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Vincenzo Vitale
Um predador de instintos aguçados nunca ataca sem antes observar atentamente sua presa.
Sei disso porque, em muitos aspectos, sou como um.
Cada movimento, cada indício de fraqueza-por menor que seja-é meticulosamente analisado por mim.
Eu observo, calculo, espero... até decidir quando atacar.
Nesse jogo, a paciência é tão letal quanto o próprio golpe.
E é por ser como um predador que, do escritório no segundo andar da boate, através da parede de vidro, eu observo, atento, a pequena sorrateira sentada no bar lá embaixo.
Uma presa muito interessante devo acrescentar.
Eu a notei no instante em que ela entrou na boate, e não tirei os olhos dela desde então.
E não é só pelo fato de ela ser linda com aquele rosto de porcelana angelical, fascinantes olhos azuis, que não tiro os meus olhos dela.
E nem por ter feito o meu pau endurecer imediatamente assim que a vi naquele fodido vestido vermelho curto e colado, o que nunca aconteceu antes só de olhar para uma mulher.
É porque, a garota é um problema.
Até mesmo uma ameaça, ainda não sei.
E não estou falando da situação do meu pau que se encontra em uma situação desconfortável da qual estou tentando me livrar.
Estou falando de um problema e ameaça para os negócios.
Começando com ela tentando inútilmente se passar por alguém que não é.
Ela está usando uma peruca loira lisa na altura do ombro, mas seu cabelo natural é castanho. Como sei disso? Porquê vi alguns pequenos fios castanhos sobressaindo da peruca perto da orelha, traindo o disfarce loiro cuidadosamente posicionado.
Esse é um detalhe que passariam despercebidos para os menos atentos, mas não para mim.
E então, tem seu comportamento. Ela está tensa desde que entrou na boate.
Ela vasculha o ambiente, tentando disfarçar o desconforto enquanto faz isso, mas, para mim, é impossível não notar cada pequeno detalhe dela e os movimentos dela.
Por que eu estou a observando.
Não sei exatamente o que ela está tramando, ou quem ela está tentando encontrar.
Mas uma coisa é certa: Ela está aqui para um propósito e não é diversão. É como se ela soubesse que está em território perigoso, e está com medo de ser pega, mas não pode recuar.
E a minha missão é descobrir qual é sua intenção é dar um fim nela.
Talvez seja mais uma jogada dos fodidos russos. Não seria a primeira vez que eles enviam uma mulher para fazer seus trabalhos sujos contra mim e minha família. Da última vez, a garota enviada por eles, passou quatro meses trabalhando de dançarina na boate enquanto vendia suas drogas de merda aos nossos clientes, espionava nossos negócios para eles, e por fim, tentou matar meu irmão Romeo no meio de uma foda.
Mais tarde naquela noite, Viktor Sokolov recebeu o corpo de Melinda, que na verdade se chamava Aisha, em uma elegante caixa com fita decorativa
e um cartão escrito por mim com o sangue dela onde eu o desafiava perguntando : Isso é o melhor que você pode fazer covarde de merda?
Ele tem tentado muito dar o seu melhor desde aquele dia.
Victor se uniu com ao maldito clube motoqueiros Ghost Wolves do Kansas e até então, os malditos já explodiram duas cargas das nossas drogas com destino ao Texas e atacaram os estabelecimentos de dois dos nossos associados. Eu revidei, é claro, mas explodir duas das principais bases dos fodidos motoqueiros com vários deles lá dentro, não deixando nada além de cinzas, e matando vários outros que encontramos depois,entre eles os homens de Victor, não foi o suficiente para satisfazer minha sede de vingança.
Se essa garota foi enviada por eles, terá o mesmo fim que Aisha e todos os outros.
"Vamos lá, pequena raposa, de me alguma pista do seu propósito.
Eu deveria ir até lá e estudá-la de perto ou pedir para alguém trazê -la para mim e descobrir suas intenções de uma vez e dar um fim nelas.
