Capítulo 5 Ava Lockwood.

Acordo sobressaltada.

Olho ao redor. Estou deitada na cama, mas Ravi não está aqui.

A cena dele e do irmão brigando não sai da minha cabeça. Muito menos as palavras cruéis que Zadock dirigiu a mim.

Nunca senti tanto medo de alguém.

Quando ele me agarrou pelos ombros e ergueu a mão contra mim... por um instante, achei que ele realmente faria aquilo.

De repente, tudo dentro de mim parece explodir.

É como se uma tempestade tivesse se formado dentro do meu peito, ameaçando engolir tudo em seu caminho.

Meu coração dispara, desesperado, como se tentasse escapar do meu próprio corpo. Um suor frio cobre minha testa, e uma sensação esmagadora de pânico me envolve.

Levo a mão ao peito e aperto, como se pudesse arrancar essa angústia de dentro de mim.

Tento respirar, mas cada inspiração é um desafio. As paredes parecem estar se fechando ao meu redor. O quarto gira. Tudo se torna distante. Irreal.

Um zumbido constante invade meus ouvidos, abafando qualquer som ao redor.

Lágrimas quentes começam a escorrer pelo meu rosto. Tento contê-las, mas é inútil. É como tentar conter uma cachoeira com as mãos.

Sinto um nó na garganta, um grito preso que não consigo soltar.

Jogo o lençol para o lado e tento me levantar... mas minhas pernas falham.

Desabo no chão.

Encolho-me no canto, perto da janela, abraçando meus joelhos contra o peito, tentando me proteger da tempestade dentro de mim.

Sinto como se estivesse me afogando.

Um mar de desespero e medo me engole.

Não sei como ou quando essa tormenta vai passar.

Minhas mãos vão até os cabelos, afastando-os do rosto.

Como pude me apaixonar por ele?

Como fui tão cega?

Como me deixei levar por uma ilusão tão cruel?

A dor e a raiva se misturam e explodem dentro de mim.

Então eu grito.

A porta do quarto se escancara.

Ravi surge.

Seus olhos estão arregalados, o pânico estampado em sua expressão.

Ele segura a maçaneta com força.

- Ava, o que aconteceu? - Sua voz carrega preocupação enquanto ele corre na minha direção e se ajoelha à minha frente.

- Vi... - soluço, incapaz de conter as lágrimas.

Nunca senti tanta dor.

Mas essa dor não é apenas medo.

É arrependimento.

É raiva.

- Calma, amor... - murmura ele, pegando-me no colo.

Sem hesitar, envolvo meus braços ao redor de seu pescoço, agarrando-me a ele como se fosse minha única âncora.

Ravi me carrega de volta para a cama e se deita ao meu lado, mantendo-me firmemente em seus braços.

Então, o abraço com toda a força que tenho.

Sinto seu cheiro.

Ele beija minha cabeça e me mantém protegida entre seus braços.

Ali, pela primeira vez desde que acordei, sinto-me segura.

- O que aconteceu? Quer me contar?

- O Zadock te fez algo? - pergunta ele, deslizando os dedos suavemente por meus cabelos.

Apenas balanço a cabeça em um gesto negativo.

Ele continua me aconchegando, passando a mão pelos meus cabelos, em um carinho que lentamente me acalma.

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Ficamos assim por um tempo. Quando ele se move, instintivamente o seguro, escondendo ainda mais o rosto em seu peito.

- Fica aqui comigo.

Afasto-me ligeiramente e o encaro. Ele desliza os dedos, suavemente, pelo meu rosto em um carinho terno.

- Sempre. Vou ficar com você, até mesmo quando não me quiser mais ao seu lado.

- Até nessas horas você consegue ser romântico. - murmuro, arrancando-lhe um sorriso.

- Já te prometi que vou expressar todo o meu amor por você, não é? - Com delicadeza, ele traça uma linha imaginária com o dedo indicador, começando entre meus olhos e descendo suavemente até a ponta do meu nariz. - Eu te amo de um jeito que palavras não podem expressar. E meu maior desejo... é te fazer feliz.

Sorrio de canto e volto a me aconchegar em seus braços, apertando-o um pouco mais forte.

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Abro os olhos, piscando várias vezes.

Viro a cabeça rapidamente. Estou dentro de um carro.

Ravi está dirigindo.

- Como vim parar aqui? - pergunto, confusa.

Ele sorri de lado e aperta um botão no painel. Meu banco, que estava reclinado, começa a voltar para a posição normal.

- Oi, amor. Achei melhor te sequestrar.

- Você me trouxe para o carro?

