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LARISSA
Estava correndo atrás de trampo mas cara estava muito difícil, meu pai e a minha irmã não saiam de dentro de casa oque me deixava feliz e com medo ao mesmo tempo tinha alguma coisa errada. Estava eu lá linda subindo o morro depois de voltar de mas uma tentativa frustrada de achar emprego meus pés doíam muito eu estava super acabada real.
Parei em uma lanchonete na entrada do morro pra fazer um lanche tava faminta, sentei em uma mesa e fiz meu pedido, entrou um grupo de carinha e sentou na mesa ao lado de longe dava pra ver que era bandido
Fiquei ali ouvindo eles falaram sobre as mulheres do morro logo depois mudaram pra drogas e armas olhei pra trás quando vi eles falaram sobre o chefe tá precisando de uma mina pra fazer visita pra ele na cadeia o jeito como eles falavam era horrível me perguntei como pode uma mulher se prestar a algo desse jeito.
Terminei meu lanche e fui pra casa tava cansada real e ainda tinha faculdade mas tarde, inúmeras vezes eu pensei em trancar mas não posso fazer isso eu já perdi muito nessa vida não posso deixar ninguém arrancar meu sonho de mim ainda mas que falta pouco pra eu chegar lá, já estava no quarto ano estudando medicina quase indo pro quinto, depois disso vou começar minha residência em algum hospital daqui do Rio sou umas das melhores da minha turma apesar da vida que levo sempre me dediquei muito aos meus estudos, até porque essa é a única coisa que eu posso fazer por mim mesma. Mas papo reto até isso tá difícil tô devendo na faculdade já tem um tempão tô morrendo de vergonha mas o dinheiro que recebi dos tempos malmente deu pra pagar as contas de casa e fazer compra.
(...)
A noite chegou e fui me arrumar pra ir pra faculdade, essa é a única hora do meu dia que me deixa feliz apesar de ter que aguentar algumas pessoas super antipáticas lá.
Chego na faculdade e vou assistir minha aula, eu fico fascinada com isso desde muito nova sempre sonhei em ser médica tanto é que sempre me desempenhei o máximo pra isso e meu pai me dava maior apoio antes de se tornar um alcoólatra e só me por pra baixo. Estava super concentrada na aula que nem ouvi me chamarem, olhei pra porta e acompanhei a moça até a sala do diretor já até sabia do que cê tratava cheguei lá e só confirmei ele falou que se eu não pagasse o atrasado não ia pude continuar.
- Eu juro que ainda essa semana eu pago tudo que devo, o senhor não pode me suspender por favor não posso perder aula
Falei desesperada ele me olhou dos pés a cabeça de um jeito malicioso que me deixou enojada
- Quem sabe você possa me fazer mudar de ideia
Ele disse se levantando e sentada na mesa a minha frente e mexeu em meu cabelo enrolado em seus dedos enquanto olhava o decote da minha blusa, me afastei dele e olhei pra ele incrédula
- Eu não sei se estou entendendo mas espero que não seja oque minha cabeça está pensando que é porque isso seria abuso de poder e assédio e é claro que o senhor um homem tão importante um profissional conceituado não ia estar tentando me assediar não é mesmo?
Perguntei sarcástica o homem de branco ficou vermelho e voltou pro lugar dele arrumando a gravata, acho que por essa ele não esperava
- Mas é claro que não senhorita apenas estou tentando lhe dá uma oportunidade mas pessoas como você não merecem, bom espero que ainda essa semana você acerte a sua dívida para conosco
Depois disso desanimei real o cara me esculachou falou que se eu não tinha como pagar a metade da bolsa que eu cedesse a vaga porque tinham outras pessoas que precisavam e estavam mas interessados em fazer de tudo pra continuar o estudo, cara sai dali segurando as lágrimas a pessoa pensa que porque tu mora em favela não tem futuro ou precisa se vender pra ser alguém na vida, acho interessante esse sistema que nem ao menos deixa a gente tentar ser alguém, nada que eu consegui até hoje foi com a ajuda de ninguém eu dei o meu melhor pra conseguir a bolsa em momento algum eu recebi qualquer tipo de ajuda.
Fui o caminho inteiro no ônibus sentindo o peso das palavras dele aquilo era o tipo de coisa que fazia eu repensar se realmente valia a pena continuar tentando, chorei o caminho inteiro parece que chorar era oque eu mais fazia ultimamente.