__ Mais força Alvor, só mais um pouquinho. __ Ouvir minha amiga pedindo, contudo, se soubesse como estou me sentindo, não pediria isso.
__ Eu não consigo, estou sem forças, Helga.
__ Não pode desistir, estamos quase lá, só mais uma empurrada, posso ver a cabeça. __ Avisou incentivando-me. Fechei os olhos e fiz uma prece a Freya, e quando abri os olhos a deusa estava lá. Sei que é ela. Sua beleza transcende o natural. Está atrás de Helga. Seus cabelos loiros, não para de brilhar.
__ Não tenha medo Alvor, estou aqui com você. __ Disse gentil.
__ Freya! __ Exclamei eufórica. Olhei para Helga e a mesma fitava o lugar que encarava, e pela sua face, não via nada.
__ Ela não pode me ver, apenas você... Escute você precisa ter forças.
__ Eu não aguento mais deusa. __ Confessei cansada. Todo o meu corpo pede apenas descanso.
__ Claro que consegue, você foi feita para isso. __ se aproximou mais __ Ela corre perigo Alvor, precisa protegê-la.
__ Como farei isso? Como posso proteger a minha filha? __ Questionei ainda fazendo força. Freya tocou minha cabeça, e me mostrou tudo que aconteceria para minha filha ficar segura. A encarei com os olhos cheios de lágrimas. Eu não poderei vê-la crescer.
__ Tudo bem, deusa!
__ Agora coloque toda força que puder, ela nascerá agora. __ Fiz o que me pediu e quando perdi minhas últimas forças, ouvir o seu chorinho. É forte e firme. Meu coração transbordou de emoção. Não sabia que o sentimento transbordaria tanto.
__ Não tem outro jeito? Quero ver o seu crescimento.
__ Não há outro jeito. __ alisou a minha face __ Ela é uma menina linda. Não se preocupe, eu a protegerei.
A deusa sumiu, então foquei meus olhos no meu maior tesouro.
__ Ela é linda Alvor. A deusa ainda está aqui?
__ Não. Preciso que se prepare.
__ Para quê? __ Questionou. Ela me encarava séria.
__ Gimle deseja machucar a minha filha, eles sabem que a minha menina está destinada a coisas grandes. __ entreguei meu bebê a Helga __ Preciso que a tire desse lugar.
__ E você? Não pode fugir agora. Está debilitada.
__ Eu não irei amiga. Essa missão é apenas sua. __ Me levantei e peguei o livro dourado das mulheres da minha família.
__ Não posso fazer isso sozinha, Alvor.
__ Claro que pode, a deusa mostrou-me. __ A abracei e lhe entreguei tudo que precisa. Juntei nossas cabeças.
__ Agradeço por esta em minha vida. Agora vá. __ lhe soltei __ No livro existe um feitiço, basta dize-lo em voz alta em frente a cachoeira de pedra.
- Feitiço! - Disse assustada. Posso ver o medo transbordando nos olhos dela, mas não tenho tempo para consolá-la.
- Isso, Helga. Agora vá. - Mandei segurando o choro.
__ Estou com medo... __ Disse chorando
__ Não fique. A deusa está com você. Quando ela completar vinte anos voltará para o nosso lar com ela.
__ Não contamos ao rei. Ele precisa saber que a menina nasceu.
__ Não há tempo Helga, precisa ir. __ Apressei não aguentando a dor em meu coração. Ela já estava saindo quando parou de repente.
__ Espera! __ pediu __ Como devo chama-la?
__ Você a chamará Liv. Ela será a proteção e o abrigo, do nosso povo. __ Declarei emocionada. Helga saiu deixando-me em prantos. Isso doe muito. Deitei na cama, sentindo-me cansada. Fechei os olhos e esperei o meu destino ser concretizado. Ouvir um barulho do lado de fora, não precisa ser um gênio para saber de quem se trata.
