Capítulo 5 A roda gigante

PV Jake Wolf

''Eu gosto da noite. Sem a escuridão, não poderíamos ver as estrelas.''

Stephenie Meyer - Crepúsculo

Atualmente

As tão sonhadas férias finalmente chegaram e para minha sorte no mesmo dia em que irei encontrar Helena. Hoje será o festival de rodeios. Sei que Helena vai porque ela me informou há algumas semanas e disse que a Annie a levará para andar na roda-gigante. E aqui estou dirigindo para Freeport, pretendo encontrá-la um pouco mais cedo do que ela espera e fazer uma bela surpresa.

Dirijo por mais trinta minutos, até finalmente chegar ao parque, rodo pelo estacionamento por vinte minutos para conseguir uma vaga. Assim que paro o carro numa vaga perto da entrada, sorte ou trapaça eu diria. Já que passei na frente de um motorista para conseguir esse privilégio. Saio do carro, aciono o alarme e ando em direção ao parque iluminado e lotado por toda parte. Caminho em direção a uma barraca de bebidas, compro uma cerveja e vou até à barraca ao lado e compro algumas fichas para tentar a sorte no tiro ao alvo, onde consigo ter uma visão perfeita da entrada.

Estou bebericando minha cerveja e observando ao redor quando Kim aparece.

- Ei, cara. - Kim me cumprimenta. Em seguida me analisa e me pergunta - Pensei que estaria aqui apenas amanhã! Como você está?

- O plano era para vir amanhã, mas decidi acompanhar o primeiro dia da festa. - Ofereço um pouco da minha cerveja a ele, que logo recusa. - Não sabia que você curte rodeios e parque de diversões.

- Não curto. Entretanto, era a carona para Evan e Lis. Acredito que a cidade inteira deve estar aqui, o que eu faria sozinho em casa? - ele me olha desconfiado - E você, o que veio fazer aqui?

- Vim encontrar, Helena - respondo e ele apenas assente.

Começamos a entrar em outros assuntos até que meu celular começar a tocar.

- Wolf - atendo.

- Aqui é a Chapeuzinho, câmbio - ela solta uma gargalhada solta do outro lado da linha - Daqui a pouco estarei aí, estou indo com a Annie. Até mais.

Helena desliga sem me deixar falar nada. Ela sempre faz isso. Um sorriso brota em meus lábios. Ela é uma menina muito sapeca.

- Esse foi o telefonema mais rápido que já vi - Kim comenta.

- Era a Helena - respondo, ainda sorrindo para a tela.

- Helena? - pergunta surpreso.

- Sim, ela disse que está vindo com a Annie.

- Annie? - ele praticamente grita.

- Sim - avalio Kim, como faço com um paciente.

Algo transpareceu em sua voz quando mencionei o nome de Annie. Me pareceu ansioso, esses dois não conseguem enganar ninguém.

- O que está acontecendo, Kim? - sondo vendo se consigo alguma coisa.

- Nada - responde rapidamente.

- Tem certeza? - pergunto desconfiado.

Acho que ele ainda não percebeu, mas está escrito em letras gritantes o que está acontecendo aqui.

- Tenho. - Kim vira o rosto na direção contrária.

Nossa conversa terminar aí, pelo menos da parte dele. Já que ele se vira e pede uma arma para tentar a sorte no tiro ao alvo. Decido terminar minha conversa também, então saio para comprar outra cerveja e uma pipoca que está chamando a minha atenção. Volto alguns minutos depois, e Kim está com um urso enorme na mão.

- Para quem vai dar o urso? - sondo matreiro.

- Para uma pessoa. Você só sabe comer e beber? - rebate.

Sei muito bem o que ele está fazendo, mas não irei insistir.

- Sim e devolve minha cerveja - respondo a sua pergunta e aproveito para pedir minha cerveja que ele acaba de roubar. Mas é muito folgado.

- Você não deveria beber, já que ficará de olho nas crianças.

- Que crianças? - especulo começando a ficar preocupado.

- Da Helena... Do Evan e da Lis.

- E por que em sã consciência eu ficaria com elas? - reviro os olhos.