Mas,me contenho. Ainda é muito cedo para capturar a presa. Se eu fizer isso agora, qualquer que seja seus objetivos aqui, ela vai negar e eu não tenho mais nada além do fato de ela estar num disfarce e seu nervosismo para acusá -la e puni -la por ser uma espiã dos russos.
Vejo quando Sabrina, uma das bartenders, toca o ombro dela para entregar uma bebida. O gesto faz minha raposa pular no banco, assustada.
Sabrina ri e diz algo, apontando para o canto oposto do bar. Sigo sua indicação e vejo um loiro cheio de si, com um maldito sorriso presunçoso.
Ele pisca para ela e ergue o copo, esperando um convite, enquanto a devora com os olhos.
Estranho... por que consigo ouvir tão claramente o som dos ossos dos dedos dele se quebrando, um por um?
Ah, é porque é exatamente isso que vou fazer com todos os dedos do imbecil se tocar na minha presa.
Só existe um predador neste jogo, e sou eu. E além disso, o idiota vai atrasar as intenções dela e meu tempo.
Volto meu olhar para ela.
Hesitante, ela pega a bebida, olha para o cara e esboça um leve sorriso antes de erguer o copo com um aceno tímido.
Ela leva a bebida aos lábios, mas não bebe, apenas finge. É como eu imaginava - ela não está aqui para se divertir. Está se moldando ao ambiente, tentando não atrair atenção. Porém, algo no olhar que ela direciona ao sujeito chama minha atenção. Não é um interesse comum, daqueles que uma mulher demonstra por um homem. É mais calculado, quase estratégico, como se ele fosse uma peça importante em algo que ela está planejando, um meio para alcançar algum propósito.
"O que você quer, raposa?
O idiota começa a andar em direção a ela.
Meus punhos se fecham automaticamente nos bolsos da calça, e minha mandíbula endurece.
Meus instintos estão implorando para eu ir até lá, chutar o babaca pra longe dela e trazê -la para o meu escritório e acabar com isso.
Mas, minha razão diz para esperar mais um pouco.
Então, ao invés disso, ligo para Jeremy.
Quando Jeremy não tem nenhum devedor com as dívidas atrasadas para incentivá-los com muita dor e desespero para que corram para pagá-las, ele fica na sala de segurança da boate a espera que algum idiota sem amor aos ossos, façam alguma besteira.
Ele atende no primeiro toque.
- Tem uma garota loira de vestido vermelho no bar. E um idiota grudado nela.
Tire ele de perto e deixe claro que não deve se aproximar novamente. E seja discreto. - Minha voz saiu firme e minha mandíbula fica mais rígida quando o babaca se aproxima dela.
- Suspeita de uma boa noite Cinderela? - Ele pergunta, a excitação mascarada por uma calma quase cruel.
Cruel é exatamente como me sinto quando o babaca beija minha raposa na bochecha. Ela sorri quando ele se afasta, mas ele não se afasta o suficiente para seu próprio bem.
- Vicen ? - Jeremy me chama quando não respondo de imediato.
- Não. Ela é só uma garota tentando causar problemas, e eu preciso mantê-la sob controle. - Resumo rapidamente a situação, expondo minha teoria que ela pode ser uma espiã dos russos enquanto mantenho os olhos fixos na cena.
Ela está flertando com o babaca.
- Quer que eu a interrogue? - Ele quase rosna, a energia sombria em sua voz soando como uma faca prestes a cortar o silêncio.
- Não. Se for necessário, eu mesmo cuido disso. -Minha resposta é um grunhido.
- Entendido. - Ele responde, mas o tom carregado de satisfação deixa claro que ele esperava mais ação.
Encerrei a ligação e voltei minha atenção para a raposa e seu "acompanhante indesejado".
Não demora muito para Jeremy entrar em cena.
Os olhos da minha raposa se arregalaram assim que ela vê Jeremy se aproximando deles.
O que é compreensível.