- Sim. Chamei você hoje cedo, e então acordou, tomou banho, se trocou... Depois, quando voltei ao quarto, já estava apagada novamente na cama.

- Acho que o estresse de ontem me pegou de jeito.

- Imagino. Por isso, arrumei nossas malas e te trouxe para cá.

Viro-me para a janela e sorrio ao reconhecer a paisagem.

- Estamos indo para Hallstatt?

- Sim. Achei que isso iria te fazer feliz.

Solto o cinto e me jogo em cima dele.

Ravi segura firmemente o volante, rindo.

- Obrigada, obrigada, obrigada! - exclamo, enchendo seu rosto de beijos.

Então o viro levemente e capturo seus lábios em um selinho rápido.

Ele pisca várias vezes, surpreso, antes de sorrir e voltar a atenção para a estrada.

- Se eu soubesse que você ficaria assim e que, de brinde, ganharia tantos beijos, teria te trazido antes.

Sorrimos.

- Agora, coloque o cinto. Estamos em alta velocidade.

- Ok. - Respondo, prendendo novamente o cinto, fazendo com que o alarme no painel se silencie.

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Assim que os portões se abrem, salto do carro e corro até a porta da casa. Ela está aberta.

Ao entrar, um sorriso se espalha pelo meu rosto. Minha avó, August, Kácia, Alécio e o pequeno Enrico brincando no cercadinho...

Meu coração se aquece.

Corro até eles e os abraço um por um, sentindo-me transbordar de felicidade.

- Vocês vieram! - exclamo, apertando Kácia contra mim.

- Tudo isso graças ao seu marido. - Ela aponta para trás de mim.

Solto-a e vou até Ravi, que segura duas malas.

Abraço-o.

Então, coloco as mãos em seu rosto e o beijo rapidamente.

Ouço um barulho.

As malas caíram no chão.

Quando volto a encará-lo, ele está com o rosto vermelho e os olhos arregalados.

- Me desculpe, eu só... - começo a falar, mas sou interrompida.

Sua mão desliza para minha nuca enquanto o outro braço envolve minha cintura.

Ele me puxa para si.

Seus lábios se encontram com os meus.

O toque é quente, intenso.

Minha pele se arrepia instantaneamente.

Uma onda de calor percorre meu corpo inteiro.

Nossos lábios se movem em perfeita sintonia, dançando em uma coreografia de desejo.

O tempo parece parar.

Sinto suas mãos firmes em minha cintura, me puxando para mais perto.

Cada beijo é um carinho na alma.

Meu coração dispara.

Minha mente se perde nesse momento.

Tudo ao redor desaparece.

Apenas nós dois existimos.

Uma conexão profunda nos consome.

Finalmente, nos afastamos.

Nossos olhares se encontram.

Nos olhos dele, há algo indescritível.

Minha respiração está ofegante. Meu corpo ainda sente seu toque.

Então, ouço uma voz atrás de mim.

- Uau, viu, August? Isso, sim, é um beijo de verdade! Por que você não faz isso comigo?

Congelo.

Meus olhos se arregalam com as palavras da minha avó...

- Se eu fizer isso, nós dois vamos direto para o hospital. - August responde.

A risada explode pela sala.

- Ah, meu Deus! - exclamo, cobrindo o rosto com as mãos.

Sinto Ravi me envolver em seus braços novamente, rindo baixinho.

- Caraca! Parecia até cena de filme! - comenta Kácia, fazendo-me rir, mesmo morrendo de vergonha.

- Então, finalmente acordou, princesa?

Levanto o rosto e sorrio.

- Sim. - Murmuro, sentindo minhas bochechas ainda quentes.

Ravi envolve minha cintura, me puxando para mais perto dele.

- Ava finalmente decidiu dar uma chance ao meu amor.

Olho para ele sorrindo. Deslizo os dedos suavemente por seu rosto.

- Amei a surpresa. Obrigada!

Ele se inclina levemente e sussurra em meu ouvido:

- Vou te surpreender sempre. Porque quero essas suas reações e esses beijos inesperados mais vezes.

Fecho os olhos, sorrindo. Apoio a cabeça em seu braço.

- Agora vamos parar com esse agarramento! - declara minha avó. - Vamos para a cozinha fazer alguma delícia para comer, e os homens vão ao mercado comprar o que falta. August sabe o que precisamos.

Afasto-me de Ravi, ainda sorrindo.

- Vou guardar as malas e já desço para irmos. - Ele avisa, pegando as malas e subindo as escadas.

Aproximo-me da minha avó e a abraço com carinho.

- Minha princesa... Esse casamento te fez bem. Você está radiante!

Sorrio, sentindo meu coração transbordar de felicidade.

- Me sinto feliz, vovó.