Capítulo 4 Luna Rivera.

Depois de algumas horas de voo, olho pela janela e vejo o pôr do sol. A vista daqui de cima é ainda mais linda! Pego meu telefone, coloco os fones de ouvido e começo a ouvir minhas músicas favoritas. Estava esperando por outro grande sucesso, mas fico surpresa ao ouvir a voz de minha mãe. Olho para o celular e vejo ser um áudio dela.

- Hola, mi amor! (Olá, meu amor) Me desculpe por te incomodar enquanto você ouve suas músicas, mas vim aqui para te agradecer. Obrigada por ser a melhor filha do mundo, por estar comigo todo esse tempo, por se preocupar comigo e por nos ajudar tanto! Obrigada, minha filha, por seguir seus sonhos e não desistir de si mesma! Me perdoe por não ser a melhor mãe do mundo, por não ter te protegido quando você precisou... - a ouço chorar e meu coração aperta. Como ela pode pensar isso? - Você é forte, guerreira! Quero que saiba que sempre estarei aqui para você. Te amo, minha filha, e sou muito grata por ser sua mãe. Agora, espero de todo o coração que você alcance lugares altos, que tudo dê certo, e que você conquiste tudo o que deseja. Estou ficando aqui, minha filha, obrigada por tudo, e que Deus te abençoe. Até mais.

A música começa e lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. Minha mãe é uma vencedora, sempre cuidou de mim. A pior parte de nossa vida foi o abuso que sofri, as consequências que vieram, o trauma e a perda da minha irmãzinha e do meu pai. Ela não pôde ir ao enterro de nenhum dos dois. Vovó organizou tudo. Mamãe ficou em coma por três semanas, e os médicos disseram que ela teve uma pequena concussão, mas se recuperaria. Nunca imaginamos que ela ficaria paraplégica.

Balanço a cabeça para afastar essas lembranças e evitar que me deprimam. Pego outro livro para ler, e este é o meu favorito. Amo os livros de Jane Austen, e ganhei Orgulho & Preconceito no meu aniversário... Amo Elizabeth Bennet e Mr. Darcy. Fico encantada com a troca de farpas entre eles, cada um com seu jeito doce, sensível e educado.

Ganhei a coleção completa de Jane Austen no meu aniversário e não larguei mais desde então. Aí de quem tocar! Esses livros são meus tesouros. Até deixei uma carta onde peço à minha família para colocá-los em uma caixa de vidro e enterrá-los comigo quando eu me for. Sei que pode parecer exagero, mas os livros são minha paixão! Os livros novos têm o melhor aroma do mundo.

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Acordo com a comissária de bordo me chamando.

- Por favor, senhorita, aperte o cinto, vamos pousar - ela me entrega meu livro. - Estava no chão, acho que deixou cair durante o sono.

Olho para ela, assustada.

- O... obrigada.

Pego o livro e a comissária sorri antes de se afastar. Como eu poderia deixá-lo cair? Examino o livro de frente para trás e de trás para frente, ele está em perfeitas condições.

- Uau! - Coloco o livro na mochila e afivelo o cinto, ouvindo o piloto anunciar que chegamos a Nova York. Olho pela janela e percebo que estamos perdendo altitude. Fecho os olhos e começo a contar.

- Um, dois, três, quatro, cinco...

Sinto um pequeno solavanco e o avião começa a taxiar pela pista. Respiro fundo e abro os olhos.

Assim que entro no aeroporto, corro para comprar um novo chip. Após instalá-lo no celular, mando uma mensagem para minha mãe, dizendo que estou bem e que em algumas horas estarei indo para Boston.

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Depois de quase duas horas de espera no aeroporto, decolamos novamente. Desta vez, o assento ao meu lado é ocupado por uma garota. Ela está seriamente lendo algo no celular. Abro minha "caixa mágica", sorrindo, mas quase tenho um ataque cardíaco com o grito que ouço.

- Oh, meu Deus! - ela diz, olhando para a minha mochila. - Você é um rato de biblioteca! Isso tudo é para você ler durante o voo?

- Sim!

- Uau! Achei que era a única a fazer essas coisas no avião. - Olho para ela, mas não vejo nenhum livro em suas mãos.

- Sinto muito, mas não entendo. - Ela sorri, um sorriso largo.

- Primeiro... - ela diz, levantando o dedo indicador. - Meu nome é Kim Fiore, prazer em conhecê-la. - Ela estende a mão e eu a cumprimento.

- Prazer em conhecê-la, meu nome é Lunna Rivera. - Solto sua mão e me ajeito no assento para ficar confortável.

- Nome bonito. Então, em segundo lugar... hoje em dia, carregamos livros no celular. - Ela vira o celular, me mostrando que estava lendo um livro.

- Uau!

- Você não sabia disso? - Estou envergonhada por ser um pouco leiga com a tecnologia. - Ah, não importa! Vou te apresentar alguns autores de livros que não são tão famosos, mas arrasam. Alguns dos meus favoritos são brasileiros. Adoro o jeito que eles escrevem. Me pergunto onde eles olham enquanto têm ideias para escrever.

Sorrio com seu entusiasmo e ela me mostra alguns livros no celular.

- Você vai adorar essas histórias! Mas, mudando de assunto, de onde você é?

- Sou de Cuba, mas me mudei para a Nicarágua quando tinha 10 anos.

- Legal! Não conheço o país, mas pelo que vi na internet e na TV, é lindo.

- Sim, é! - digo, lembrando das pessoas que mais amo no mundo.

- Me desculpe, não queria te deixar triste.

- Oh, não! É só que mi abuela y mi madre (minha avó e minha mãe) ficaram na Nicarágua. - Ela olha para mim e posso até ver o enorme ponto de interrogação se formando em sua cabeça. - É minha avó e minha mãe.

- Isso foi em espanhol, certo?

- Sim, é a nossa língua materna.

- Entendo. Mas faltei todas as aulas de espanhol, e o professor me liberou quando viu que minha cabeça não funcionava em outro idioma. Porém, agora terei alguém para me ensinar, já que não sei nada!

- Relaxe, eu vou te ensinar! - Ela sorri e faz um gesto de "sim" com a cabeça.

- E você? É mesmo de Nova York? - pergunto a ela.

- Sim! Nasci, cresci, encantei, me desiludi e me deixaram a ver navios. - Sorrio com o humor dela.

Como eu queria alguém que me fizesse sorrir assim todos os dias!

Continuamos a conversar e descubro que ela está na mesma faculdade que eu, mas cursará marketing. O irmão dela, Adam, estuda gestão financeira há dois anos e, quando terminar, fará doutorado na área. Conversamos tanto que nem percebi o tempo passar. Pelo que percebi, somos parecidas em alguns aspectos, e acho que vamos nos dar muito bem.