Com quase dois metros de altura, vestido dos pés à cabeça de preto, sobretudo preto batendo nos joelhos e os coturnos pesados, Jeremy parece ter saído diretamente de um conto gótico, envolto em sombras, anunciando uma promessa sombria e intimidando sem nenhum esforço. Ele não precisa.
Jeremy é a própria escuridão tomando forma.
Minha presa parece com quem foi pega em flagrante fazendo algo que não deveria e está prestes a sair correndo ,mas, se recompõe. Pega o copo e finge beber um gole, se demorando com a bebida nos lábios.
Jeremy não perde tempo e vai direto ao ponto, falando com o babaca que, de repente, se encolhe como se percebesse tarde demais que tinha cruzado uma linha, mas tenta argumentar, gesticulando exageradamente. Jeremy o encara com tamanha seriedade que ele engole em seco e, em seguida, uma única frase, curta e incisiva de Jeremy é o suficiente para desmontá-lo. Sem mais questionar, o homem abaixa a cabeça e segue Jeremy como um cachorrinho.
Minha raposa assiste seu peão ir embora com uma expressão assustada, mas novamente e rapidamente, se recompõe. Ela olha ao redor, e não perco o ar desamparado cobrindo seu rosto de anjo. Emite uma respiração profunda, como se estivesse tentando se acalmar. Com um movimento nervoso, tira o celular da bolsa, olha a tela, morde os lábios, respira profundamente novamente e devolve o celular à bolsa. Deve ser uma ligação e a pessoa por trás dela é alguém que ela não quer ter que lidar agora.
Alguém querendo saber se ela conseguiu o que veio fazer?
Então, ela volta a observar ao redor, procurando, os olhos inquietos buscando algo ou alguém no meio da multidão.
Seu tempo se esgotou, pequena raposa.
Você vai me contar o que tanto procura na minha boate e vai ser agora.
No instante que tomo a decisão, a pequena raposa sorrateira foge do bar, se misturando com as pessoas na pista de dança até que não consigo mais avistá -la.
Porra.
Ligo para Jeremy.
- Encontre a garota para mim. Ela acabou de sair do bar. Não deixe que saia da boate antes que eu fale com ela.
- Descobriu algo?
- Ainda não, mas vou descobrir.
- Considere feito. - Ele desliga.
Romeo entra no escritório, suas sobrancelhas erguidas.
- Quem é a garota que Jeremy tirou das garras de Derek Donovan? O idiota veio me encher o saco, reclamando que era um absurdo ser humilhado desse jeito. - Fechando a porta, ele se joga no sofá, pega o notebook da mesinha e, em seguida, apoia os pés sobre ela.
- Não me diga que pegou aquele mauricinho de merda tentando drogar a garota? - Ele aperta os lábios rigidamente.
- Conhece o babaca?
- É um dos filhos do deputado Denis Donovan. Ele e os amigos, tão babacas quanto ele, estão na mesma faculdade do Renzo. - Ele se refere ao nosso irmão mais novo, que tem essa gente mimada e esnobe como marionetes entre os dedos, o que é vantajoso para os negócios. Graças à popularidade de Renzo na faculdade, esses jovens ricos da alta elite de Chicago transformaram a Surrender Tonight no sucesso que é.
Falando no Renzo, o vejo na área VIP. Está sentado em um dos sofás, bebida na mão, enquanto três garotas disputam sua atenção.
Sirvo-me de um pouco de uísque e explico a Romeo sobre a raposa e minhas suspeitas.
- Acha que eles a enviaram para descobrir quantos homens temos na segurança da boate para um ataque?
- É uma possibilidade.
- De qualquer maneira, se ela for mesmo uma espiã dos malditos, quero escrever o bilhete a Victor dessa vez. - Ele diz, focando na tela do notebook.
Meu celular toca.
- Achei ela. Está no banheiro. - diz Jeremy.
- Estou indo. Se ela sair antes que eu chegue aí, não a perca de vista. - Desligo e vou caçar a raposa.