__ Onde ela está? __ Inquiriu furioso. Abri minhas pálpebras com um sorriso. Fitei seus olhos cruéis.
__ Bem longe daqui, nunca a encontrará.
__ É o que nós veremos. Ache a criança! __ Ordenou a um dos seus homens. Gimle é um enganador. Possui estratégias, pessoas em seu poder. Ele é um rei cruel que está criando uma guerra sem fim, com seu próprio povo. Ele descobriu sobre minha Liv, e quer matar a minha menina.
__ Por Freya que você nunca a encontrará. Seu fim está próximo. Estou pronta para ir para Walhala. __ Proferi me levantando. Ele me respondeu rindo.
__ Hoje, você estará em Hel. __ Falou maldoso. Só quem pode ir para Hel, são aqueles que não morre em batalha.
__ Não seja tolo. __ peguei a minha espada __ Cale-se, e lute como um guerreiro.
__ Por Odin, não está vendo que já está morta? __ Debochou da minha condição.
__ Se ainda estou respirando, então estou viva. Agora lute! __ Mandei partindo para cima dele. Posso estar fraca, mas ainda sou uma ótima guerreira. Gimle em um ato de crueldade, feriu a minha perna me deixando sem forças para levantar. Desisti de tentar me levantar, então me defendi da forma que dava.
__ Seu porco, sem honra! __ Exclamei furiosa.
__ Seus insultos não me atingem. Farei bem pior com a sua filha. __ Revelou. Em um golpe fatal, ele perfurou a minha barriga com a sua espada. Sentir a minha vida se esvaindo.
__ Você não venceu. Walhala estou chegando. __ Proclamei segurando a minha espada nas mãos com força. Sentir meu último suspiro esvaindo-se e tudo se apagou.
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__ Por Thor! Onde fui me meter? __ Declarei a mim mesma. Eu Helga, trabalhando para a deusa. Será que consigo? Bem, se ela disse que sim, então acredito. Eu preciso acreditar. Preciso apenas manter a calma, ou eu e a pequena Liv sofreremos. Parei em frente a cachoeira como Alvor me instruiu. Peguei o papel no livro. Respirei fundo e me preparei para ler. Não sei se dará certo, mas se isso acontecer não vai me impressionar. O interessante é que está em uma língua desconhecida, mas por algum motivo consigo entender. Terminei de ler e esperei algo acontecer. Do nada sentir um vento forte e uma luz intensa. Agarrei Liv com força, antes da luz tomar todo o nosso corpo. Fechei os olhos devido à claridade e quando os abri estava em um lugar totalmente diferente. Não há mais cachoeira, floresta. Nada. Há muitas construções estranhas.
__ Em que lugar estamos? __ Perguntei a uma pequena curiosa. Ela não parece que possui apenas horas de nascida. A pequena Liv me encarava sorrindo. Parei de observá-la quando senti um frio na espinha. Comecei a lembrar de coisas que nunca vi na vida. O conhecimento sobre o lugar. Sorri agradecida.
__ Agradeço Freya! __ olhei novamente para a pequena __ Agora sei onde estamos pequena. No Brasil, em uma civilização que ainda nem existe em nossa época. Aqui estamos seguras, ensinarei tudo que precisa.
Os olhos da pequena mudaram de cor. De azul ficaram brancos como gelo. Disse que nada me impressionava. Aí está.
__ Você é especial, acredito nisso. Agora, viveremos o nosso destino!
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Sete anos depois...
- Você tem dez segundos para descer, mocinha. __ Avisei brava. Ela gosta muito de dormir, essa é a verdade. Desconfio que o problema é a noite. Dorme tarde, por isso a dificuldade em acordar cedo.
__ Estou aqui! Estava apenas brincando tia, Helga. __ Beijou a minha face. Quando a olho assim tão feliz, me preocupo. Quando Liv crescer tudo mudará.
