Capítulo 5 O Jogo das Sombras

O silêncio na sala era sufocante. O brilho pálido das telas refletia nos rostos tensos de Heitor e Alexei. O jovem armado, de olhos frios como o gelo, não vacilava. Nikolai, por sua vez, parecia uma estátua, inabalável e imponente, aguardando a reação dos garotos.

- O que acontece se recusarmos? - Heitor finalmente quebrou o silêncio, sua voz carregada de desafio.

Nikolai inclinou ligeiramente a cabeça, como se ponderasse a pergunta.

- Recusar significa abraçar o esquecimento - respondeu ele. - Nenhum de vocês sairia vivo deste lugar.

Alexei deu um passo à frente, ignorando a arma apontada para eles.

- Você nos chama de especiais, mas nos trata como peças descartáveis em um tabuleiro. Não vê que isso é... insano?

O jovem armado apertou o gatilho levemente, o som do mecanismo ecoando pela sala. Nikolai ergueu a mão novamente, sinalizando que ele recuasse.

- Insano ou não, é a realidade - retrucou Nikolai, sua voz firme. - O mundo lá fora é mais cruel do que qualquer coisa que vocês possam imaginar. Aqui, damos a vocês uma chance de sobreviver e prosperar.

- Sobreviver como monstros? - disparou Heitor.

O comentário fez Nikolai cerrar o maxilar. Ele respirou fundo antes de responder.

- Monstros? Talvez. Mas monstros controlam o caos. E no caos, ou você controla, ou é consumido.

Alexei trocou um olhar rápido com Heitor. Nenhum dos dois estava disposto a ceder.

- Você quer que sejamos armas? - disse Alexei, aproximando-se de Nikolai. - Então está subestimando uma coisa...

- E o que seria? - Nikolai arqueou uma sobrancelha, intrigado.

- Armas podem se virar contra quem as controla.

Antes que Nikolai pudesse reagir, Alexei avançou para o jovem armado. Com um movimento rápido, desviou o braço dele, fazendo o disparo acertar o teto. Heitor, aproveitando a distração, pegou um dos pesados arquivos de metal e o lançou contra a arma, derrubando-a no chão.

O caos explodiu na sala. Nikolai gritou ordens, mas Alexei e Heitor já estavam em ação, movendo-se como uma unidade. Eles haviam treinado para situações assim – ironicamente, graças ao próprio Acrópole.

- Pela esquerda! - gritou Heitor, enquanto Alexei derrubava o jovem com um golpe rápido.

Eles se moveram em direção ao túnel, mas a porta estava trancada. Nikolai, recuperando o controle da situação, apontou uma arma para eles, sua expressão agora carregada de raiva.

- Vocês são mesmo talentosos. Mas não subestimem o que está contra vocês.

Antes que pudesse atirar, as luzes da sala piscavam freneticamente e, de repente, apagaram-se por completo. O monitor central começou a exibir um padrão de códigos que se embaralhavam em alta velocidade.

Uma voz feminina, fria e mecânica, ecoou pelos alto-falantes da sala:

- Sistema em alerta. Intrusos detectados. Bloqueio total ativado.

- O que está acontecendo? - gritou Nikolai, olhando ao redor.

Alexei sussurrou para Heitor:

- Isso deve ser algo do diário. Lembra dos códigos? Acho que ativamos algo sem querer.

- Melhor do que nada - respondeu Heitor, agarrando Alexei pelo braço e puxando-o para trás de uma das estantes.

Nikolai estava distraído tentando restabelecer o controle do sistema. O caos deu aos garotos uma oportunidade. Alexei vasculhou freneticamente os arquivos, enquanto Heitor tentava decifrar o padrão no monitor mais próximo.

- Eles não vão nos deixar sair - murmurou Alexei. - Precisamos de um plano.

- Primeiro, precisamos descobrir o que diabos está acontecendo aqui -

                         

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