Capítulo 7 Ayla

Eu me sinto completamente angustiada em relação ao Leonardo. Desde que nos beijamos, ele tem se afastado, e agora há rumores na empresa de que ele tem uma noiva e está prestes a se casar.

Como isso é possível?

Se ele está comprometido, por que me beijou?

E por que, agora, age como se eu não fosse nada para ele?

Isso me deixa confusa e, sinceramente, furiosa. Não acredito que estou me apaixonando por um homem comprometido. Como pude me deixar levar a esse ponto?

Será que fui tão ingênua assim?

A atração entre nós era inegável.

Eu senti. Tenho certeza de que ele também sentiu. Então, por que ele está me tratando dessa forma agora, como se eu fosse apenas mais uma pessoa qualquer?

E como se não bastasse, temos essa viagem de negócios juntos. Só a ideia de passar dias ao lado dele me deixa ansiosa. Não sei se devo aceitar essa viagem, mas ele praticamente me obrigou a ir. Como posso dizer não? Recusar significa colocar meu trabalho em risco, e isso eu não posso permitir.

Mas também não posso mais continuar me torturando com a presença dele. Estar ao lado de Leonardo está me afetando de todas as maneiras possíveis, até mesmo no meu desempenho na empresa.

"Mas que droga!" explodo em pensamento, batendo os punhos contra a mesa. "O que vou fazer tão longe com esse homem? Que tipo de tortura emocional é essa que ele está me impondo?"

Ele costumava ser tão gentil, tão amável. O homem que me beijou parecia outro completamente diferente desse com quem tenho que lidar agora. Um frio, distante... e grosseiro. A cada dia que passa, ele parece se distanciar mais, e isso me faz querer gritar. Quantas vezes, enquanto estávamos na mesma sala, eu tive vontade de socar aquele rosto perfeito por me tratar com tanta indiferença?

"Quem ele pensa que é?" me pergunto, irritada. "Um completo babaca, isso sim. Ele acha que pode me tratar como bem entender só porque é meu chefe?"

Leonardo pode ser meu superior na empresa, mas isso não lhe dá o direito de ser grosseiro comigo. E, com certeza, ele não tem o direito de achar que eu simplesmente vou acatar tudo o que ele diz. De jeito nenhum! Ele vai descobrir que não sou do tipo que aceita ordens cegamente. Eu sou sua funcionária, e só isso. Meu trabalho é entregar resultados, e nisso sou muito boa. Mas isso não significa que sou um objeto ou que ele pode brincar com meus sentimentos.

Eu não consigo acreditar que estou apaixonada por ele. Como cheguei a esse ponto? Ele não merece o que sinto por ele. Eu devo estar louca para gostar de um homem assim. Tão arrogante, tão inconstante. Ele costumava ser tão diferente, tão cuidadoso comigo. Nós chegamos a almoçar juntos várias vezes, e ele insistia em pagar a conta, como um verdadeiro cavalheiro. E agora, ele age como se nada disso tivesse acontecido. Como se tudo entre nós fosse irrelevante.

Essa mudança veio logo depois do beijo. Se era para agir assim, por que ele me beijou?

Eu sei que nós nunca fomos exatamente amigos, mas havia uma conexão. Isso eu não posso negar. Porém, ele nunca mencionou essa noiva, e eu nunca vi aliança nenhuma no dedo dele. Agora, aqui estou eu, completamente envolvida por um homem que já está comprometido, e me sinto tão estúpida por isso.

"Ah, maldito sentimento!" grito em minha mente. "Por que não consigo simplesmente esquecê-lo?"

Tento me concentrar no trabalho, mas é impossível. Ele invade meus pensamentos a cada segundo, e isso me frustra. Sei que é errado, sei que deveria deixá-lo para trás, mas não consigo. Há algo nele que me atrai, que me puxa de volta toda vez que tento me afastar.

Pelo menos, até agora, eu não tive que ver essa tal noiva. Acho que não suportaria vê-los juntos. Não estou preparada para isso. A simples ideia de que ela pode estar ao lado dele, talvez na viagem que faremos, me deixa tensa. Será que ela vai?

E Leonardo... ele nem se dá mais ao trabalho de me elogiar como antes. Ele costumava fazer pequenos comentários, discretos, mas que me faziam sentir especial. Agora, nada. Será que ele pensa que, se me ignorar, eu vou simplesmente deixar de gostar dele?

Mas a verdade é que ele não sabe de nada. Não sabe o quanto penso nele, o quanto cada palavra que ele diz - ou não diz - me afeta. E ele nunca saberá. Nunca saberei se ele sente algo parecido, porque eu sou orgulhosa demais para confessar o que sinto. Eu nunca permitiria que ele soubesse. O que ele acharia de mim?

Uma mulher frágil e dependente? Não, jamais.

No entanto, no fundo, parte de mim deseja que ele soubesse. Deseja que ele enxergasse o quanto estou apaixonada. Sim, é contraditório. Não quero que ele descubra, mas ao mesmo tempo, uma parte de mim quer que ele saiba. Que ele perceba que o amo, que o desejo com todo o meu coração.

Mas isso tem que parar. Eu preciso deixá-lo ir. Preciso tirar esse sentimento de mim, porque ele só está me destruindo. E tenho que fazer isso rápido, antes dessa viagem. O que eu vou fazer? Ir ou não ir? Tenho opções? Não parece que tenho. Recusar pode significar mais problemas para mim do que estou disposta a enfrentar no momento.

Meu trabalho é importante demais para ser arriscado. Foi ele que me manteve de pé depois da morte dos meus pais. Sem ele, não sei o que teria acontecido comigo. E a viagem... está marcada para sábado. Será uma viagem longa, com uma reunião seguida de uma festa. Ótimo. Exatamente o tipo de ambiente que não preciso estar.

E o pior de tudo: será que a noiva dele estará lá?

Se estiver, como vou lidar com isso?

Fingir que não me importa?

Que não sinto nada?

Eu sou boa em esconder meus sentimentos, mas isso pode ser um teste que não estou pronta para enfrentar.

Além de tudo, ele não sabe nada sobre minha vida pessoal. Ele acha que sou apenas mais uma funcionária, vivendo do meu salário como qualquer outra. Ele não tem ideia de que sou uma mulher rica. Ninguém na empresa sabe. E faço questão de manter essa parte da minha vida em segredo. Tenho um carro simples, nada que chame atenção. Meu verdadeiro carro e o motorista ficam bem longe desse lugar. Eu gosto de passar despercebida.

Leonardo nunca saberá da minha condição financeira. Ele não merece essa informação. Ele não merece saber nada além do que é estritamente necessário para o trabalho. O homem que me deu aquele beijo inesquecível e agora me trata com frieza não tem direito a mais nada.

Mas eu também sei que não será fácil esquecê-lo. Será que algum dia vou conseguir? Não sei, mas uma coisa é certa: eu não sou o tipo de mulher que vai se deixar consumir por um amor não correspondido. Se ele não me quer, que seja. Vou seguir minha vida, com ou sem ele.