Simplesmente Aconteceu
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Capítulo 4 Ayla Gabrielly

Chegou o tão esperado dia da entrevista, e eu estava nervosa, mas determinada a dar o meu melhor. Escolhi uma roupa mais simples, nada que indicasse minha origem abastada. Não queria que isso influenciasse a percepção dos entrevistadores sobre mim. A ideia era ser reconhecida pelo meu potencial e esforço, não pelo sobrenome que carrego. Revisei minhas anotações mais uma vez, ajeitei o cabelo em frente ao espelho e saí, com o coração dividido entre o nervosismo e a excitação.

Ao chegar à empresa, fui imediatamente impactada pela imponência do lugar. A recepção era ampla, moderna, com paredes de vidro que refletiam a luz natural, transmitindo a sensação de grandiosidade. O ar-condicionado estava gelado, o que contrastava com o calor que sentia por dentro. Meus pés se moviam automaticamente, mas minha mente já estava focada no que estava por vir.

Mesmo sem ter terminado a graduação, eu sabia que minhas experiências me prepararam para este momento. O trabalho e o estudo eram o alicerce da minha vida nos últimos meses, além de ser uma maneira de lidar com a saudade insuportável dos meus pais. Mergulhar no trabalho me ajudava a ocupar a mente, evitando que o vazio dentro de mim se expandisse ainda mais. Minha tia e minhas novas amigas, especialmente Clara, estavam ao meu lado, mas a dor da perda era algo que apenas eu podia processar.

- Senhorita Ayla Fernandes, pode entrar - disse a recepcionista, com um sorriso simpático, me despertando do meu devaneio.

Ao entrar na sala de reuniões, fui recebida por um homem de presença marcante. Ele era alto, com olhos azuis que pareciam atravessar qualquer barreira. Seu nome era Leonardo, o CEO da empresa. Ele irradiava confiança, algo que senti assim que nossos olhares se cruzaram. Apesar de intimidante, havia algo de cativante em seu sorriso discreto.

- Ayla Fernandes, certo? - ele disse, estendendo a mão firme. - É um prazer conhecê-la. Por favor, fique à vontade.

Sua voz transmitia autoridade, mas havia um toque de suavidade nela que me fez relaxar um pouco.

A entrevista começou com perguntas objetivas, que testavam não apenas meus conhecimentos técnicos, mas também minha capacidade de raciocinar sob pressão. Leonardo fazia questão de me desafiar, mas eu estava preparada. Cada resposta fluía com naturalidade, resultado de noites de estudo e prática. Senti que ele estava tentando medir não apenas minhas competências, mas também minha resiliência.

O que me surpreendeu foi a maneira como ele me observava. Seus olhos não estavam apenas avaliando minhas respostas; era como se ele estivesse tentando enxergar algo além, algo que eu mesma desconhecia. Havia uma dualidade em sua postura: o chefe exigente e o homem que, de alguma forma, me intrigava profundamente.

- Sinto que você tem algo de especial, Ayla - ele disse, ao fim da entrevista. - Tenho certeza de que ainda vamos trabalhar juntos.

Saí da entrevista com o coração acelerado. Não apenas pelo nervosismo comum de um processo seletivo, mas pela forma como Leonardo me fazia sentir. Havia algo nele que despertava emoções que há tempos eu não experimentava. E, alguns dias depois, minha intuição se confirmou. Recebi o tão esperado e-mail com a proposta de trabalho. Era o início de uma nova fase.

Aceitar o emprego foi uma decisão corajosa. A empresa era um desafio em vários níveis, mas eu sabia que era exatamente o que eu precisava. Mergulhei de cabeça no trabalho, determinada a provar que era capaz de alcançar meus objetivos sozinha, sem depender do legado da minha família. Meus dias eram preenchidos com reuniões, análise de dados complexos e decisões estratégicas que exigiam foco e dedicação. Aos poucos, fui conquistando meu espaço, mostrando aos colegas que eu estava ali para fazer a diferença.

Mas, inevitavelmente, o que mais me intrigava não era o trabalho em si, e sim a figura de Leonardo. Nossa relação profissional se desenvolvia de maneira intensa. Ele me chamava com frequência para discutir projetos importantes, e sua confiança em minhas habilidades crescia a cada reunião. Eu admirava sua visão estratégica e sua capacidade de liderar, mas havia algo mais que me mantinha interessada. Um mistério que ele parecia carregar consigo.

Leonardo era um homem reservado. Embora fôssemos próximos no ambiente profissional, sua vida pessoal era uma incógnita. Raramente o via interagindo de maneira mais aberta com os outros funcionários.

Ele mantinha uma postura sempre profissional, mas havia momentos em que percebia um olhar diferente, algo que ele tentava esconder. Nos corredores da empresa, quando nossos olhares se cruzavam, sentia uma tensão no ar. Mas ele nunca ultrapassou a linha entre o chefe e a subordinada.

Mesmo assim, meu coração não conseguia ignorar o que estava acontecendo. Quanto mais o tempo passava, mais eu me via apaixonada por ele. E essa paixão, para minha surpresa, me preenchia de uma maneira que eu não esperava. Era algo novo, uma sensação que me trazia vida em meio à dor da perda dos meus pais. Eu desejava que Leonardo me visse além do trabalho, que enxergasse a mulher que estava ali, esperando por algo mais.

Mas a realidade se impôs de forma cruel. Um dia, enquanto caminhava pelos corredores da empresa, flagrei Leonardo em um momento íntimo com sua secretária. Eles estavam sozinhos, e eu os vi se beijando. O choque foi imediato. Meu coração, que até então batia por ele, se partiu em mil pedaços. A dor da rejeição me atingiu de uma maneira que eu não esperava. Senti-me ridícula por ter nutrido esperanças, por acreditar que ele pudesse sentir algo por mim.

Afastei-me rapidamente, tentando não chamar atenção. Voltei ao meu escritório e me joguei no trabalho, na tentativa de sufocar a decepção que queimava dentro de mim. Mas a imagem daquele beijo me perseguia, atormentando meus pensamentos. Não havia como fugir. Leonardo nunca me veria da maneira que eu queria. Para ele, eu era apenas mais uma funcionária.

Os dias que se seguiram foram difíceis. Eu continuava dando o meu melhor no trabalho, mas meu coração estava mais pesado. A realidade da situação me forçava a encarar algo que eu não queria admitir: eu precisaria seguir em frente. Leonardo não era para mim, e alimentar essa paixão silenciosa só me traria mais sofrimento. Era hora de reavaliar minhas prioridades e me concentrar no que realmente importava: meu futuro.

A aceitação dessa verdade foi dolorosa, mas também libertadora. Percebi que minha força não vinha de conquistar o amor de alguém, mas sim de me reconstruir após tantas perdas. O trabalho continuaria sendo minha fonte de motivação, mas eu aprenderia a separar meus sentimentos pessoais da minha vida profissional.

Leonardo continuaria sendo meu chefe, e eu, sua subordinada. E por mais que meu coração ainda batesse mais forte quando o via, eu sabia que aquele capítulo precisava ser encerrado. Era hora de escrever uma nova história, uma que fosse minha, sem depender de ninguém para me completar.

            
            

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