__ Por Freya menina, um dia tu me matas. __ Dramatizei.
__ A senhora não morrerá, não deixarei que me abandone. __ Afirmou carinhosa. Lágrimas involuntárias desceram sem a minha permissão. O povo será muito abençoado ao te-la como sua feiticeira. A chamei batendo em minhas pernas, e ela veio correndo. Encostei minha cabeça na sua, sentido o seu cheirinho. Sei que meu tempo está se esgotando, então, preciso ensina-la tudo sobre nossa cultura.
Depois que nos estabelecemos no país, chamado Brasil, descobrimos que estamos no século XXI. Estudei o país e descobri que no dia vinte e dois de abril do ano de mil e quinhentos, Pedro Álvares Cabral chegava às terras de "Vera Cruz", que mais tarde seriam chamadas Brasil. Ele chegou próximo à região de Porto Seguro, no estado da Bahia. Pedro Álvares Cabral não foi o primeiro português a pisar em solo brasileiro, acredito que muitos brasileiros não sabem disso. Na verdade, quem pisou foi Duarte Pacheco Pereira, um navegador militar. Em mil quatrocentos e noventa e oito. Ele foi designado por D. Manuel I para uma expedição secreta para reconhecer as zonas situadas além da marcação de Tordesilhas. A expedição dele partiu do arquipélago de Cabo Verde e chegou em algum ponto da costa entre o Maranhão e o Pará. A partir desse ponto, Pereira seguiu pela costa norte, até a foz do Rio Amazonas e a Ilha de Marajó. Na verdade, os brasileiros discutem se realmente o Brasil foi descoberto, já que antes de Cabral e Pereira, o país já era habitado por povos nativos desde a pré-história. Não sou brasileira, mas concordo plenamente, afinal, não se descobre algo que já foi descoberto.
O povo brasileiro é maravilhoso, hospitaleiro, gentis. Claro que não esqueço do meu povo e no quanto estão sofrendo ness
a guerra maldita. Mesmo amando tudo isso, anseio um dia retornar. E caso isso não aconteça, pedirei à minha Liv que leve minhas cinzas e espalhe sobre a cachoeira de pedra.
__ Tia Helga! Conta-me sobre a mamãe. __ Me pediu. Se ela pudesse ver o quanto são parecidas. Infelizmente na nossa época não havia fotos.|
- Sua mãe era uma guerreira muito corajosa, cheia de vida, extraordinária. Eu já lhe disse que se parece com ela fisicamente?
__ Acredito que um milhão de vezes. __ gargalhou __ Posso tentar algo tia?
__ Claro, pequena.
Liv levantou do meu colo e seguro minha cabeça de ambos os lados, fechou os olhos e se concentrou. Sentir uma energia passando pelo, o meu corpo. Vir o sorriso dela se ampliar.
__ Ela era muito linda tia. Será que um dia chegarei aos seus pés? __ Perguntou chorando. Ela está vendo minhas lembranças? Isso é excepcional. Minha Liv é uma vidente.
__ Será ainda mais bela. __ disse alisando seus longos cabelos loiros __ Agora vá escovar seus dentes, já está na hora de ir à escola.
__ Certo. Tia, hoje chegarei mais tarde, tenho Mais Educação. __ Explicou lavando sua louça. Sorriu quando lembro que descobri suas preferências por cores. Ela gosta das mesmas cores da deusa Freya. Azul, branco, verde e preto. Os animais sempre querem estar perto dela. Não sabem quantos bichos tirei de dentro de casa.
__ Já vou tia! __ Falou tirando-me dos meus pensamentos. Estava tão imersa nas lembranças que não vi quando saiu para escovar seus dentes.
__ Que os deuses a leve em segurança a seu destino! __ Abençoei. Ela beijou minha face e saiu correndo. Ela vai à escola sozinha, pois é perto de casa. Minha Liv será uma bela mulher. Anseio o dia que ela tenha a idade certa para amadurecer os seus poderes e salvar todo o nosso povo. Quando entender a magia que possui. O mundo todo passará a lhe pertencer.