Ele só pode estar ficando maluco, a única criança que eu fico, é a Helena. E ela com certeza não é "criança", provavelmente eu acabo sendo mais criança do que ela.

- Porque você se dá bem com elas. - Ele sorve um gole da bebida.

- Eu? Lógico que não. Você tá ficando doid... - tento tirar essa hipótese maluca de sua cabeça, porém, ele me interrompe.

- Eu nunca vi ninguém se dar tão bem com a Helena como você, então você é perfeito para cuidar das outras - diz.

- Mas eu... Helena... Bom eu... É diferente - como vou explicar que nós somos amigos? E que não tem nada a ver com ficar de olho numa criança.

- Como assim diferente? - pergunta confuso.

Olho para o lado, pensando se começo a explicar ou simplesmente fico com as crianças e tento reverter a situação. Rapidamente opto pela segunda opção.

- Eu cuido das crianças - concordo suspirando, nada feliz.

-Valeu, mas ainda quero saber o porquê de ser diferente com a Helena - Kim solta antes de sair e sumir pela multidão, me deixando de olhos arregalados.

Não vou me preocupar com isso agora, somos amigos com idades diferentes. Ele vai entender. Procuro por Evan e Lis por dentro do aglomerado de pessoas e não os vejo.

Com certeza eles já sumiram, não precisam de mim, penso.

Viro-me para a barraca de tiro e peço uma ficha. Vou ganhar um ursinho para minha Chapeuzinho. Atiro uma, duas e três. Acerto todas. E escolho um grande urso de gravata borboleta vermelha da cor branca. Irei dar a Helena. Seguro o ursinho debaixo do braço e olho para entrada e vejo uma loirinha, de macacão e blusinha branca correr até mim.

- Helena! - sorrio.

- Wolf. - Ela pula em meu colo e me abraça como sempre faz desde que nos conhecemos, há dois anos. - Pensei que você não poderia vir.

- Não tive nenhuma emergência hoje. Para minha sorte e a sua, entrei de férias. Então eu serei todo seu. Não te liguei porque queria fazer uma surpresa para você.

Ela sorri, me abraçando antes de descer do meu colo.

- Por onde você quer começar? - pergunto.

- Pela barraquinha de algodão-doce e depois roda-gigante - responde apontando para a barraquinha e depois para o brinquedo.

- Algodão-doce? Por que será que eu desconfiei que você diria isso, gulosa? - gracejo.

- Não sou gulosa, só gosto de comer. - Helena sorri, mostrando os seus dentes certinhos.

- Muito, nem parece que tem onze anos - completo.

- Porque não tenho. Eu tenho quase doze - pisca o olho e pega em minha mão, me puxando para a barraquinha.

Não consigo segurar o riso enquanto compro o algodão-doce. Em seguida, seguimos para a fila da roda-gigante que por sorte não está tão comprida.

- Tem certeza que quer ir aí? - indago com uma pontada de preocupação.

- Absoluta - diz sem medo na voz, e depois olha para mim. - Eu tinha me esquecido.

- De quê? - pergunto confuso.

- De que lobos têm medo de altura - comenta rindo e lhe dou um olhar zangado.

Ela está muito engraçadinha.

- Vou mostrar que eu sou um lobo único: o tipo que gosta de altura - respondo enquanto entrego o bilhete e andamos até as cadeiras, assim que nos prendem começamos a subir.

Não estou com medo por mim e sim por ela, eu amo altura. Onde trabalho costumo subir até o último andar e ficar no telhado onde consigo ver toda a cidade de Las Vegas, me sinto livre. Tenho medo que Helena não goste ou fique com medo. Contudo, acho que me esqueci que minha Chapeuzinho é diferente. Ela parece não ter medo de nada. Tão segura de si, mesmo tão pequena. Ela é diferente.

Olho em sua direção enquanto ela olha para o horizonte. Estamos no alto. É esplêndido aqui em cima e vejo pelo seu olhar que ela está encantada e alegre. E essa sua animação me faz ficar radiante feliz se é que é possível alcançar maior felicidade do que essa que sinto aqui.

                         

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