Capítulo 7 Confusão

ELE

O vento sacudia a lona da barraca, trazendo, ocasionalmente, grossas gotas de chuva que se atreviam a invadir o meu espaço, resquício da tempestade que tinha desabado sobre nos.

A fúria dos deuses, com seus relâmpagos e trovões, rivalizavam com a fúria dentro de mim.

Pela entrada que deixei aberta, podia observá-la.

Odessa...

Excepcionalmente bela, sua figura sobressairia em meio a qualquer multidão. O seu nome ecoava na minha mente.

Estava sentada debaixo da ampla barraca aberta que fora armada debaixo de uma árvore, para assegurar que estaria abrigada da chuva e não poderia escapar de nós.

De mim...

Ela segurava uma vara com a qual atiçava o fogo que a aquecia. O vestido humano e os cabelos escondendo parcialmente o rosto davam um toque de submissão. O aroma que advinha dela atravessava o tempo e chegava até mim, deixando a calça de pele de animal que eu vestia extremamente desconfortável, me fazendo desejar aquela criatura de todas as maneiras possíveis.

MINHA!

A terceira forma reverberou em meu peito, projetando imagens de mim entre as pernas dela, usufruindo de seu corpo nu, quente e cheio de desejo.

Meu Beta adentrou a minha barraca trazendo uma bandeja com as sobras da carne assada do jantar. Ele seguiu a direção em que eu olhava e sentou-se ao meu lado.

- Alfa, qual a habilidade da fêmea?

- Não faço ideia... - Respondi, sem tirar os olhos dela.

- Nossas fêmeas são todas guerreiras, treinadas desde filhotes, ela será massacrada por elas se continuar com essa postura fraca!

Ele tinha razão, ela parecia fraca demais, dócil demais. Do jeito que Rules a tratou, nunca deve ter tido dedicação, estudo ou treino... No meu clã, todas as fêmeas tinham que ser guerreiras, ela destoaria terrivelmente.

Ela pareceu sentir que falávamos dela e levantou o olhar, nossos olhos se encontraram e senti uma carga de energia no peito.

Linda!

Pelo menos, desde que nos afastamos daquele alfa maldito, ela não fedia mais a medo. Estaria ela tão enredada por aquele covarde que temia por ele?

Que promessas teria ele feito para conquistá-la?

- Alfa, acha uma boa deia levá-la para o nosso clã? Ela é parte dos rebeldes, e se vazar informações?

- Ela não terá acesso à informação alguma. Além disso, você viu como o clã a tratava, como a um estorvo. Se veste com trapos humanos, foi chamada de "sem valor" publicamente. Ela parece nem saber o seu valor como Luna de nascença.

Após falar essas palavras, não resisti ao impulso da minha natureza e fui até ela. Quando cheguei, parei diante dela, que continuou cutucando as brasas da base da fogueira como se não notasse a minha presença.

- Esperava mais de você, esse comportamento desrespeitoso pode parecer normal para os lobos de Rules, mas para onde vamos, não será tolerado.

Ela largou a vara e bocejou antes de levantar, sacudindo a poeira da roupa e me mirar preguiçosamente.

- Não estou entendo o que quer dizer, Alfa Orium.

Ignorante, incauta e sem modos.

- Sou o seu Alfa, me deve respeito, nunca aprendeu que deve sempre se levantar e se curvar quando está na minha presença!

Ela segurou os cabelos, formando um rabo de cavalo e prendendo-o com uma mecha. Exibiu o pescoço para mim, minha gengiva queimou com a produção da toxina de união, os caninos vibrando de desejo de romperem a barreira de sua pele perfeita.

- Respeito? - Ela colocou a mão na cintura e inclinou a cabeça. - Precisa merecer o meu respeito. O fato de ser um Alfa não me diz nada, tem muito alfa por aí que não vale o que o meu cavalo caga! Se não teve respeito por mim, ao me exigir como tributo de guerra, não tem o direito de cobrar nada em troca!

Segurei o seu braço e a puxei para junto de mim, em vez de abraçá-la como o meu coração exigia. Segurei os seus cabelos macios, desejando passar os dedos entre os cachos, puxando-os levemente enquanto a monto por trás...

Resolvi ignorar os olhos dos meus lobos me nós, não aguentava mais ter autocontrole. Envolvi a sua cintura com a outra mão, juntando os nossos corpos, lembrando a ela que estava falando com um macho Alfa. O aroma de sua excitação se fez notar e esfreguei a minha ereção no traseiro dela, minha boca tocando a sua orelha.

- Lembre-se que veio por que quis, eu te dei uma escolha!

Cacete!

Eu estava enlouquecendo, estava a um passo de quebrar as leis do meu clã e montar a minha fêmea fora de nosso território, com vários dos meus lobos como testemunha da minha desobediência às leis.

- Mentiroso, não me deu opção, se eu tivesse uma escolha de verdade, jamais teria abandonado o meu povo e vindo atrás do monstro que nos atacou!

Suas palavras foram como um soco no estômago, ofendendo severamente o meu orgulho e o meu ego. A calma e tranquilidade com que as proferiu eram como sal numa ferida aberta.

A minha terceira forma se encolheu, fraca demais pela beberagem para tomar o controle.

- Entre mim e Rules, acredita mesmo que eu sou o monstro?

- Foi você, Orium, quem matou mais da metade de um clã!

Os meus lobos que ouviram a sua fala, e espantaram com o atrevimento dela, aguardando a minha reação.

Ela se virou e me encarou, reforçando o desrespeito pela minha posição de Alfa. O meu lobo estava enraivecido com o desprezo de nossa fêmea. Segurei-a pela nunca e a forcei a se ajoelhar no chão. Ela não compreendeu o meu gesto e quando tentou resistir era tarde demais.

Ter o seu rosto diante do meu membro entumecido não me ajudou a raciocinar direito.

- Vai me chamar de Alfa, Odessa, ou terei que puni-la!

Eu queria que ela me olhasse, de verdade, como seu macho, e aproveitasse aquela posição para me satisfazer, como era a sua função como minha fêmea, mas ela simplesmente sorriu, condescendente, antes de dizer:

- Perdão, Alfa Orium, já que faz tanta questão do título. Posso repetir: Alfa Orium, satisfeito?

Eu estava tudo, menos satisfeito. O meu pênis latejava, o tesão que ela me dava era absurdo, o meu corpo desejava o dela com todo o fervor de que era capaz. Porém, não senti nenhum aroma de excitação dela naquele momento, o que me frustrou imensamente.

Me afastei sem dizer mais nada, precisava liberar o meu lobo, correr para tirar essa confusão que ela implantou no meu coração.