coisa?

Estou preocupada, espero que não tenha sido nada de muito grave.

Os três deuses se ajeitam na mesa. O mais falante é o Henrique. Ele se senta ao meu lado e nós dois quase não conseguimos nos entender, porque ambos falamos muito e ao mesmo tempo. Se tornando até cômico. Já Bruno, esse é educado e perfeito até para beber um gole da sua bebida. Já Santiago está igual a Nay, silencioso.

- Você mora aqui no Rio? - Bruno, o tal calado e metido a certinho, enfim abre a boca, e todos olham para ele.

- É comigo? - pergunto

Ele me olha sério e vira o rosto para Nay.

- Na verdade, era com a moça ao seu lado, que até agora não disse uma palavra. - ele fala sem me olhar direito.

Dou de ombros e logo penso:

"Estou nem aí pra você. Sujeito antipático e metido a certinho. Deve ser um chato até na hora do sexo. Argh!"

Então me viro para o tal Henrique e ele pergunta:

- Fala um pouco de você.

"Ah, pronto, tocou no ponto que eu gosto."

- Então, sou de Santa Catarina, tenho vinte um anos e vim para cá em busca de um emprego, e graças à Deus consegui. Estou sendo muito bem sucedida, adoro sair, dançar, beber e beijar na boca. Tudo Sem compromisso, é claro. Minha vida é muito curta para me prender a alguém. Basicamente é isso. Ah, e sou prima da Ana Lúcia.

Quando termino de falar percebo que Henrique sorri para mim, Bruno enfim me olha por mais de dois minutos e Santiago e Santiago olha para Bruno. Será que falei demais?

Mas não dá tempo de perguntar o que houve, porque as luzes da passarela acendem, e Analu entra arrasando fazendo com que todos os olhares se voltem para ela. Não menos que Santiago, que parece incrédulo a olhando divando na passarela. E eu adoro essa reação dele, sinal de que algo muito forte ainda toma ele.

Meio ao desfile ele me pede uma ajuda, e é claro que eu aceito. Faço de tudo para ver ele bem com minha prima. Eles precisam se acertar e viver o amor deles. Como sou uma garanhona nata, trago em minha bolsa uma caneta, nunca se sabe quando vou precisar anotar o número de um boy se caso o celular descarregar.

Temos que ser prevenidas girls.

Deixando a caneta em suas mãos ele pega um guardanapo e põe em ação sua ideia maravilhosa.

- Algo me diz que não carrega uma caneta atoa. - Bruno diz me encarando

- Agora fala comigo? - falo irônica

Ele estala a boca e diz:

- Mais alguém com caneta aqui?

"Olha o senhor perfeitinho colocando as asinhas de fora. Vamos deixar o bonitão intrigado." - penso

- Não é atoa, é uma caneta consolo. - falo

Ele me olha estranho, arqueia a sobrancelha e me fita de cima abaixo. Acho que ele não entendeu o recado, então completo:

- Ela vibra. Sabe como é né!? É necessário andar prevenida. - dou--lhe uma piscadela.

Seu irmão dá uma gargalhada, Santiago olha para ele e dá um sorriso de lado, enquanto ele me fuzilar pelo olhar. Mas é um olhar diferente de todos que ele já me deu essa noite. Um olhar que me deixa encucada. Renatita já está fazendo piruetas, pois esse olhar também teve efeito positivo nela. E depois desse olhar minha curiosidade se aguçou por ele. Deixo de lado o meu objetivo número um e então começo a criar um certo interesse por ele. Sua cara é de homem sério, culto e correto, o típico homem perfeito. Mas, esse olhar, a esse olhar, deixa no ar que ele tem algo a mais para mostrar.

- Então você gosta de brincar? - ele me pergunta, e no seu rosto tem um sorriso perverso e nos seus lábios seu polegar passeia de um lado para o outro.

Bingo! Acho que ganhei um brinquedinho para hoje a noite. E algo me diz que Renatita vai amar.

(...)

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